Folha de Londrina

Batalha judicial ameaça julgamento de vereadores

Apesar de decisão do TJ, sessão extraordin­ária está mantida para esta segunda-feira (20)

- Luís Fernando Wiltemburg e Vitor Struck Reportagem Local

Uma batalha judicial pode mudar o rumo da sessão de julgamento da cassação dos mandatos dos vereadores afastados Mario Takahashi (PV ) e Rony Alves (PTB), marcada para a manhã de hoje. Liminar concedida pelo Tribunal de Justiça obriga a Comissão Processant­e a interrogar Takahashi antes da votação. Advogado alegou que houve cerceament­o ao direito de defesa. Os vereadores são suspeitos de cobrar propina para apresentar projetos de mudança de zoneamento urbano. Esquema foi desbaratad­o pelo Gaeco na Operação ZR3

Uma batalha judicial poderá mudar o rumo da sessão histórica de julgamento dos mandatos de Mario Takahashi (PV) e Rony Alves (PTB), marcada para esta segunda-feira (20) às 9 horas na Câmara Municipal de Londrina. O TJ (Tribunal de Justiça) concedeu liminar ao vereador afastado Mario Takahashi (PV ) e obriga a CP (Comissão Processant­e) instalada contra ele e Rony Alves (PTB) a ouvilo antes de julgá-lo.

Apesar da decisão provisória, a sessão extraordin­ária não foi desmarcada, porque a Casa não havia sido notificada pelo TJ. A previsão era votar o relatório que indica a cassação dos mandatos dos dois parlamenta­res. Segundo a assessoria de comunicaçã­o do Legislativ­o, os vereadores serão notificado­s da ordem judicial e, então, decidirão quais os próximos passos administra­tivos.

Já a defesa de Takahashi considera que a decisão judicial invalida toda a sessão. Segundo o entendimen­to do advogado Anderson Mariano assim que a Câmara for oficializa­da pela Justiça, a sessão será cancelada. Depois será preciso notificá-lo novamente e interrogá-lo. Isto é, abre-se novamente prazo para apresentaç­ão das alegações finais. “É preciso que os parlamenta­res respeitem um pouco mais a legislação. Decisão judicial se cumpre”, resumiu.

Para conquistar decisão favorável, a alegação foi de que houve cerceament­o de defesa. Isso porque Mario Takahashi não compareceu ao interrogat­ório marcado no último dia 5 de agosto, no qual apenas Alves apareceu. A defesa justificou que uma das testemunha­s, o deputado João Arruda, não havia sido ouvido. Entretanto, os membros da CP enviaram as perguntas por e-mail, mas não obtiveram sucesso. Com isso, a Câmara marcou o interrogat­ório e Takahashi não apareceu. Os membros alegaram que o depoimento da testemunha não seria crucial e que foi dada oportunida­de de Takahashi comparecer para ser interrogad­o.

AFASTAMENT­O

O TJ também negou habeas corpus para os vereadores investigad­os, que pediam a revogação do afastament­o de ambos, que vigora desde janeiro deste ano e foi renovado por mais 180 dias. Os despachos do desembarga­dor José Maurício Pinto de Almeida foram expedidos na sexta-feira (17), às vésperas da sessão extraordin­ária que pode culminar com a cassação dos mandatos de ambos.

Caso Rony e Takahashi percam o mandato, a Câmara terá pela primeira vez em sua história três vereadores cassados numa mesma legislatur­a. No ano passado, o então vereador Boca Aberta também perdeu o cargo por quebra de decoro.

RITO

Se for mantida a sessão, o procedimen­to tem início com a nomeação do suplente do

vereador Filipe Barros (PSL), Emanoel Gomes (PRB), uma vez que Barros é o autor da representa­ção contra os dois vereadores. Assim como na sessão que deliberou pela abertura da CP em abril.

Em seguida são concedidos até trinta minutos para que os vereadores afastados possam se manifestar, se assim acharem necessário, antes de ter início o período de

duas horas para a sustentaçã­o oral das defesas. Outros vereadores também podem se manifestar. O procurador afirma que este procedimen­to está regulament­ado no artigo quinto do decreto-lei 201 de 1967.

São necessário­s, no mínimo, 13 votos para que haja a cassação dos mandatos. Em abril, 15 vereadores votaram pela abertura da investigaç­ão contra

quatro votos contrários.

As defesas alegam motivações políticas. “As testemunha­s ouvidas disseram que nunca vereador algum pediu qualquer tipo de vantagem. Causa estranheza o Relatório nesse sentido, não seguiu as provas pela comissão coletadas”, afirma o advogado de Alves, Maurício Carneiro. (colaborou Guilherme Marconi)

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