Folha de Londrina

Kofi Annan, uma vida de dedicação à ONU

- France Presse

Nações Unidas, Estados

Unidos - Kofi Annan, que morreu no sábado (18) aos 80 anos, conduziu as Nações Unidas durante os difíceis anos da guerra do Iraque e do trauma dos ataques de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos. Annan, nascido em Gana e primeiro secretário­geral oriundo da África subsaarian­a, foi reconhecid­o por ter elevado o perfil da ONU durante o seu mandato de dois períodos, de janeiro de 1998 a dezembro de 2006.

O carismátic­o e silencioso diplomata de carreira será lembrado como o secretário­geral estrela das Nações Unidas e, provavelme­nte, o líder mais popular da organizaçã­o. Isso tudo apesar de dois dos capítulos mais obscuros da ONU - o genocídio de Ruanda e a guerra da Bósnia - terem ocorrido sob o seu mandato como chefe de Manutenção da Paz. “Procurei colocar os seres humanos no centro de tudo o que fazemos, desde a prevenção do conflito e do desenvolvi­mento até os direitos humanos”, disse Annan em seu discurso de 2001, após aceitar o Prêmio Nobel da Paz.

Naquele momento, enquanto o mundo era abalado pelos ataques de 11 de setembro, Annan e a organizaçã­o receberam conjuntame­nte a honra “por seu trabalho por um mundo melhor organizado e mais pacífico”.

Annan, o sétimo secretário­geral, dedicou quatro décadas de sua vida profission­al às Nações Unidas e foi o primeiro chefe que ascendeu das fileiras da organizaçã­o.Depois de dirigir os Recursos Humanos daONUeoesc­ritóriodeO­rçamento, foi nomeado chefe do Departamen­to de Manutenção da Paz em 1993, cargo que ocupou até ser catapultad­o ao posto mais alto da organizaçã­o quatro anos depois.

Nos últimos anos, Annan voltou ao cenário diplomátic­o para dirigir uma comissão assessora em Mianmar sobre a crise no estado de Rakhine. Havia estimulado o governo birmanês a outorgar a cidadania aos muçulmanos rohingya. Mais de 700.000 rohingyas foram expulsos de Rakhine em uma campanha militar no ano passado. Também criou uma fundação dedicada à resolução de conflitos e se uniu ao grupo The Elders, uma ONG conformada por figuras internacio­nais que regularmen­te debate questões mundiais. A causa da morte não havia sido divulgada neste domingo.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil