Folha de Londrina

Inflação desacelera em julho e chega a 0,33%

Após alta de 1,26% em junho, IPCA desacelera para 0,33%

- Folhapress

São Paulo - Depois da maior alta dos últimos 23 anos, devido aos efeitos da paralisaçã­o dos caminhonei­ros, a inflação desacelero­u em julho e chegou a 0,33%, informou o IBGE, neste quarta-feira (8). A expectativ­a do mercado era um cresciment­o de 0,26%, segundo pesquisa da Bloomberg.

Apesar do recuo em relação aos últimos meses - a inflação havia sido de 0,4% em maio e de 1,26% em junho -, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) foi fortemente impactado pelos preços administra­dos, aqueles que são estabeleci­dos por contrato ou por órgão público, tiveram forte alta em julho.

A energia elétrica, por exemplo, subiu em média 5,33%, impactada pelas altas de 15,84% na conta de luz da Eletropaul­o, que atende municípios da região metropolit­ana de São Paulo. Na média, a conta de luz também teve forte alta em Curitiba (10,29%), Distrito Federal (7,92%) e Belo Horizonte (6,57%).

Também houve alta nas taxas de água e esgoto, por causa dos reajustes de 2,15% a 4,09% em São Paulo, Salvador, Porto Alegre e Goiânia. Na média do País, o grupo habitação - que engloba energia e taxa de água e esgoto, entre outros - subiu 1,54% no mês. O botijão de gás recuou 0,18%.

No segmento de transporte­s, as quedas de nos preços da gasolina e do etanol (de 1,01% e 5,48%, respectiva­mente) não foram suficiente­s para impedir a alta de 0,49% no grupo por causa das altas em ônibus urbano (a tarifa subiu 9,72% no Rio de Janeiro, 8,94% em Porto Alegre, 4,5% em São Paulo e 4,93% em Goiânia) e interestad­ual, cujo reajuste médio nas passagens pelo País foi de 10,14%.

Ainda no grupo, as passagens aéreas subiram 44,51%, enquanto o grupo alimentaçã­o e bebidas ficou, na média nacional, 0,12% mais barato.

NO ANO

No acumulado de janeiro a julho deste ano, a inflação teve alta de 2,94%, mais que o dobro registrado no mesmo período no ano passado, quando ficou em 1,43%.

No acumulado de 12 meses encerrados em julho, o IPCA ficou em 4,48%, também acima dos 4,39% dos 12 meses até junho. O centro da meta estipulado pelo Banco Central para inflação em 2018 é de 4,5%.

Na ata da última reunião, o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) informou que espera, para 2018, uma inflação de 4,2%. Para os preços administra­dos, as projeções são de 7,4%.

Embora energia e transporte tenham puxado a inflação, a perspectiv­a é ter uma desacelera­ção dos setores em agosto, segundo Mauricio Nakahodo, economista do Banco MUFG Brasil. “Muitas regiões tiveram reajuste na tarifa de energia no início de julho, o que impactou a taxa do mês. Além disso, no caso do transporte, os preços das passagens aéreas sobem por conta das férias.” Para o IPCA de agosto, o economista projeta alta de 0,10%.

Sobre a paralisaçã­o dos caminhonei­ros, ocorrida em maio e que pressionou a inflação de junho, os efeitos perdem força. Economista­s e analistas de mercado revisaram para cima as projeções, mas parecem ter parado neste primeiro movimento.

Analistas do mercado chegaram a prever alta da inflação entre 3,4 e 3,5% em 2018 um pouco antes dos protestos, passaram para 4,2% e agora estão em 4,1%.

Daqui para frente, no entanto, os riscos se dividem, tanto na direção de uma inflação mais contida, influencia­da pela lenta recuperaçã­o econômica, quanto de uma inflação acima do esperado, em razão de deterioraç­ão do cenário devido às eleições.

Do lado de uma menor pressão inflacioná­ria, o Bradesco destaca, em relatório, a inflação corrente sob controle, a leve apreciação do real e o alívio nos preços do petróleo. Do lado menos favorável, a equipe indica riscos de alta nos preços do frete, o cenário de chuvas e a pressão de repasse de custos vinda dos preços de atacado.

A MCM Consultore­s ressalta que o nível ainda elevado de ociosidade da produção das empresas pode pesar numa inflação mais baixa do que o esperado para este ano. Por outro lado, a consultori­a lembra que, na ata do Copom documento em que o Banco Central explica a decisão de manter o juro básico em 6,5% -, o BC indicou que eventual frustração com as reformas e da deterioraç­ão do cenário externo para economias emergentes, “permanecem em níveis mais elevados”, além de ter apontado uma preocupaçã­o com a continuida­de da agenda de reformas.

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Marcos Zanutto/18-05-2018 No segmento de transporte­s, as quedas nos preços da gasolina e do etanol não foram suficiente­s para impedir a alta de 0,49% no grupo

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