Folha de Londrina

Representa­ntes da cadeia produtiva debatem desafios do trigo

Evento em Maringá reúne do produtor a industriai­s na busca de soluções técnicas e de mercado para cadeia no Paraná

- Fábio Galiotto Reportagem Local

OParaná é o principal produtor de trigo do País e os moinhos locais absorvem tudo o que é colhido, revendendo metade da farinha para outros Estados. O cenário, porém, tem se mostrado desafiador para todos os elos da cadeia, principalm­ente pela influência surpresa do clima e do mercado internacio­nal. Para debater estratégia­s para a cultura nos próximos anos, empresário­s, agricultor­es, cerealista­s, revendedor­es e representa­ntes de entidades e cooperativ­as se reúnem nesta sexta-feira (17), em Maringá, no evento Safra de Trigo Paranaense 18/19 Cenários e Expectativ­as.

Organizado pelo Sinditrigo (Sindicato da Indústria do Trigo no Estado do Paraná), o ciclo de palestras abordará a situação da colheita 2018/19, ações de melhoria da qualidade do trigo, precisão da safra, impactos do mercado mundial e novas regras de compensaçã­o previstas pela Lei 13.670, que trata da reoneração da folha de pagamento. Contudo, a maior preocupaçã­o é mesmo com a situação no campo, que vem de quebras por seca e geadas no ciclo anterior e tem atrasos na colheita atual, o que gera redução nos estoques dos moinhos.

O presidente do Sinditrigo, Daniel Kümmel, afirma que ainda existe muita incerteza sobre a safra atual, com notícias que pipocam sobre quebra em várias regiões do Paraná. “Talvez tenhamos de buscar trigo fora e esse não é nosso perfil, porque o grão paranaense é de ótima qualidade”, diz.

Segundo a Previsão e Estimativa de Safras do Deral (Departamen­to de Economia Rural) da Seab (Secretaria de Estado da Agricultur­a e Abastecime­nto) do último dia 13, a seca dos últimos meses le- vou a perdas na condição do trigo em campo. Somente 55% está avaliado como bom, com 26%, médio, e 19% classifica­dos como ruim.

Por outro lado, a colheita atrasada permite que ocorra recuperaçã­o da produtivid­ade, já que 53% da safra está na fase de floração ou de desenvolvi­mento vegetativo no Estado. Outros 34% já estão em frutificaç­ão e somente 3%, em maturação, de acordo com o Deral. Mesmo assim, o órgão reduziu a projeção de safra de 3,4 para 3,1 milhões de toneladas.

Completam o cenário a valorizaçã­o do dólar frente o real e os problemas enfrentado­s também pelos agricultor­es argentinos, principais fornecedor­es no exterior dos moinhos brasileiro­s. Assim, o preço deve subir. “Nesses últimos anos, a paridade com o mercado internacio­nal tem sido prepondera­nte. O que os moinhos têm feito é ir a campo e fazer contratos diferencia­dos com os produtores, com prêmios para equilibrar”, diz Kümmel.

O presidente do Sinditrigo aposta nessa relação próxima entre os elos da cadeia para dar estabilida­de à atividade, cujo grão é segregado em ao menos cinco classifica­ções, de acordo com a qualidade e com a destinação na indústria.

DESAFIOS TECNOLÓGIC­OS

Também convidado ao debate, o gerente técnico e econômico da Ocepar (Organizaçã­o das Cooperativ­as do Paraná), Flávio Turra, afirma que o associativ­ismo entrou de cabeça no trabalho para fomentar a cultura de trigo. Ele lembra que oito cooperativ­as já têm moinhos próprios e se somam a outras 24 no recebiment­o e comerciali­zação do grão, função em que ficam com 75% de tudo o que é produzido no Estado. “Essa entrada fez com que se compromete­ssem com a triticultu­ra, buscando variedades mais produtivas e de maior qualidade, para aumentar a remuneraçã­o do produtor.”

Para Turra, o principal desafio da cadeia passa a ser justamente obter soluções tecnológic­as, para ter sementes mais adequadas ao clima da região. “Os principais pontos de estrangula­mento hoje são as doenças e pragas, que podem ser resolvidos com genética e biotecnolo­gia”, afirma.

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Marcos Zanutto/13-09-2017 O Paraná é o maior produtor de trigo do País, mas quebras por seca e geadas no ciclo anterior e atrasos na colheita atual provocam redução nos estoques dos moinhos

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