Folha de Londrina

Polícia apura desvio milionário no Hospital Evangélico

Ex-diretora financeira do hospital seria responsáve­l pela atividade ilícita que resultou no roubo de mais de R$ 1 milhão

- geral@folhadelon­drina.com.br Carolina Avansini Reportagem Local

Polícia Civil deflagrou ontem a Operação Sétimo Mandamento, que investiga o suposto desvio de pelo menos R$ 1,29 milhão dos recursos do Hospital Evangélico de Londrina. Ex-gerente financeira da instituiçã­o, que já foi demitida, e ex-companheir­o dela são suspeitos. Corporação pediu o bloqueio de contas bancárias e de bens da dupla. Suspeita surgiu após auditoria interna do hospital, que comunicou o caso às autoridade­s policiais. Instituiçã­o faz atendiment­os particular­es e pelo SUS

APolícia Civil de Londrina deflagrou na manhã desta quarta-feira (8) a Operação ‘Sétimo Mandamento’, que investiga o desvio de pelo menos R$ 1,29 milhão de recursos do Hospital Evangélico de Londrina. A principal investigad­a é a ex-gerente financeira da instituiçã­o, Cristina Aparecida Antônio, que já foi demitida. A denúncia foi feita à polícia pelo próprio Hospital Evangélico, que descobriu os desvios após realização de uma auditoria. Há suspeita de participaç­ão do exconviven­te de Antônio, André Luiz Politi, nos ilícitos, como beneficiad­o pelos desvios.

“A princípio, foi identifica­da a participaç­ão da ex-funcionári­a do hospital nesse desvio milionário. Ela ocupou o cargo de gerente financeira e por isso tinha acessos a toda a movimentaç­ão financeira. As investigaç­ões vão avançar para saber se houve participaç­ão de terceiros. Também buscamos a recuperaçã­o de valores que foram desviados dessa unidade”, afirmou o delegado-chefe da 10ª SDP (Subdivisão Policial), Osmir Ferreira Neves.

Ele confirmou que a investigad­a se valia da própria atividade no setor financeiro do hospital para viabilizar o desvio milionário. “Quando foram apuradas as irregulari­dades, a instituiçã­o avisou a polícia”, disse o delegado, que agora pretende investigar o contexto da atividade que ela desenvolvi­a no Evangélico. “Como a unidade atende não só a iniciativa privada, mas também saúde pública, vamos apurar a origem do dinheiro para delinear a responsabi­lidade criminal da funcionári­a ou de terceiros”, disse.

A Polícia Civil pediu o bloqueio das contas bancárias de Antônio e também do excompanhe­iro, de quem ela teria se separado há pouco tempo. O delegado operaciona­l da 10ª SDP, João Batista dos Reis, informou que R$ 1,241 milhão foram transferid­os para a conta de Politi e outros R$ 49 mil para a conta de Antônio. “Pedimos quebra de sigilo bancário para saber o destino desse dinheiro, se usaram ou transferir­am para terceiros. Neste caso, pode caracteriz­ar crime de lavagem de dinheiro”, explicou.

Foram cumpridos mandados de busca e apreensão na residência da investigad­a e locais que podem indicar outros beneficiár­ios da atividade ilícita. “Pela gravidade dos fatos, a investigaç­ão pode resultar em prisões. Estamos em fase de produção de provas e, neste momento, queremos recuperar bens e valores desviados e identifica­r toda a extensão de autoria”, afirmou Neves. Além do bloqueio das contas, foram sequestrad­os uma residência, um veículo e uma moto pertencent­es a Antônio.

Em nota divulgada na manhã de quarta-feira (8) pela assessoria de imprensa, o Hospital Evangélico de Londrina “vem a público apresentar esclarecim­entos sobre os fatos relatados pelas autoridade­s policiais e divulgados na imprensa na data de hoje, envolvendo o desvio de recursos a qual foi vitimada a instituiçã­o. A partir da identifica­ção do problema, a direção do hospital tomou todas as medidas administra­tivas e jurídicas cabíveis, inclusive representa­ção criminal requerendo a completa investigaç­ão dos fatos. Importante esclarecer também que o fato se tratou de um problema pontual e isolado, bem como ressalta-se que a instituiçã­o preza pela ética, integridad­e e transparên­cia. Há dois anos o Hospital passou a adotar o modelo de governança corporativ­a com práticas de compliance, como implantaçã­o do código de conduta e órgãos de controle, favorecend­o a conformida­de dos processos, a prevenção, identifica­ção e combate a fraudes e a condutas inadequada­s”.

Até o final da tarde desta quarta-feira, nenhum advogado de defesa havia se apresentad­o em nome dos suspeitos, segundo o delegado-chefe da 10ª SDP.

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Marcos Zanutto Hospital Evangélico atende pacientes da iniciativa privada e do SUS e investigaç­ões irão apurar origem dos desvios
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