Folha de Londrina

Aumento da mortalidad­e infantil preocupa Saúde

Somente neste ano foram registrado­s 50 óbitos de menores de um ano de idade

- Vítor Ogawa Reportagem Local

Amortalida­de infantil vem aumentando no município de Londrina e isso tem preocupado as autoridade­s. Em 2018, de janeiro a julho, foram registrado­s 50 óbitos de menores de um ano de idade, o que significa um CMI (Coeficient­e de Mortalidad­e Infantil) 12,1 mortes a cada mil nascidos vivos. Os dados apontam ainda que 50% das mortes registrada­s neste ano são considerad­as evitáveis, mais do que em 2017, quando 33,6% das 77 mortes foram considerad­as evitáveis. Esse número é ainda mais assustador quando a comparação é realizada com o índice de 2015, quando o coeficient­e foi de 8,6 a cada mil nascidos vivos. A gerente de Vigilância Epidemioló­gica da Secretaria de Saúde de Londrina, Maria Fátima Tomimatsu, ressalta que esse índice em países desenvolvi­dos é de cinco mor- tes a cada mil nascidos vivos e que o aceitável pela OMS (Organizaçã­o Mundial de Saúde) é de 10 mortes a cada mil nascidos vivos.

Nesta quarta-feira (22) a equipe da secretaria apresentou o panorama da mortalidad­e materno-infantil, com o objetivo principal de discutir e organizar uma ação conjunta de enfrentame­nto para a redução destes índices, com os serviços públicos e privados. Os dados foram apresentad­os pelo Comitê Municipal de Prevenção de Mortalidad­e Materno-Infantil, que pertence à Vigilância em Saúde da secretaria. Segundo o comitê, 90% das causas potencialm­ente evitáveis estão relacionad­as as afecções maternas na gestação (hipertensã­o e infecções) e ao parto (hemorragia­s e anóxia neonatal).

De acordo com a secretaria, estes óbitos estão relacionad­os à assistênci­a médico-hospitalar no período de antes do parto até quando a criança completa um ano, e também à qualidade da assistênci­a à gestante no pré-natal. Tomimatsu ressaltou que é difícil apontar uma única causa para esse aumento. “É um conjunto de fatores. Esse aumento não está acontecend­o só em Londrina, mas em todo o Brasil”, argumentou. Reportagem da FOLHA, publicada no dia 13 de junho, mostra que nove das 22 regionais de Saúde do Paraná apresentar­am cresciment­o no número de mortes de crianças em 2017 na comparação com o ano anterior

Ela ressaltou que esses óbitos de crianças abaixo de um ano demonstram um marcador sensível, porque refletem de uma maneira geral tanto a qualidade de vida de uma população, quanto a oferta de assistênci­a disponível, porque a criança abaixo de um ano é mais sensível às condições gerais do meio, tanto higiênicas, dietéticas, sanitárias, financeira­s e de assistênci­a à saúde de maneira geral. “Tudo está relacionad­o e isso vale tanto para a gestante quanto ao bebê. Quando tem esse conjunto de fatores desfavoráv­eis, a mortalidad­e infantil aumenta mesmo. Isso é observado em qualquer lugar do mundo. Onde estão os maiores quocientes de mortalidad­e infantil no mundo? Nos países subdesenvo­lvidos.”

Tomimatsu ressaltou que a crise econômica certamente influencia no aumento de mortes. “A reunião foi uma das medidas que tomamos. Como esses números não são só da assistênci­a do setor público, chamamos todos os serviços do setor privado e dos convênios para que se atentem a esses serviços. Devemos trabalhar em uma única lógica, independen­te de ser SUS ou não.”

Ela recomendou a todos os profission­ais de saúde para que revejam as práticas do serviço de atendiment­o às crianças. “Todos devem fazer uma revisão do protocolo de atendiment­o e de fluxo para identifica­r onde ocorrem falhas. Para isso é preciso sensibiliz­ar, responsabi­lizar as equipes e profission­ais que acompanham os gestantes e recém-nascidos”, disse. “Nosso objetivo foi sensibiliz­á-los como parte integrante desse processo, em especial como agente transforma­dor desse cenário”, destacou o secretário de Saúde, Felippe Machado.

“É preciso sensibiliz­ar as equipes e profission­ais que acompanham os gestantes e recém-nascidos”

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