Dia D de vacinação contra pólio e sarampo
UBSs estarão abertas neste sábado para que pais levem seus filhos para vacinar; Londrina segue com baixa cobertura
Neste sábado (18) todas as UBSs (Unidades Básicas de Saúde) da zona urbana de Londrina funcionarão em plantão pela campanha nacional de vacinação contra a poliomielite e o sarampo. Iniciada no dia 6, a ação de imunização de crianças com um até cinco anos incompletos segue até dia 31 de agosto.
A fim de evitar a reinserção dos vírus que transmitem as doenças no País, o Dia D é uma oportunidade para os pais que não conseguem imunizar seus filhos no meio da semana levá-los para as aplicações das doses. Na cidade, o público alvo da campanha é de 25 mil crianças. Para o Paraná, o número é de 581.300.
Conforme a Sesa (Secretaria Estadual de Saúde), o Estado aplicou 137.888 doses contra pólio e 134.757 contra sarampo até esta quinta-feira (16), equivalente a 23,72% e 23,18% do total previsto, respectivamente.
Para a 17ª Regional de Saúde, com sede em Londrina, foram 9.296 crianças vacinadas contra poliomielite (20,6% do total previsto) e 9.235 (20,47%) contra sarampo, de uma expectativa para vacinar pouco mais de 45 mil crianças. A meta estipulada pelo Ministério da Saúde é atingir pelo menos 95% do público-alvo.
Já no município, até segunda-feira (13), foram aplicadas, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, 1.429 doses contra o sarampo e 1.480 contra poliomielite. Isso corresponde a 5,46% e 5,66% da meta prevista para Londrina, respectivamente. Números bem abaixo do esperado em comparação com outras ci- dades, como São Paulo que, em apenas um dia e meio, a campanha atingiu 15% da meta.
O secretário municipal de saúde, Felippe Machado, atribuiu a baixa cobertura vacinal em Londrina à falta de conscientização dos pais e responsáveis. “As crianças com cinco anos incompletos não têm condições de buscar uma unidade de saúde sozinha”, expôs. Machado reafirmou o risco da reinserção de doenças que já tinham sido erradicadas no País, por conta da baixa adesão na campanha. O sarampo é uma dessas. “Tivemos seis casos de óbitos por sarampo no Brasil e já tivemos casos confirmados da
doença em Estados próximos ao Paraná, como São Paulo e Rio Grande do Sul”, explicou. Ainda que, em São Paulo, o vírus não foi adquirido dentro do Estado.
Com uma ação conjunta
da Secretaria Municipal de Saúde e de Educação, alunos de 90 CEIs (Centros de Educação Infantil) e CMEIs (Centros Municipais de Educação Infantil), das 155 existentes
em Londrina, foram imunizados nas escolas. A ação foi uma estratégia para tentar reverter o quadro da cobertura vacinal.
Embora o Paraná não tenha registrado casos das doenças,
para o secretário, “se a cobertura vacinal continuar baixa assim, é questão de tempo”. Machado enfatizou que de nada vale o esforço municipal por meio de ações descentralizadas ou abrir as unidades no sábado se os pais “não tiverem a ação de protagonismo para proteger seus filhos”.
As UBSs atenderão das 9h às 17h neste sábado para crianças dessa faixa etária. A tríplice viral, que previne o sarampo, também protege contra a caxumba e a rubéola. Na campanha, é distribuído o reforço contra a paralisia infantil, que deve ser tomado mesmo que as crianças já tenham recebido “a gotinha” antes. As duas vacinas só não devem ser aplicadas em crianças imunodeprimidas, como pacientes oncológicos, e em quem realizou transplante de medula. Quem vive com o HIV também não deve ser imunizado.
IMPORTÂNCIA DA VACINA
A pediatra Maria Aparecida Azevedo ressaltou que o sarampo é uma doença infecciosa extremamente grave e que, com complicações, pode levar à morte. “Não é uma doença fraca. O sarampo pode ocasionar problemas no sistema nervoso central, complicações pulmonares e deficit de audição”, comentou. A transmissão da doença é fácil: conversar e espirrar em um ambiente fechado já é suficiente, de acordo com Azevedo.
“A pessoa pode transmitir o sarampo antes mesmo de ter o diagnóstico. Pode transmitir durante a fase de febre. Vacinar é fundamental para a prevenção”, acrescentou. A pediatra garante que os efeitos colaterais da vacinação são mínimos. “O custo-benefício é muito grande. Quanto mais crianças vacinadas, menor a circulação do vírus”, ressalta.
Anni Caroline Rocha, 24, é mãe de três crianças. Ana Laura, que tem dois anos, Heloysa, 5, e Gabriel, 7. Ela sabe a importância da imunização, mas não conseguiu vacinar sua filha na faixa etária da campanha. “Não vacinei ainda, mas vou vacinar”, contou.
No PAI (Pronto Atendimento Infantil), Rocha aguardava o atendimento de Heloysa, preocupada com as manchas vermelhas que apareceram em sua pele. “Eu saí agora do trabalho para trazê-la para o médico. Tem suspeita de sarampo pelas manchas avermelhadas que apareceram”, explicou. Heloysa não tomou a vacina. Ana Laura será vacinada neste fim de semana. “Provavelmente no sábado, é mais fácil para mim”, disse a promotora de vendas. Para a mãe, o maior complicador para vacinar as crianças é conciliar o horário de atendimento das UBSs durante um dia de trabalho. “É mais por causa do tempo”.
“Há muitas mães que têm dó de dar vacina. É melhor ter dó da picadinha do que depois ter o filho internado”, garantiu Rocha, que viu a mais nova passar 25 dias na internação por ter adquirido coqueluche. “Ela pegou e a outra também pegou porque antes do parto eu não tinha tomado a vacina”, lamentou.
A vacina para coqueluche foi disponibilizada para gestantes há quatro anos. “Se eu tivesse tomado a vacina já tinha evitado que elas pegassem. A bebê ficou até no oxigênio de tanta tosse. Para entrar lá tinha que ter sapato especial, toca, luva, tudo”, lembrou. A mãe contou à reportagem que começou a trabalhar e estava “por fora da vacinação”, mas que buscará atualizar a carteirinha dos filhos neste sábado. Para Rocha, é preocupante o fácil contágio do sarampo. “Mudei recentemente, moro em apartamento, se passar fácil , pega nos três”.
Até segunda-feira (13), em Londrina foram aplicadas 1.429 doses contra o sarampo e 1.480 contra poliomielite; meta é 25 mil