Polícia apura desvio milionário no Hospital Evangélico
Ex-diretora financeira do hospital seria responsável pela atividade ilícita que resultou no roubo de mais de R$ 1 milhão
Polícia Civil deflagrou ontem a Operação Sétimo Mandamento, que investiga o suposto desvio de pelo menos R$ 1,29 milhão dos recursos do Hospital Evangélico de Londrina. Ex-gerente financeira da instituição, que já foi demitida, e ex-companheiro dela são suspeitos. Corporação pediu o bloqueio de contas bancárias e de bens da dupla. Suspeita surgiu após auditoria interna do hospital, que comunicou o caso às autoridades policiais. Instituição faz atendimentos particulares e pelo SUS
APolícia Civil de Londrina deflagrou na manhã desta quarta-feira (8) a Operação ‘Sétimo Mandamento’, que investiga o desvio de pelo menos R$ 1,29 milhão de recursos do Hospital Evangélico de Londrina. A principal investigada é a ex-gerente financeira da instituição, Cristina Aparecida Antônio, que já foi demitida. A denúncia foi feita à polícia pelo próprio Hospital Evangélico, que descobriu os desvios após realização de uma auditoria. Há suspeita de participação do exconvivente de Antônio, André Luiz Politi, nos ilícitos, como beneficiado pelos desvios.
“A princípio, foi identificada a participação da ex-funcionária do hospital nesse desvio milionário. Ela ocupou o cargo de gerente financeira e por isso tinha acessos a toda a movimentação financeira. As investigações vão avançar para saber se houve participação de terceiros. Também buscamos a recuperação de valores que foram desviados dessa unidade”, afirmou o delegado-chefe da 10ª SDP (Subdivisão Policial), Osmir Ferreira Neves.
Ele confirmou que a investigada se valia da própria atividade no setor financeiro do hospital para viabilizar o desvio milionário. “Quando foram apuradas as irregularidades, a instituição avisou a polícia”, disse o delegado, que agora pretende investigar o contexto da atividade que ela desenvolvia no Evangélico. “Como a unidade atende não só a iniciativa privada, mas também saúde pública, vamos apurar a origem do dinheiro para delinear a responsabilidade criminal da funcionária ou de terceiros”, disse.
A Polícia Civil pediu o bloqueio das contas bancárias de Antônio e também do excompanheiro, de quem ela teria se separado há pouco tempo. O delegado operacional da 10ª SDP, João Batista dos Reis, informou que R$ 1,241 milhão foram transferidos para a conta de Politi e outros R$ 49 mil para a conta de Antônio. “Pedimos quebra de sigilo bancário para saber o destino desse dinheiro, se usaram ou transferiram para terceiros. Neste caso, pode caracterizar crime de lavagem de dinheiro”, explicou.
Foram cumpridos mandados de busca e apreensão na residência da investigada e locais que podem indicar outros beneficiários da atividade ilícita. “Pela gravidade dos fatos, a investigação pode resultar em prisões. Estamos em fase de produção de provas e, neste momento, queremos recuperar bens e valores desviados e identificar toda a extensão de autoria”, afirmou Neves. Além do bloqueio das contas, foram sequestrados uma residência, um veículo e uma moto pertencentes a Antônio.
Em nota divulgada na manhã de quarta-feira (8) pela assessoria de imprensa, o Hospital Evangélico de Londrina “vem a público apresentar esclarecimentos sobre os fatos relatados pelas autoridades policiais e divulgados na imprensa na data de hoje, envolvendo o desvio de recursos a qual foi vitimada a instituição. A partir da identificação do problema, a direção do hospital tomou todas as medidas administrativas e jurídicas cabíveis, inclusive representação criminal requerendo a completa investigação dos fatos. Importante esclarecer também que o fato se tratou de um problema pontual e isolado, bem como ressalta-se que a instituição preza pela ética, integridade e transparência. Há dois anos o Hospital passou a adotar o modelo de governança corporativa com práticas de compliance, como implantação do código de conduta e órgãos de controle, favorecendo a conformidade dos processos, a prevenção, identificação e combate a fraudes e a condutas inadequadas”.
Até o final da tarde desta quarta-feira, nenhum advogado de defesa havia se apresentado em nome dos suspeitos, segundo o delegado-chefe da 10ª SDP.