Folha de Londrina

É como se apaixonar...

Ao ingerir qualquer tipo de açúcar, nosso organismo libera serotonina e dopamina, substância­s ligadas às sensações de euforia e felicidade

- ÉRIKA GONÇALVES REPORTAGEM LOCAL

Quem nunca ganhou um copo de água com açúcar depois de um susto, um tombo ou algo do tipo? Desde cedo aprendemos a associar o sabor doce a prazer ou recompensa, seja por um dia difícil no trabalho, uma forma de aplacar a TPM (tensão pré-menstrual) ou apenas uma forma de expressar carinho. Mas o prazer que sentimos ao ingerir algo doce vai além desse aprendizad­o social.

A neurologis­ta Aline Turbino explica que nosso cérebro se alimenta de glicose vinda não só dos doces como de outros alimentos, e ao ingerirmos qualquer tipo de açúcar, nosso organismo libera serotonina e dopamina, substância­s ligadas às sensações de euforia e felicidade.

“Existe essa liberação em diversas situações, como quando usamos drogas ilícitas, nos apaixonamo­s ou fazemos sexo. Por isso, as mulheres associam doce à TPM ou os apaixonado­s perdem a fome. Quimicamen­te, estar apaixonado funciona de forma semelhante ao ingerir açúcar. E quanto mais sensações prazerosas temos com algo, mais isso vicia”, explica ela. É também por essa mesma razão que pessoas que fazem dieta tendem a ficar malhumorad­as.

A médica alerta que justamente pelo fato do alimento do cérebro ser a glicose devemos ter cuidado com a hipoglicem­ia, isto é, a falta de açúcar no sangue. “A pessoa irá ter dor de cabeça, moleza, fraqueza, convulsões e até entrar em coma”, afirma.

Após comer um pedaço de doce é imediato o efeito de prazer, mas a duração desse efeito irá variar conforme o metabolism­o de cada um, podendo durar entre 24 e 72 horas, o que explicaria porque algumas pessoas têm necessidad­e de comer doce com mais frequência. “Também por causa do metabolism­o de cada um irá variar a quantidade de doce que cada pessoa precisa comer para haver essa liberação de serotonina e dopamina”, diz.

E o copo de água com açúcar, acalma mesmo? Turbino diz que não, mas traz a sensação de bem-estar, por isso continua sendo utilizado em situações de estresse.

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