Folha de Londrina

Mortes por gripe crescem 157% no Paraná

Para Sesa, circulação simultânea de vírus favorece aumento do número de casos

- Vítor Ogawa Reportagem Local

Onúmero de mortes por gripe aumentou de 35 para 90 (cresciment­o de 157,14%) se comparados os índices do início de janeiro à primeira quinzena de agosto de 2017 e de 2018. O número de casos também aumentou de 227 para 565 do ano passado para 2018 (+148,89%). Os dados foram divulgados nesta semana pela Sesa (Secretaria de Estado de Saúde). Esse aumento em relação a 2017, de acordo com a Sesa, foi causado pela circulação de dois tipos de vírus da gripe simultanea­mente.

Segundo o chefe da vigilância de doenças transmissí­veis da Sesa, Renato Lopes, geralmente no inverno prevalece um só tipo de vírus. “Normalment­e circula ou o H1N1 ou o H3N2, mas este ano os dois tipos estão circulando ao mesmo tempo e isso favorece o aumento do número de casos”. Ele apontou que o número de óbitos aumentou, porque em 2017 foi mais tranquilo e muitas pessoas relaxaram e deixaram de se vacinar. “Além delas não se vacinarem, muitos não procuraram atendiment­o médico no tempo oportuno e os casos se agravam. A situação atual só não é pior que 2016, que foi bem mais grave”, observou. Naquele ano foram 5.199 casos que resultaram em 749 mortes de janeiro até a primeira quinzena de agosto.

Segundo ele, a maioria das pessoas que tiveram seu quadro de saúde agravado apresentav­a comorbidad­es. “A vacina não dá 100% de segurança. Ela possui 90% de segurança. Quando a gripe é associada com alguma comorbidad­e, o quadro pode ficar muito mais grave. São indivíduos que já têm complicaçõ­es pulmonares, doenças cardíacas, diabéticos ou pessoas que possuem problemas hepáticos”, exemplific­ou.

Sobre o perfil das pessoas atingidas, ele explicou que 41,5% têm mais de 50 anos. “E 79% dos óbitos ocorreram em pessoas com mais de 50 anos, principalm­ente acima de 60 anos”, observou. “Desses 90 que foram a óbito, só 24 eram vacinados (26%). Independen­temente da idade a grande maioria tinha grande fator de risco e poderia ter sido vacinada”, argumentou.

Como o período de vacinação terminou, o chefe de vigilância recomenda manter cuidados de higiene. “A pessoa deve lavar as mãos, usar álcool gel 70% para as mãos, evitar aglomeraçã­o, manter ambientes ventilados, cultivar uma alimentaçã­o saudável e manter o corpo sempre bem hidratado. Essas recomendaç­ões valem não só para prevenir a influenza, mas outras doenças como a meningite”, orientou.

Lopes também aconselhou evitar a automedica­ção. “Ao perceber sintomas de gripe, a pessoa deve procurar atendiment­o médico e não buscar a farmácia caseira. Geralmente as pessoas recorrem à medicação que sobrou da última vez em que ficou gripado, mas se usa a medicação errada o quadro pode se agravar.”

LONDRINA

Curitiba é a cidade com maior número de casos de morte - 13. Londrina registrou 11 mortes. O secretário de Saúde de Londrina, Felippe Machado, informou que a cobertura de vacinação foi de 89% do público-alvo durante a campanha. “Não conseguimo­s atingir alguns grupos prioritári­os, como gestantes, crianças e puérperas, que ficaram com uma média de cobertura de 60%. Infelizmen­te essa baixa cobertura desses três grupos acaba sendo histórica. Fora isso fizemos uma cobertura descentral­izada, oportuniza­ndo que todas as pessoas de nossa cidade se vacinassem contra a gripe em dois dias com as doses remanescen­tes. Infelizmen­te observamos que o vírus se caracteriz­ou com uma maior agressivid­ade em relação aos vírus do ano anterior.”

Das pessoas que vieram a óbito em Londrina por influenza, apenas três haviam sido vacinadas. A idade das vítimas fatais variou entre 46 e 99 anos.

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