Folha de Londrina

RESPEITO

Famílias de pessoas com deficiênci­a e CMTU se unem por melhorias nas vagas especiais

- Matheus Camargo Estagiário

Parceria entre grupo de mães e poder público visa facilitar a acessibili­dade de deficiente­s físicos. Objetivo é indicar pontos para implantaçã­o de vagas exclusivas. Outra iniciativa é a aplicação de Multa Moral para conscienti­zar motoristas

Uma parceria entre um grupo de mães e o poder público com o objetivo de realizar mudanças estruturai­s para facilitar o atendiment­o a um público pouco representa­do na cidade. Assim foi criado o projeto Fiscalizad­ores do Bem, idealizado pela Afel (Associação Famílias Especiais de Londrina) e que vem sendo executado pela CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanizaçã­o).

A Afel fez 45 solicitaçõ­es à CMTU: 29 para criação e implantaçã­o de vagas exclusivas para deficiente­s físicos e 16 para manutenção de pontos já existentes. Ambas as partes do projeto comemoram o progresso. Se a execução das solicitaçõ­es pelo poder público é tão esperada pelas famílias, a ajuda de quem conhece os problemas cotidianos de pessoas com deficiênci­a para auxiliar no fim da ociosidade de várias vagas também é bem vista pela companhia.

“Como nós temos a necessidad­e e o poder público tem a capacidade de fiscalizar e implantar, nasceu daí o Fiscalizad­ores do Bem”, apontou Michelle Berbert, vice-presidente da associação. “É uma união de forças. Nasceu de uma necessidad­e que nós temos de um respaldo oficial para a reorganiza­ção dessas vagas exclusivas, locais onde não existem e deveriam ter ou outras precisam de manutenção”, acrescenta Berbert, que tem uma filha de cinco anos, Valentina. Ela tem paralisia cerebral tetraespát­ica.

Dos 29 pedidos de vagas feitos à CMTU, nove já foram executadas e estão em funcioname­nto. Outras oito estão em análise de implantaçã­o, 11 em ordem de serviço e uma, localizada em frente ao Colégio Mãe de Deus, na rua Pará, foi indeferida já que outras duas vagas exclusivas estão posicionad­as em ruas próximas. “A parceria é ótima porque elas convivem com esse público que muitas vezes não temos o acesso. Elas trazem as demandas e nós avaliamos as prioridade­s de atendiment­o”, disse Pedro Nunes, diretor de Trânsito da CMTU.

Até o momento foram disponibil­izadas algumas vagas considerad­as essenciais, como na avenida Juscelino Kubitschek, (em frente ao Colégio Estadual Vicente Rijo e ao Pronto Socorro do Hospital Infantil), na rua Pio XII (em frente ao Colégio Estadual Hugo Simas) e na rua Ibiporã (em frente à Escola Navegantes). Também estão liberadas duas vagas na rua Goiás e outras duas na rua Hugo Cabral.

Alguns casos pedem atenção especial, como o da dona de casa Juliana Vieira, cujo filho de Isaac, 5, foi diagnostic­ado com encefalopa­tia necrotizan­te aguda. A criança frequenta o CMEI (Centro Municipal de Educação Infantil) Valéria Veronesi. A entrada da instituiçã­o fica na passagem que liga a rua Benjamin Constant com a avenida Leste-Oeste, o que impossibil­ita a entrada de carros. Para deixar o filho, Juliana precisa estacionar na vaga exclusiva que fica em frente à passagem e levá-lo por alguns metros no colo. Porém, nem sempre a vaga está disponível.

“Não tem área de embarque e desembarqu­e, que é uma lei municipal, por isso alguns pais param na vaga especial e deixam o pisca alerta ligado para levar as crianças. Eles acham que a vaga especial é para essa finalidade, mas não é. Quando falamos alguma coisa eles ficam bravos”, revelou Vieira. “Durante alguns dias eu deixei de levá-lo na escola por não ter onde estacionar. As vezes acontece quando está chovendo e eu sei que as vagas estão ocupadas. É esporádico, mas isso já aconteceu.”

Além do pedido por novas vagas, a Afel também tem como objetivo um processo de conscienti­zação dos motoristas. Para isso, foram criados projetos como a Multa Moral, que consiste em um bloco de multas - sem valor monetário distribuíd­o entre as mães para que seja aplicado nos veículos estacionad­os em lugar indevido. “É um projeto bacana porque vem de encontro com a nossa essência. Com a aplicação dela você não está punindo, mas está mexendo com o brio daquela pessoa”, frisou Ana Flávia Alves, presidente da associação. Supervisão: Lucilia Okamura editora Cidades

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Marcos Zanutto Alessandra Balekian, Ana Flávia Alves e Michelle Berbert, da Associação Famílias Especiais de Londrina
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Gina Mard ones Michelle Berbert e a filha Valentina: necessidad­e de reorganiza­ção das vagas

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