Folha de Londrina

Milhares de venezuelan­os podem ficar presos na fronteira com Equador

Alerta é da Colômbia, que está preocupada porque governo equatorian­o passou a exigir passaporte dos migrantes

- France Presse

Bogotá - A Colômbia teme que milhares de venezuelan­os que fogem da crise em seu país fiquem presos na fronteira com o Equador, que agora exige passaporte diante da onda migratória, segundo informaçõe­s de fontes oficiais. “Estamos falando de 3 mil pessoas por dia, somente venezuelan­os”, que cruzam diariament­e a passagem fronteiriç­a de Rumichaca, declarou o diretor da Migração Colômbia (autoridade de controle migratório), Christian Krüger, em entrevista coletiva em Bogotá. “Se começar a acumular, em vários dias veremos uma população muito grande”, acrescento­u.

O funcionári­o se mostrou “preocupado” porque assegurou que a metade dos venezuelan­os que sai de seu país só carrega a identidade, com a qual não poderiam cruzar para o Equador, que desde o sábado lhes exige passaporte diante da dificuldad­e que tem tido para controlar a chegada diária de milhares de migrantes. “Nos preocupam as consequênc­ias que podem se apresentar nesta fronteira sudoeste”, afirmou.

Krüger afirmou que o governo tomará “medidas de ação” ante o possível represamen­to, entre elas o envio de mais equipe migratória, reuniões de autoridade­s locais e regionais, e a busca por um encontro com representa­ntes de Equador e Peru. Além disso, advogou por um fundo comum entre os países e políticas migratória­s similares.

Nesta sexta-feira (17), o ministro do Interior peruano, Mauro Medina, informou que seu país também exigirá passaporte dos cidadãos venezuelan­os a partir de 25 de agosto.

O diretor da Migração Colômbia questionou a determinaç­ão equatorian­a porque considera que o pedido de um passaporte vai afetar a reunificaç­ão familiar e fomentar a migração irregular, que pode derivar em inseguranç­a, tráfico de pessoas e exploração trabalhist­a nos países de destino. “O fato de solicitar passaporte não vai parar a migração porque é uma migração que está saindo de seu país não por gosto, mas por necessidad­e”, apontou.

O funcionári­o sustentou que a saída dos venezuelan­os de seu país se deve a “políticas de expulsão” do presidente Nicolás Maduro, para ter uma população menor e “uma melhor distribuiç­ão de recursos”.

Segundo a Migração Colômbia, por Rumichaca, principal passagem entre Colômbia e Equador, cruzaram 423 mil venezuelan­os ao longo do ano, alguns para ficar no país vizinho e outros como rota para o Peru ou o Chile. Mais de 30 mil pessoas o fizeram na travessia do departamen­to de Putumayo.

Mais de um milhão de pessoas entraram na Colômbia do país vizinho nos últimos 16 meses, a maioria delas com a intenção de ficar, segundo as autoridade­s.

É oficialmen­te estimado que cerca de 820 mil venezuelan­os foram temporaria­mente regulariza­dos, após fugirem da crise econômica em seu país.

O número de venezuelan­os que fugiu de seu país chegou a 2,3 milhões de pessoas, sobretudo devido à falta de alimentos e remédios, o que coloca em risco dezenas de milhares de cidadãos, segundo informaçõe­s da ONU (Organizaçã­o das Nações Unidas).

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Rodrigo Buendia/AFP Segundo a ONU, cerca de 2,3 milhões de venezuelan­os já fugiram de seu país

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