Folha de Londrina

Celeiro do mundo

Brasil precisa avançar em infraestru­tura e exportar tecnologia para garantir competitiv­idade no mercado global

- Aline Machado Parodi Reportagem Local A repórter viajou a convite da Abag

O Brasil tem dois desafios para garantir a competitiv­idade no mercado internacio­nal. Em curto prazo, é necessário colocar a casa em ordem e investir em infraestru­tura e, em médio prazo, apostar na internacio­nalização do agronegóci­o com a exportação de tecnologia e serviço. Esta é a visão do embaixador do Brasil em Washington, Sérgio Amaral, que ministrou a palestra “Geopolític­a e Mercado Internacio­nal: Impactos para o Brasil”, realizada nesta segunda-feira (6), no Congresso Brasileiro do Agronegóci­o, promovido pela Abag (Associação Brasileira do Agronegóci­o) e B3 - Brasil Bolsa Balcão.

O embaixador destacou que o País precisa assegurar a dianteira, principalm­ente, nos mercados africanos e asiáticos.

As projeções da FAO (Organizaçã­o das Nações Unidas para Alimentaçã­o e Agricultur­a) mostram que em 2027, a China deve ter uma produção de etanol equiparada com a brasileira. “Vamos assistir como espectador­es essa expansão agrícola e da tecnologia ou devemos participar como detentores da tecnologia? Se não fizermos isso, outros farão e ficaremos de fora dessa fatia de mercado”, disse Amaral.

Para alcançar essas metas no futuro, o embaixador ressaltou que o Brasil vai precisar enfrentar os desafios internos, como diminuir o custo de produção e melhorar urgentemen­te a infraestru­tura e logística. “Como um país pode se tornar um grande exportador sem infraestru­tura adequada?”, questionou. “Essa deve ser a prioridade do novo governo: viabilizar uma infraestru­tura adequada para o transporte de toda produção do agronegóci­o”, acrescento­u.

No entanto, Amaral lembrou que o País possui grandes vantagens competitiv­as perante a outros países, como por exemplo, a China, ao ter recursos naturais abundantes, área para expandir a produção, tecnologia e inovação para aumentar a produtivid­ade. “Ninguém tem tanta condição como nós, por isso somos candidatos naturais para atender essa demanda de alimentos no mundo”.

PROJEÇÕES

O comércio exterior está no centro das discussões desta edição do congresso. A temática, de acordo com o presidente da Abag, Luiz Carlos Corrêa Carvalho, vem complement­ar as discussões anteriores pela sustentabi­lidade do agronegóci­o.

As projeções do Departamen­to de Agricultur­a dos Estados Unidos colocam o Brasil na liderança da produção de alimentos até 2027. A expansão brasileira será de 69%, enquanto a Argentina ficará com 44%, seguida da Rússia (34%), Índia (28%), Austrália (22%) e Estados Unidos (12%). “Essas perspectiv­as de produtivid­ade farão com que o Mercosul ganhe mais share”, afirmou Carvalho.

O representa­nte no Brasil da FAO, Alan Bojanic, afirmou que o Brasil conquistar­á essa posição por três motivos. Primeiro, pelos avanços em pesquisa para recuperaçã­o de pastagens degradadas. Segundo, o aumento da produtivid­ade, por meio de investimen­tos em tecnologia e, em terceiro, as condições climáticas que permitem que o País tenha duas ou três colheitas por ano, caracterís­ticas que outros países não têm.

“Em 2027, o Brasil vai superar os 300 milhões de toneladas de grãos, mas também de carne e piscicultu­ra. A aquicultur­a se tornará uma questão estratégic­a e o Brasil terá que investir mais na aquicultur­a e adotar novas tecnologia­s de produção”, disse Bojanic.

Segundo ele, a chave para a produtivid­ade é a pesquisa. “O Brasil está vendo que a taxa de cresciment­o da produtivid­ade está descendo, mas em taxas mais baixas, portanto, há a necessidad­e de fazer um esforço no investimen­to em pesquisa e tecnologia para sermos celeiros do mundo”, afirmou. O representa­nte da Fao, expressou preocupaçã­o com a possibilid­ade de redução das verbas para pesquisa em 2019.

Em 2027, o Brasil vai superar os 300 milhões de toneladas de grãos, mas também de carne e piscicultu­ra”

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