Indústria busca eficiência energética
Empresas se esforçam para reduzir o gasto com energia e investem em projetos para diminuir o impacto dessa conta no custo de produção
Acrise econômica e os aumentos de tarifas fizeram a indústria procurar soluções para reduzir o impacto da conta de energia elétrica no custo de produção. Em junho, a Copel reajustou em 17,55% os valores para os consumidores de alta-tensão média (indústrias). O impacto da conta de luz no faturamento de empresas dos setores como metalurgia, madeira, mineração e têxtil, pode representar entre 8%a10%.
“Um aumento desses consume metade do lucro da empresa. Se ela não conseguir repassar para o mercado vai ter consumido metade do lucro. O que um aumento desses gera? Gera repasse dos preços para o mercado, gerando inflação. Ou a empresa perde lucro e acaba fechando, gerando desemprego. Essas são as duas causas perversas de um reajuste assim”, avaliou João Arthur Mohr, gerente dos conselhos temáticos e setoriais do Sistema Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná). Segundo ele, o lucro médio das empresas gira em torno de 3% do faturamento.
Nos últimos três anos, as empresas estão migrando para o mercado livre de energia, onde conseguem negociar contratos com valores entre 20% a 30% mais baratos do que no mercado cati- vo. Em 2017, o reajuste anual da tarifa da Copel para a altatensão de foi de 5,62%, mas em março daquele ano, havia tido uma redução de 12,83. Em 2016, o reajuste também foi negativo: -11,61%.
Hoje, a estimativa é de que das 75 mil ligações industriais do Estado, 5% estão no mercado livre. Para aquelas que não se encaixam nos requisitos para a migração a solução tem sido apostar em eficiência energética. Com bom planejamento egestão do consumo de energia elétrica, a empresa pode ter uma economia média entre 10% e 15%.
A troca dos motores elétricos podem representar uma redução de 5%a 7% no consumo .“O nosso par quede motores é muito antigo. Na média de 18 anos. Os motores modernos estão com nível maior de eficiência. Estamos incentivando essa troca, por meio do programa de eficiência energética para indústria da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e da Copel”, disse Mohr.
As empresas interessadas nos recursos destinados ao programa precisam participar das chamadas públicas, apresentando um projeto de melhorias. O resultado da última chamada pública foi divulgado em maio. A Copel destinou R$ 20 milhões para projetos de melhorias de instalações egestão elétrica e para iluminação pública.
INICIATIVA
A indústria de baterias automotivas Rondopar, de Londrina, conseguiu uma redução de 13% no uso de energia elétrica com uma medida aparentemente simples: otimização do motor e do compressor. “O compressor tinha um regime fixo. Instalamos um inversor, que elimina o desperdício”, explicou Roberval Hungaro Tamarozzi, gerente de produção. A empresa fez um estudo e constatou que a otimização dos equipamentos era mais viável do que a substituição por um de alto rendimento.
Outras ações adotadas foram a formação de uma equipe de trabalho para gerenciar o consumo de energia e a entrada no mercado livre. “Agora, conseguimos medir a eficiência dos equipamentos. Você precisa ter um sistema de dados para gerenciar melhor e traçar estratégias no momento certo. Com fatos e dados você consegue reparar os custos”, afirmou Tamarozzi.
A empresa investiu em torno de R$ 300 mil, recurso recuperado em menos de um ano com economia na conta de luz. A saída do mercado cativo, segundo o gerente, representou uma economia média de 20% no ano passado com gasto de luz. Este ano, está variando de 21% a 23%.
AÇÕES DO GOVERNO
O governo federal, segundo João Arthur Mohr, poderia adotar políticas públicas que reduziriam o custo da energia. A Fiep defende que 100% do valor das outorgas de concessão seja revertido ao sistema elétrico. “Hoje, este valor vai para o caixa do governo. Queremos que seja todo aplicado para reduzir o custo da energia. O governo cogita o repasse de um terço”, comentou Mohr.
A entidade também questiona os subsídios aplicados em programas como o Luz para Todos. De acordo com o gerente dos conselhos, se o governo não repassasse os valores dos subsídios para a conta de luz, as tarifas seriam mais baratas e os produtos industrializados mais competitivos. A Fiep reclama ainda da carga tributária e propõe uma alíquota de ICMS de 26% em vez de 29%.
“Antes (do reajuste de 17,55%), se você tinha uma conta de R$ 1.000, R$ 290 era de imposto (29%). Com o reajuste, você vai pagar R$ 1.170, mas continua com 29% de ICMS, ou seja, vai pagar R$ 339 de imposto”, exemplificou Mohr.
Com bom planejamento e gestão do consumo, economia média fica entre 10% e 15%