Emprego tem nova retração em Londrina
Das cinco principais cidades da Região Metropolitana, apenas Ibiporã teve saldo positivo
Londrina registrou mais um mês de retração na geração de emprego e, em 12 meses, acumula quase 3 mil vagas a menos. Os dados de julho do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho, divulgados nesta quarta-feira (22), mostram o fechamento de 185 postos de trabalho na cidade. Das cinco principais cidades da Região Metropolitana de Londrina, apenas Ibiporã teve saldo positivo (13). Arapongas fechou 50 vagas, seguida de Rolândia (-17) e Cambé (-12).
O economista Ronaldo Antunes da Silva, presidente do Sindicato dos Economistas de Londrina, afirmou que o resultado negativo de Londrina reflete a estagnação dos setores de serviços e construção civil. “Londrina vem em um ritmo muito ruim nos últimos meses. Nem serviços e nem a construção civil reagem”, disse.
A cidade acumula o fechamento de 1.136 vagas de janeiro a julho e de 2.927 no acumulado de 12 meses. Só com o encerramento das atividades da empresa de call center Liq, no mês passado, foram demitidos 1.100 trabalhadores.
Em sua análise, o economista acredita que a construção civil londrinense, além dos impactos nacionais como a redução de investimentos no Minha Casa, Minha Vida, e infraestrutura, também esteja sentido efeitos locais como da Operação ZR 3 - investigação do Gaeco de suposto esquema de pagamento de para aprovação de projetos de lei de mudança de zoneamento urbano.
Em relação ao setor de serviços, ele acredita que só um investimento pontual como o visto recentemente com a chegada da indiana TCS (Tata Consultancy Services ), uma das maiores companhias de TI Tecnologia da Informação, pode refletir positivamente no resultado.
O economista não acredita que em curto prazo, a situação do emprego possa ser revertida. “Este ano acabou. Em matéria de emprego se não piorar já está bom”, comentou.
Para a professora Katy Maia, do departamento de Economia da UEL (Universidade Estadual do Paraná) a falta de incentivo na indústria se reflete no Caged. “Maringá que é menor tem um desempenho melhor por causa do incentivo à indústria”, avaliou. A Cidade Canção registrou saldo positivo de 182 empregos formais.
Ao estudar os dados do Caged em nível estadual, fica claro como o perfil de serviços e comércio impacta a geração de emprego de Londrina. “No ano, a indústria, com exceção da têxtil e da química, teve um desempenho melhor. Destaque para o setor automotivo, máquinas e equipamentos e eletroeletrônica. Setores com pouco representação em Londrina”, comentou o economista Cid Cordeiro da Silva.
Ele acredita em uma recuperação dos postos de trabalho nos próximos meses com a injeção do dinheiro do Pis/Pasep e da primeira parcela do 13º salário dos aposentados e pensionistas, que devem estimular o consumo.
PARANÁ
O Paraná encerrou julho com saldo positivo. Foram criados 2.485 postos com carteira assinadas. Construção civil (1.252), serviços (1.074), comércio (985) e extração mineral (25) puxaram a alta. Foram na contramão, a indústria de transformação (-621) e serviços industriais de utilidade pública (-151), administração pública (-27) e agropecuária (-52).
Com o saldo, o Estado registra em 12 meses crescimento de 0,83%. “O Paraná sai da variação negativa e se aproxima de uma recuperação”, comentou Cordeiro Silva. O resultado de julho está com patamar parecido do período pré-crise econômica.
Em julho de 2014, o Paraná tinha saldo de 2.683 empregos formais; em 2015, fechou com retração de 12.355 postos de trabalho; no ano seguinte fechou com saldo negativo de 5.619 vagas. E em 2017, começou a recuperação com balanço positivo de 959 contratações com carteira assinada. “Isso mostra que a economia esta crescendo um pouco mais, ainda de forma lenta, mas abaixo de quando o Estado registrava variações de 6.000 a 10.000 postos de trabalho em julho”, avaliou o economista.
CRESCIMENTO NACIONAL
O País fechou o mês de julho com a criação de 47.319 postos no mercado de trabalho, o melhor desempenho para este mês desde 2012, ano em que foram abertos mais de 142,4 mil empregos com carteira assinada. Foram abertas 1.219.187 vagas, enquanto o número de demissões foi de 1.171.868, revertendo o resultado negativo apurado em junho, quando foram fechados mais de 600 postos formais de trabalho.
De janeiro a julho, o saldo de admissões e demissões segue positivo, com a abertura de 448,2 mil novos postos. Se mantiver a tendência até o fim do ano, o Brasil terá interrompido uma sequência de três anos de queda, quando foram encerrados mais de 2,88 milhões de empregos formais, entre 2015 e 2017.
Segundo o Caged, todos os setores, com exceção do comércio e administração pública, registraram ampliação de postos de trabalho. O segmento que mais empregou em julho foi a agricultura, com a abertura de 17.455 novos postos, seguida pelo setor de serviços, que gerou um total de 14.548 empregos.
A construção civil foi responsável pela abertura de 10.063 postos, enquanto na indústria de transformação foram gerados 4.993 postos de trabalho com carteira assinada. A indústria extrativa e os serviços industriais de utilidade pública abriram 702 e 1.335 postos, respectivamente. O setor de comércio (atacadista e varejista) fechou 249 postos de trabalho ao longo do mês, enquanto na administração pública foram encerradas 1.528 postos de trabalho. (Com Agência Brasil)
Para economista, resultado reflete a estagnação dos setores de serviços e construção civil