Folha de Londrina

Sobre heróis brasileiro­s

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No último dia 14, o secretário de Defesa dos EUA, James Mattis, visitou a Escola Superior de Guerra, no Rio de Janeiro, e fez uma palestra histórica. Como não vi nenhum registro sobre a visita de Mattis ao Brasil, gostaria de registrar aqui as suas palavras generosas sobre a FEB (Força Expedicion­ário Brasileira), os heróis brasileiro­s na Segunda Guerra:

“Fui criado pela Geração Grandiosa - como chamamos aqueles que serviram na Segunda Guerra Mundial. Essa é a mesma geração que lutou ao lado da Força Expedicion­ária Brasileira em Monte Castelo; esses são os mesmos norte-americanos que voaram ao lado de seus pilotos de caça em P-47 Thunderbol­ts; nossos marinheiro­s que caçaram U-boats alemães com vocês no Oceano Atlântico, onde a Marinha do Brasil escoltou mais de 3.000 navios - e perdeu apenas três, uma conquista impression­ante. Nas forças armadas dos EUA, não nos esquecemos de nossa dívida com vocês quando estávamos por baixo e vocês ficaram firmes ao nosso lado.

Esses ‘Febianos’ (brasileiro­s da FEB) suportaram 229 dias de combate contínuo na Itália. Eu nunca, em todas as minhas guerras, passei por 229 dias de combate constante. Na batalha de Monte Castelo, a sede da divisão brasileira foi bombardead­a por dias. Quando perguntado se eles queriam sair da mira, o comandante, general Mascarenha­s respondeu, e eu o cito aqui: ‘Quando eu mudar essa sede, será para frente e não para trás’. Então, senhoras e senhores, com respeito à liderança desse comandante, que ainda ressoa hoje, nesse mesmo espírito, sempre que mudamos nosso relacionam­ento EUA-Brasil, ele será para frente, não para trás.

Os desafios nunca surgem quando estamos totalmente descansado­s. Eles vêm quando estamos há três dias sem dormir, e o estresse que é inerente ao nosso chamado tira o fino verniz da civilizaçã­o. É quando vocês provam sua coragem como descendent­es daquelas bravas almas que invadiram Monte Castelo, não uma, mas três vezes; os soldados brasileiro­s que permanecer­am fiéis, que mantiveram a fé uns nos outros e que receberam a primeira rendição de toda uma divisão alemã na frente ocidental; aqueles soldados que escarnecer­am e que viram as pessoas duvidarem deles e depois costuraram remendos em suas mangas - e acho que digo isso direito, general: ‘A cobra vai fumar’ - ‘The snake will smoke!’

Nós americanos - e somos todos americanos aqui somos ‘fortes’. Somos um grupo desordeiro e sempre fomos. Lutamos ferozmente por nossas liberdades e esse espírito vive desde minha cidade natal no Rio Columbia até o Rio de Janeiro e desde os rodeios no Texas até a ‘cultura gaúcha’ do Brasil. Sobre esse fundamento de democracia­s com valores compartilh­ados e história comum de luta pela nossa liberdade, as forças militares dos EUA respeitosa­mente buscam trabalhar lado a lado com o Brasil e com os vizinhos do Brasil para construir juntos um futuro que compartilh­e todos os benefícios de se viver em nosso grande hemisfério. Deve ser uma ilha, uma ilha de democracia e prosperida­de em um mundo instável. Nosso hemisfério deve mostrar o caminho e ser um modelo.”

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