AVANÇO TÍMIDO
Paraná apresenta crescimento de 1,5% no segmento têxtil e de 0,6% no vestuário, na contramão da indústria nacional que acumula queda
Na contramão do País, indústria paranaense fecha semestre com crescimento de 1,5% no segmento têxtil e de 0,6% no vestuário. Faturamento nacional no período foi de US$ 5,7 bilhões
As projeções do setor têxtil para os primeiros seis meses do ano não se confirmaram. A indústria brasileira encerrou o semestre com queda na produção. Os dados foram apresentados nesta quarta-feira (8) pela Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção). A produção do Paraná foi na contramão e apresentou leve alta em relação ao primeiro semestre de 2017. Em Londrina, as projeções positivas não se confirmam e o setor fechou no vermelho.
De acordo com a Abit, o setor registrava desempenho positivo até abril, mas a combinação de Copa do Mundo, greve dos caminhoneiros e retração do consumo, freou os indicadores derrubando a performance. A produção têxtil registrou queda de 0,9% de janeiro a junho e a do vestuário de -3,8%. Maio (-6,6%) e o junho (-8) foram os meses com piores desempenhos da produção têxtil. No vestuário, maio despencou 15,5%, comparado com o mesmo período do ano passado, e junho -5,1%.
“O cenário positivo não se materializou. A expectativa é tirar a diferença no segundo semestre. A expectativa do varejo é de crescimento de 3% com o Dia dos Pais”, afirmou Fernando Pimentel, presidente da Abit. Segundo ele, com a greve dos caminhoneiros o setor deixou de produzir o equivalente a quatro ou cinco dias, o que representou entre RS 1,6 bilhão a R$ 2 bilhões de perdas. “Estamos falando de perdas e não de adiamento de produção, sem falar dos impactos na confiança do consumidor”, comentou.
PARANÁ
A indústria paranaense apresentou crescimento de 1,5% no segmento têxtil e de 0,6% no vestuário. O desempenho, de acordo com a Abit, foi influenciado pelo Dia das Mães. O faturamento semestral foi de US$ 5,7 bilhões. A projeção de faturamento nacional subiu de R$ 152 bilhões para R$ 154 bilhões, mas de acordo com Pimentel, essa alta está relacionada ao câmbio e não com crescimento de vendas.
Em Londrina, a perspectiva era fechar o semestre com alta de 5% no faturamento, mas o baixo desempenho de maio e junho derrubou as projeções. O semestre encerrou com queda de 9%. “Os primeiros quatro meses estavam com tendência de crescimento, mas a greve fez com que o faturamento caísse. A expectativa é de retomada neste segundo semestre”, afirmou Alexandre Graciano de Oliveira, presidente do Sivepar (Sindicato Intermunicipal do Vestuário do Paraná).
INFLAÇÃO
Oliveira também reclamou que o setor não consegue repassar os aumentos dos custos ao preço final. “O custo da matéria-prima tem hora que sobe e depois recua, mas a indústria não está conseguindo repassar os aumentos aos preços. Ou ele (empresário) ganha em produtividade ou absorve o prejuízo”, comentou.
A inflação acumulada do varejo de dezembro de 2009 a junho de 2018 é de 49,02% e a de produção foi de 34,5%. No acumulado de 12 meses, o IPCA (índice de preço ao consumidor)do varejo foi 1,8%, enquanto que o IPP têxtil (índice de preço de produção) ficou em 7,76% e do vestuário 5,43%. O algodão teve um reajuste de 35% no primeiro semestre de 2018, antes 2017; a fibra de 20% e o filamento de 44%.
Segundo o presidente do Sivepar, a estratégia para retomar o crescimento é antecipar o fechamento dos contratos. “É hora de fazer a programação para o fim do ano. Precisamos nos antecipar e fechar os contratos para os meses que faltam e assim evitar que entre produtos importados”, disse Oliveira.
PROJEÇÃO
A projeção inicial da Abit para 2018 era de crescimento de 5%, mas com o balanço do semestre, a entidade revisou a projeção para crescimento entre 0,4 a 1%. A geração de emprego que tinha uma perspectiva de geração de 20 mil postos deve manter a estabilidade com viés de baixa.
“As projeções para 2019 estão mais positivas, pois já teremos identificadas algumas incertezas como, por exemplo, a definição do presidente com uma política mais explicita. Acreditamos em um crescimento de produção de 3%, varejo entre 3% e 4% e exportações na casa dos 7%”, especula Pimentel.
O fechamento de um acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, que deve ser definido ainda antes das eleições, pode colaborar para a consolidação das projeções para o próximo. De acordo com Pimentel, o acordo poderá beneficiar, principalmente o setor de fios de seda das regiões de Londrina e Maringá, que fornecem para grandes marcas europeias.