Folha de Londrina

'Estamos consumindo os últimos metros das empresas tradiciona­is'

- Mie Francine Chiba

Hoje a mudança acontece não mais de forma linear, e sim exponencia­l. Porém, nossos cérebros não estão acostumado­s a esse tipo de mudança. Logo, estamos “consumindo os últimos metros das empresas tradiciona­is”. O alerta é de Roberto Panzarani, presidente da Studio Panzarani, empresa italiana de consultori­a de inovação e autor de livros sobre o tema. Ele veio nesta quinta-feira (9) a Londrina a convite da PUCPR Campus Londrina e do Fundo Smart Value para palestra em comemoraçã­o ao primeiro aniversári­o da acelerador­a Hotmilk, da PUCPR Londrina.

Por não estarem acostumada­s a mudanças exponencia­is, as empresas não estão se dando conta da necessidad­e de mudança e inovação, diz o palestrant­e. “Elas não veem que isso pode acontecer no último momento de vida dessa empresa. Isso é muito triste porque a inovação é uma atividade de mobilizaçã­o das pessoas dentro das empresas, ter proativida­de frente ao que está acontecend­o lá fora. Porque, hoje, a mudança não é mais linear, mas exponencia­l. Então, é muito rápida e a gente não está acostumado.”

Panzarani, cuja empresa atende clientes na Itália, em Israel e nos EUA, onde tem unidades, conta que alguns entendem essa necessidad­e de inovação, outros ficam atrasados. “É quase um fenômeno de negação. ‘Até quando eu tiver o meu mercado eu não vou mudar.’ Elas vão até o último limite de lucrativid­ade, sem mudar.” A “cultura burocrátic­a funcional” é o grande obstáculo para a inovação, na opinião de Panzarani. Porém, ele observa que as empresas têm grande responsabi­lidade sobre isso, especialme­nte as grandes, que têm o recurso para fazê-lo. A omissão pode afetar até mesmo as futuras gerações. “A grande empresa tem uma chance importante, pois tem o recurso para investir. Acho que isso está muito ligado ao conceito de responsabi­lidade da inovação, porque teve a possibilid­ade de fazer e não fez. Isso vai ser um ponto estratégic­o para o futuro da empresa, mas também para o ecossistem­a onde a empresa está atuando.”

A inovação é um processo que envolve não apenas tecnologia, mas também cultura e educação para que os cidadãos possam se adaptar aos novos moldes de negócio, opina o palestrant­e. E toda a estrutura que está surgindo em torno das startups favorece o processo, principalm­ente para pequenas empresas. “É muito interessan­te criar lugares de inovação, ecossistem­as para a inovação. Uma empresa pode até investir em inovação, mas quando são pequenas, a gente precisa de uma ajuda governamen­tal, de empresas privadas que se juntam, como temos aqui (em Londrina) o exemplo. Precisamos favorecer o processo de inovação, porque somente com esse tipo de ajuda o pequeno empreended­or pode enfrentar esse momento de mudança radical que está acontecend­o no mundo.”

A “cultura burocrátic­a funcional” é o grande obstáculo para a inovação

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Roberto Panzarani, presidente de empresa italiana de consultori­a de inovação: “Precisamos favorecer o processo”

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