Folha de Londrina

‘Foi um pesadelo’, diz goleiro que caiu da ponte de Gênova sem se ferir

Até a noite desta quinta-feira (16), o governo italiano havia registrado 41 mortes e 16 pessoas feridas

- Diana Brito Folhapress

Gênova -

“Foi tão rápido. Parecia um filme. Aquilo tudo era um verdadeiro pesadelo”, disse Davide Capello, 33, ex-goleiro profission­al italiano que conseguiu sair ileso após seu carro cair a cerca de 30 metros de altura no desmoronam­ento da ponte Morandi, em Gênova, no norte da Itália.

Mesmo em situação de risco, Capello conseguiu ligar para os bombeiros e pedir ajuda. Em seguida, falou com a namorada para dizer que estava bem. O italiano também é bombeiro e afirma que isso ajudou muito na hora de manter a calma e pedir socorro sem pânico.

“Graças a Deus estou vivo! Só digo obrigada universo”, declarou emocionado. Por telefone, Capello interrompe­u a entrevista e disse que precisa descansar fora da cidade.

A ponte desabou no final da manhã de terça-feira (14), por motivos que ainda estão sendo investigad­os - uma hipótese é que a estrutura estivesse desgastada e sem a manutenção adequada para o tráfego pesado que aguenta.

Entre bairros industriai­s da cidade portuária, a ponte está em uma estrada que liga a região à França e ao restante da Itália.

Até a noite desta quinta-feira (16), o governo italiano havia registrado 41 mortes e 16 pessoas feridas na queda da ponte Morandi.

As buscas por desapareci­dos continua. Pelo menos mais dez pessoas estavam desapareci­das até a conclusão desta edição. O ministro do Interior, Matteo Salvini, afirmou que “infelizmen­te, o saldo de mortes vai aumentar, é inevitável”.

Entre os sobreviven­tes resgatados nos escombros estão dois ucranianos, uma pessoa da República Tcheca, um romeno e dois italianos, segundo o diretor do Hospital San Martino, Pisano Stampa.

Um funeral oficial está sendo planejado para o sábado (18), em um pavilhão de feiras da cidade, e deve ser liderado pelo arcebispo Angelo Bagnasco.

Durante esta quinta (16), alguns dos 630 habitantes dos edifícios evacuados foram recolher os pertences de suas casas, escoltados pelos bombeiros. Essas casas, situadas debaixo do viaduto, foram desalojada­s até novo aviso.

Na área do desabament­o, o trabalho de busca “é perigoso porque os escombros são instáveis”, assim como a parte do viaduto que ainda de pé, explicou Emanuele Gissi, um responsáve­l do Corpo de Bombeiros. Promotores italianos abriram uma investigaç­ão para descobrir o que causou a queda da ponte de Gênova. A polícia local também abriu inquérito.

REVOGAR CONCESSÃO

Na Itália crescia o incômodo por conta da catástrofe e das falhas estruturai­s do viaduto Morandi, construído na década de 1960. O governo anunciou a sua intenção de revogar o contrato de concessão da empresa Autostrade no trecho onde está o viaduto desabado. Vários ministros exigiram, inclusive, que todas as suas con- cessões sejam revisadas.

A empresa “Autostrade per l’Italia”, que pertence ao grupo Atlantia, controlado pela família Benetton, reagiu nesta quinta destacando a seriedade de seus controles de segurança.

A companhia criticou o fato de o governo fazer anúncios “na ausência de qualquer certeza sobre as causas efetivas” do ocorrido, e avisou que a revogação de suas concessões poderia custar importante­s indenizaçõ­es ao Estado. Ela assegurou ainda que trabalha “com afinco” na reconstruç­ão do viaduto, uma obra que deve acabar “em cinco meses”.

As declaraçõe­s do Atlantia não impediram a queda em 22% de sua ação na Bolsa de Milão nesta quinta-feira.

France Presse) (Com

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Marco Bertorello/AFP Na área do desabament­o, o trabalho de busca é considerad­o perigoso devido aos escombros e à parte do viaduto que ainda está de pé

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