Marin é condenado a quatro anos de prisão
Juíza americana chamou o ex-dirigente de “câncer” ao anunciar sentença em processo sobre corrupção
Nova Iorque - O ex-presidente da CBF José Maria Marin foi sentenciado nesta quarta-feira (22) a quatro anos de prisão por uma juíza federal de Nova Iorque, que o acusou de ser “um câncer” que corrompeu o esporte no Brasil e no mundo. Marin, de 86 anos, primeiro grande mandatário do futebol mundial a ser condenado e preso nos Estados Unidos em meio ao escândalo de corrupção na Fifa, “poderia e deveria ter dito não, mas em vez disso estendeu a mão e se uniu ao jogo” de aceitar propinas, declarou a juíza Pamela Chen ao anunciar a sentença.
O ex-presidente da CBF recebeu 3,3 milhões de dólares em propinas de empresas de marketing esportivo em troca da concessão de contratos para a transmissão das copas Libertadores, América e do Brasil, além de ter “buscado obter mais de 10 milhões de dólares em subornos em três anos, abusando da confiança das federações de futebol a quem deveria servir”, explicou Chen.
Além de servir quatro anos de prisão, Marin também foi condenado a pagar 1,2 milhão de dólares de multa e devolver 3,3 milhões em propinas que recebeu. Marin compareceu ao julgamento vestindo um traje de presidiário bege em vez do elegante terno que usou durante as sete semanas de julgamento, com o cabelo mais longo e a postura mais curvada.
O ex-mandatário não quis pedir perdão nem mostrou remorso, mas afirmou lamentar que seus atos tenham prejudicado algumas pessoas ou entidades. E, ao falar da esposa Neusa, com quem é casado há quase 60 anos e que estava presente durante o julgamento, Marin não conteve as lágrimas e se descontrolou.
Seus advogados e a juíza tentaram impedir que prosseguisse, mas o ex-dirigente continuou: “A herança de minha mulher e da minha família, não tirem deles seu meio de sobreviver!”, gritou, em referência às multas e restituições que terá que pagar. Marin afirmou que o futebol era seu grande amor, mas, desde que foi preso em 27 de maio de 2015 na Suíça, se tornou “um pesadelo”, tornando a vida de sua família um “inferno”.
Marin chorou no julgamento e pediu para que sua família não ficasse sem “meio de sobreviver”