‘Baixa formação está relacionada a baixa informação’
Para o professor de ética e filosofia política do Departamento de Filosofia da Universidade Estadual de Londrina Clodomiro Bannwart, um aspecto considerado preocupante do perfil do eleitorado paranaense é com relação à escolaridade. Bannwart lembra o artigo 205 da Constituição Federal ao trazer a formação socioeducacional como fator primordial para o exercício pleno da cidadania.
“Ou seja, nós não vamos ter o exercício pleno da cidadania sem educação e formação, e os dados, infelizmente, demonstram que nós temos um deficit no processo formativo e isso consequentemente tem uma correlação direta com outro elemento, que é a informação. Com baixa formação você consequentemente tem uma baixa informação a respeito do processo de decisão, sobretudo num pleito eleitoral”, avalia.
Além disso, o professor lembra que o processo de decisão por meio do voto se torna uma questão eminentemente ética a partir do momento que tem implicações coletivas. “Ainda que a decisão seja pessoal, tem uma implicação e uma consequência coletiva, uma consequência política, um desdobramento na sociedade, portanto ela é ética, ou seja, toda a ação que implica uma consequência dentro da coletividade e não apenas meramente uma questão subjetiva e pessoal”, afirma.
Outro ponto negativo é a disparidade entre o eleitorado e os representantes, bem como os pré-candidatos, no que tange o gênero. “O voto da mulher tem um poder bastante significativo, infelizmente elas ocupam um papel muito mínimo ainda nos cargos eletivos”, diz Bannwart. No Paraná, a única candidata mulher ao governo é a atual governadora, Cida Borghetti (PP).
ELEITORADO
A aposentada Cleide Maria Guimarães, 63, decidiu ouvir os candidatos. Ela afirma que assistiu às entrevistas com os presidenciáveis realizadas por um canal de televisão por assinatura na última semana e que, pelo menos até agora, a estratégia, segundo ela, vai ser votar no “menos pior”.
“Eu acho que nenhum até agora demonstrou uma plataforma de governo, eles falam uma coisa, daqui a pouco é outra, eles não respondem as perguntas”, brinca.
Sérgio César da Silva faz parte do time que nem cogita a possibilidade de não votar. Ele afirma que costuma assistir a entrevistas e conhecer os projetos dos candidatos, entretanto, para as eleições deste ano, ainda não sabe em quem vai votar.
“Nós temos que ouvir o que eles vão falar, qual vai ser a proposta de cada um, porque não adianta ele vir e falar que vai fazer milagre”, afirma.
O motoboy Cleverson de Souza, 22, está “mais ou menos” decidido sobre quais candidatos vão receber o seu voto em outubro. Uma forma de decidir o candidato que ele julga ser interessante é por meio da conversa com amigos e familiares. “Ajuda bastante”, diz.