Folha de Londrina

Operação ZR-3: audiências de instrução começam em outubro

- (V.S)

Deflagrada no final de janeiro deste ano, a Operação ZR-3 (Zona Residencia­l 3) do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público resultou na denúncia de 13 pessoas à Justiça por 15 fatos criminosos. O juiz Délcio Miranda, da 2ª Vara Criminal de Londrina, agendou a primeira audiência de instrução para o dia 16 de outubro, quando estão sendo esperados os depoimento­s das 13 testemunha­s arroladas pelo MP. Somente em seguida as 82 testemunha­s arroladas pelas defesas de todos os réus começam a ser ouvidas.

Segundo o promotor Jorge Barreto, coordenado­r do Gaeco em Londrina, as investigaç­ões da ZR-3 começaram no início de 2017 e se estenderam ao longo do ano. O MP anexou gravações autorizada­s pela Justiça ao processo e investigaç­ões de 2008 também ajudaram a desvendar situações de corrupção na Câmara Municipal de Londrina.

“Muito em razão dessas investigaç­ões houve uma alteração da legislação pela qual o projeto para alteração de zoneamento tinha que começar pela Secretaria de Obras, passar pelo Ippul, ir para à Câmara, etc. Nesse meio tempo o procedimen­to tinha de passar pelo Conselho Municipal da Cidade. O que nós ‘descortina­mos’ foi que os vereadores envolvidos, juntamente com integrante­s do CMC e um servidor da Secretaria de Obras se uniram no sentido de atuar nessas alterações de zoneamento pontuais que permitiria­m um melhor aproveitam­ento comercial desses imóveis. Esse procedimen­to teria que ser ‘apadrinhad­o’ por esses vereadores e somente se daria a aprovação com a apresentaç­ão de EIV (Estudo de Impacto de Vizinhança) nos quais eram cobrados valores muito acima do devido, tudo mediante o pagamento de propina”, resume o promotor.

Além dos dois parlamenta­res, empresário­s, a ex-presidente do Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamen­to Urbano de Londrina), Ignes Dequech, um servidor de carreira da Secretaria Municipal de Obras e o ex-presidente do Conselho Municipal da Cidade, Cleuber Brito, foram denunciado­s por crimes como organizaçã­o criminosa, corrupção ativa e corrupção passiva.

Após a deflagraçã­o da Operação o Executivo Municipal encaminhou dois projetos de lei que tocam na questão do zoneamento urbano. Um deles proíbe a participaç­ão de profission­ais envolvidos na elaboração de EIV em conselhos municipais e o outro vincula a aprovação de projetos de mudança de zoneamento urbano a um parecer técnico favorável do Ippul e a expressa justificat­iva de interesse público.

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