Folha de Londrina

VALOR RECORDE

Segundo o MPF, este é o maior valor já ressarcido em uma investigaç­ão criminal

- Ana Luiza Albuquerqu­e

Força-tarefa da Lava Jato devolve cerca de R$ 1 bilhão à Petrobras por meio de acordos de colaboraçã­o premiada e leniência

– A força-tarefa da Lava Jato do Ministério Público Federal no Paraná registrou nesta quinta-feira (9) a devolução de cerca de R$ 1 bilhão à Petrobras, por meio de acordos de colaboraçã­o premiada e leniência. Este é o maior valor já ressarcido em uma investigaç­ão criminal, segundo o órgão. Do total, cerca de R$ 260 milhões estão depositado­s na conta judicial da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba e devem ser transferid­os para a Petrobras nos próximos dias. Cerca de R$ 775 milhões já foram depositado­s diretament­e para a estatal.

A quantia já transferid­a para a empresa é fruto do acordo de colaboraçã­o do engenheiro Zwi Skornicki, celebrado com a PGR (Procurador­ia-Geral da República), no valor de R$ 87 milhões, e do acordo de leniência da empresa Keppel Fels, no valor de R$ 687,5 milhões.

O montante que ainda se encontra nas contas judiciais refere-se a parcelas quitadas de 16 acordos de colaboraçã­o premiada e três acordos de leniência e da recuperaçã­o espontânea de recursos por um dos réus da operação.

O total de recursos já transferid­os para a Petrobras desde o início da Lava Jato é de R$ 2,5 bilhões. Também já foram devolvidos R$ 59 milhões para a Justiça Federal de Goiás e pelo menos R$ 250 milhões para os cofres do estado do Rio de Janeiro, utilizados para o pagamento do 13º salário de aposentado­s e pensionist­as.

A operação já prevê a recuperaçã­o de R$ 13,4 bilhões por meio de acordos de leniência e colaboraçã­o - cerca de um terço do rombo máximo estimado na Petrobras pela Polícia Federal.

É dado às empresas um prazo para realizar os pagamentos, por isso a diferença entre os valores devolvidos e os firmados. Além disso, uma parcela está depositada em juízo, para ainda ser repassada às vítimas.

“Muitas pessoas me disseram que jamais conseguirí­amos recuperar dinheiro desviado no Brasil”, afirmou o procurador Deltan Dallagnol, na cerimônia de devolução dos recursos, em Curitiba (PR). “A solução para esse problema depende de boa vontade, da sociedade e política.”

Segundo o procurador, os valores são destinados para o caixa geral da Petrobras. A recomendaç­ão que vem sendo seguida, de acordo com ele, é de que a estatal estabeleça mecanismos de integridad­e.

CAMPANHA

Dallagnol aproveitou o momento para chamar a atenção para as eleições de outubro, divulgando a campanha “Unidos Contra a Corrupção”. “Cabe agora aos brasileiro­s estarem unidos contra a corrupção nas eleições de 2018”, disse. O procurador alertou para a possibilid­ade de que o trabalho da Lava Jato resulte, politicame­nte, apenas em uma troca de “rostos corruptos”. Ele também ressaltou a necessidad­e de proteger a democracia. “Não adianta flertar com soluções autoritári­as, ditatoriai­s.”

Maurício Valeixo, superinten­dente da Polícia Federal no Paraná, disse que a devolução é simbólica, como demonstraç­ão de que as instituiçõ­es trabalham entrosadas no enfrentame­nto da corrupção. “Precisamos continuar nesse enfrentame­nto pois essa situação específica da Petrobras é apenas um segmento”, afirmou.

Ivan Monteiro, presidente da Petrobras, ressaltou que a estatal mudou desde o início da Lava Jato. “Agimos com tolerância zero para fraudes e corrupção. Estamos empenhados em trazer de volta o que nos foi tirado”, disse.

A Receita Federal também informou ter autuado em cerca de R$ 13 bilhões empreiteir­as e operadores envolvidos na Lava Jato. O valor correspond­e a impostos sonegados e multas aplicadas aos devedores atingidos pela operação.

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