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‘O chefe organiza, coordena e planeja. O bom líder inspira, motiva e engaja’, diz diretor de escola de negócios
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Líder não é mais aquele que comanda, somente. O “como” e o “por quê” também devem ser levados em consideração. “O líder tem que vir com valores e propósito que levam as pessoas a serem melhores e que elevam as suas potencialidades”, explica Cesar Bullara, professor e diretor do departamento de gestão de pessoas da ISE Business School. Esse é o motivo pelo qual não se pode considerar Hitler, por exemplo, um líder, pois os meios e o propósito que moviam o ditador não eram positivos.
Ser um bom líder também tem relação com as suas atitudes e comportamentos, chamados por Bullara de “soft skills”. “Líder é aquele que tem uma visão e sabe comunicála, construir alianças, criar engajamento e, logicamente, tudo isso avalizado pela credibilidade que tem. Atua usando a autoridade que conquistou pelos soft skills, além de competência técnica.” Isso, na opinião do diretor, é o que diferencia o líder do chefe. “O chefe organiza, coordena e planeja. O bom líder inspira, motiva e engaja.”
A ISE oferece um programa de desenvolvimento de executivos (PDE) em Londrina, com formação em direção geral destinado a empresários e dirigentes com experiência na liderança de negócios e gestão de pessoas. É associada ao IESE Business School, escola de negócios espanhola. “Acho que o líder tem que passar segurança para as pessoas e ter atitude. Não adianta ficar em cima do muro. E suportar o time nas horas boas e estar junto nas horas difíceis”, opina Isabela de Oliveira, da Belagrícola, que participou do programa.
As mudanças da sociedade, que tem acesso hoje a informações de maneira muito mais rápida e global, também passaram a exigir mais de quem lidera. “Hoje todo mundo espera resultados muito rápidos, tudo para ontem. Não temos esse tempo que tínhamos no passado”, comenta Oliveira. “A cobrança pela entrega é muito mais forte, e como tudo muda muito rápido, tem que ser muito ágil nas ações para acompanhar o mercado, e isso acaba sendo exigido das pessoas.”
Nesse contexto, os líderes precisam ainda ter a habilidade de liderar pessoas, o que não é uma tarefa fácil. “O maior desafio é ter a habilidade de saber que cada pessoa é diferente e precisa de um acompanhamento diferente, e no dia a dia conseguir extrair o melhor de cada um”, completa.
Diretor da Phytobiotics, Otto Figueiró é responsável pelas operações da empresa na América Latina. Mas a parte mais complexa do seu trabalho não está nos processos, ou em traçar estratégias de operação - está em liderar pessoas, ele opina. O executivo também participou do programa da ISE. “O mais desafiador é fazer que as pessoas se movam pelo mesmo motivo, sejam incentivadas a fazer o que consideramos melhor.” São os diferentes perfis de pessoas que tornam a tarefa de liderar mais complexa, pondera Figueiró. “Ter que lidar com perfis diferentes, motivações diferentes, entender a sua equipe e a forma de gestão que vai usar, avaliando de acordo com cada funcionário e com a cultura da empresa”, completa.
NOVOS DESAFIOS
Fundado em 1964, o Moinho Arapongas passou pelo período de regulação do mercado de trigo estabelecido por um decreto-lei de 1967. Com o decreto, o moinho podia comprar e vender apenas a quantidade de trigo definida pelo governo, a preços restritos. Com a abertura do mercado, no governo Collor, o moinho passou a ter a possibilidade de crescer. Começou a investir em novos mercados, como o de macarrão, fugindo do “engessamento” que tinha até então. Mas também passou por mudanças bruscas: com o fim do preço tabelado, a empresa entrou na livre concorrência.
As mudanças no cenário de negócios trouxeram novos desafios a quem tem a responsabilidade de liderar a empresa. “Hoje estamos na livre concorrência e lógico que os desafios são muito grandes”, enfatizou Roberto Kummel, presidente do Moinho Arapongas e outro executivo capacitado pela ISE. “Isso trouxe para nós um cuidado maior na comercialização de produtos, na tomada de decisões, que são mais estudadas. Hoje o mercado é difícil, a concorrência é muito grande e o consumo é muito baixo, consequência da crise. E faz pensar mais em investimentos, que muitas vezes são investimentos para não sobrecarregar o caixa”, ele continua.
Atualmente, a empresa enfrenta outros tipos de desafios, muitos deles trazidos pela tecnologia. “A revolução tecnológica está sempre presente, desde 1964. Agora, começam a aparecer equipamentos de mais alta produtividade, economia de energia, todo dia tem evolução de empacotadoras, estocagem, ferramentas para programação de entrega, roteirização”, observa Kummel. A tomada de decisões, inclusive da melhor tecnologia a ser adotada, no entanto, é das pessoas. “O trabalho de decidir é das pessoas.”