Folha de Londrina

CELEBRAÇÃO -

Encontro no Museu Histórico teve a participaç­ão de migrantes da Guiné-Bissau, que contaram aos visitantes sobre o país de origem

- Carolina Avansini Reportagem Local

Festa Lusófona no Museu Histórico de Londrina celebrou a cultura de países onde o português é a língua oficial. Visitantes aprenderam sobre a história e a geografia de nações como a Guiné-Bissau, terra natal de Nhin-Na Nambera, Oceano Ritche e Nelson Cabi.

Dez países ao redor do mundo possuem em comum o fato de, assim como no Brasil, falarem a língua portuguesa. A cultura dessas nações foi celebrada no domingo (19), na 3ª Festa Lusófona de Londrina. O evento foi promovido por Elos Clube e Sessão Escoteira Autônoma do Ar Orion 352 Paraná. Entidades convidadas pesquisara­m sobre geografia, história e cultura dos países para expor aos visitantes da festa. Quem passou pelo Museu Histórico de Londrina pode aprender sobre Brasil, Portugal, GuinéBissa­u, São Tomé e Príncipe, Moçambique, Cabo Verde, Angola, Timor Leste, Guiné Equatorial e a cidade-estado Macau, na China.

“Começamos a festa com o objetivo de atrair mais jovens para o Elos Clube”, conta Leozita Baggio Vieira, uma das organizado­ras do evento. Com o tempo, mais entidades se interessar­am e isso fortaleceu a ideia de preservar e divulgar as tradições de cada país.

O escotista Gustavo Marconi conta que, para os escoteiros, realizar atividades relacionad­as à cultura lusófona rende a chamada “insígnia da lusofonia”, que é concedida aos escoteiros e lobinhos que se dedicam a aprender sobre o assunto. Dentro do escotismo mundial, segundo ele, há uma ligação entre os escoteiros dos países que falam a língua portuguesa.

Além de participar de festas lusófonas, os lobinhos e escoteiros devem dedicar-se a atividades como pesquisar sobre países lusófonos e trocar cartas com escoteiros dessas nacionalid­ades. Foi o que fez o lobinho Eduardo Sato, 10, que, além de participar de outras edições do evento, trocou cartas com um escoteiro de Cabo Verde e pesquisou sobre a história desse país e também do Timor Leste. “É muito legal aprender sobre o mundo”, resume.

A coordenado­ra do Clube de Aventureir­os de Londrina contou que o grupo participou da festa expondo sobre a cultura da Guiné-Bissau. “As crianças pesquisara­m sobre o assunto e ficaram muito interessad­as”, relata. O clube trouxe para o museu três convidados especiais, os administra­dores de empresa Nelson Lourenço Cabi, 27, Oceano Biapati Quissik Na Ritche, 28 e Nhin-Na Nambe- ra, que saíram da Guiné-Bissau há quatro anos em busca de oportunida­des no Brasil.

Eles foram apoiados pela Igreja Adventista do Sétimo Dia, que colaborou para que pudessem concluir os estudos em administra­ção de empresas em Quatigá (Norte Pioneiro). Eles moram em Wenceslau Braz e vieram a Londrina especialme­nte para participar da festa e conversar com as crianças. Os três relataram que, diante da crise enfrentada por GuinéBissa­u, eles vieram ao Brasil em busca de novas oportunida­des e estão agradecido­s por poderem estudar.

Cabi, que trabalha como auxiliar administra­tivo em uma agroindúst­ria, conta que o salário mínimo no país de origem não passa de R$ 100,00. “Estando no Brasil consigo ajudar minha família. O que tenho aqui jamais seria possível por lá”, revela ele, que após terminar a graduação quer fazer mestrado no Brasil ou em Portugal.

No país de origem, Ritche, que dá aulas de inglês no Brasil, também não conseguiu estudar. Depois de concluir a graduação, ele sonha fazer uma especializ­ação nos EUA. “A crise no Brasil não é tão ruim como na Guiné-Bissau. Aqui tem energia elétrica, água e as pessoas conseguem fazer três refeições por dia. Há muitos países com famílias vivendo com menos de um dólar por dia”, lamenta.

Nambera, por sua vez, revela que teve de parar os estudos duas vezes na GuinéBissa­u por falta de recursos financeiro­s. “Tenho saudades da família e dos amigos, mas o Brasil me oferece muito mais oportunida­des”, afirma ele, que está se esforçando para estudar inglês no Canadá. “No Brasil temos acesso a livros e à internet, é mais simples aprender”, compara.

Na festa lusófona, os três estrangeir­os usaram roupas típicas e apresentar­am músicas tradiciona­is da Guiné-Bissau. “Gostamos muito de contar nossa história”, afirmam.

Aqui tem energia elétrica, água e as pessoas conseguem fazer três refeições por dia”

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Saulo Ohara Os administra­dores de empresa Nelson Lourenço Cabi, Oceano Biapati Quissik Na Ritche e Nhin-Na Nambera, que saíram da Guiné-Bissau há quatro anos, se apresentar­am em festa

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