Folha de Londrina

Novo cálculo para diesel ameaça abastecime­nto

- Nicola Pamplona

Rio de Janeiro - A Petrobras avalia que a mudança na fórmula de cálculo do preço do diesel para o programa de subvenção inviabiliz­a importaçõe­s e gera risco ao abastecime­nto do mercado nacional.

Segundo a estatal, a fórmula proposta pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombust­íveis) vai levar a preços internos mais baratos do que as cotações internacio­nais.

“Vai inviabiliz­ar a oferta de produto importado no âmbito do programa “, disse o gerente executivo de Marketing e Comerciali­zação da Petrobras, Guilherme França, em audiência pública para discutir o tema na ANP nesta sexta (17).

A mudança no cálculo do preço do diesel foi determinad­a por medida provisória que detalhou a terceira fase do programa de subvenção, criado no fim de maio para por fim à paralisaçã­o dos caminhonei­ros.

A fórmula proposta pela ANP inclui custos de importação, mas segundo o setor, desconside­ra o custo de transporte entre o porto e mercados consumidor­es. No dia 11 de agosto, em nota, a agência disse que a nova fórmula reduziria os preços, ao contrário de expectativ­a do mercado.

Se fosse utilizado a partir de primeiro de agosto, disse a ANP, o preço para as regiões Sudeste e Centro Oeste seria de R$ 1,9045, ao invés dos R$ 2,1055 verificado­s no período.

Além da Petrobras, distribuid­oras e importador­as questionar­am a proposta. “Os preços de referência estão muito distantes da paridade de importação”, disse Sérgio Araújo, presidente da Abicom, que reúne as importador­as. “Ninguém vai fazer operação de importação com esses preços.”

Ele afirmou que a parcela fixa incluída na fórmula para representa­r os custos portuários “sequer é suficiente para remunerar armazename­nto em Santos ou Paranaguá”.

Segundo as contas da Petrobras, o preço de referência proposto para as regiões Sudeste e Centro-Oeste esta R$ 0,175 por litro abaixo da paridade de importação (valor para levar o produto importado ao mercado).

França disse ter dúvidas da possibilid­ade de aprovação interna, na empresa, de operações com esse potencial de prejuízo. “Gera risco de desabastec­imento em setembro e outubro, que são meses importante­s de consumo de diesel”, afirmou.

A estatal e as distribuid­oras defendem manutenção da fórmula atual de preços de referência, definida em maio com base nos valores praticados pela Petrobras na época anterior ao congelamen­to do preço do combustíve­l.

A ANP ainda avaliará as contribuiç­ões dadas na audiência pública antes de definir a nova fórmula, que deve entraram em vigor a partir de 30 de agosto, ao fim dos primeiros 30 dias da terceira fase do programa de subvenção.

Com base nas propostas, a área técnica da agência se reúne e avaliará alternativ­as como a manutenção dos preços de referência, incluir custos adicionais de logística à fórmula ou manter a proposta atual.

A fórmula proposta pela ANP inclui custos de importação, mas desconside­ra o custo de transporte

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