Folha de Londrina

REVIRAVOLT­A

Ao todo, Comissão Processant­e na Câmara teve 21 mandados de segurança impetrados pelas defesas dos dois vereadores investigad­os

- Vitor Struck Reportagem Local

Nova decisão adia pela terceira vez votação de relatório que recomenda cassação de Mário Takahashi (PV ) e Rony Alves (PTB)

Asessão ordinária desta quinta-feira (23) estava prestes a começar quando mais uma decisão judicial provocou outra reviravolt­a na Comissão Processant­e que investiga a denúncia de quebra de decoro parlamenta­r contra os vereadores afastados Rony Alves (PTB) e Mário Takahashi (PV ) na Câmara Municipal de Londrina.

A sessão de julgamento do relatório favorável à cassação dos mandatos de Alves e Takahashi foi suspensa novamente ontem - pela terceira vez em uma semana - após liminar judicial concedida na noite de quarta-feira (22) em favor da defesa de Rony Alves, que havia entrado com mandado de segurança questionan­do a forma como o vereador investigad­o havia sido intimado para comparecer ao depoimento de Takahashi, prestado na terça-feira (21). Rony Alves acabou não comparecen­do à oitiva porque a defesa alegou erro de procedimen­to por parte da CP, o que segundo os advogados de Alves incorreria em cerceament­o da defesa.

Ao todo, desde a abertura da CP, em abril, para investigar o suposto envolvimen­to dos dois vereadores afastados na Operação ZR3, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado), foram 21 mandados de segurança impetrados pelas defesas de ambos. Agora, a CP ganha mais sete dias para que a denúncia seja julgada em plenário. Ou seja, é a terceira vez em uma semana que a sessão de julgamento tem que ser remarcada. A primeira suspensão ocorreu no último dia 20, após liminar concedida à defesa de Takahashi no dia 17. O prazo então foi prorrogado para até o dia 27, próxima segunda, o que se tornou inválido com a nova suspensão de ontem.

MANDADO DE SEGURANÇA

O juiz Marcus Renato Nogueira Garcia, da 2ª Vara de Fazenda Pública de Londrina, foi quem concedeu liminar ao mandado de segurança impetrado pela defesa de Rony Alves determinan­do que Mário Takahashi seja ouvido novamente pela Comissão Processant­e. O magistrado acatou o argumento da defesa em relação à forma como o advogado Maurício Carneiro, que atende Rony Alves, foi notificado para participar do depoimento de Takahashi na última terça.

O procurador jurídico da Câmara Municipal de Londrina, Miguel Aranega Garcia, explicou na tarde desta quinta-feira (23) que, logo pela manhã, a Câmara, por meio de embargos declaratór­ios, pediu esclarecim­entos ao juiz esclarecen­do sobre o risco de não ser cumprido até o dia 27 o prazo de 90 dias para que ocorresse a votação do relatório da Comissão Processant­e, conforme regimento interno da Casa.

No início da tarde veio a decisão do magistrado da 2ª Vara de Fazenda Pública determinan­do então a suspensão desse prazo. A Comissão Processant­e ganhou mais sete dias para que a denúncia seja julgada, prazo que passa a valer a partir da notificaçã­o dos dois vereadores afastados e suas respectiva­s defesas.

“Recebemos no início da tarde a notificaçã­o de que o juiz acabou por acolher os embargos dizendo que o prazo se mantém suspenso desde o dia 17 de agosto e que o ato será refeito somente porque o aviso de recebiment­o do e-mail que foi encaminhad­o para o advogado não retornou até a presenta data”, explicou

Agora a Câmara terá que notificar vereadores e advogados novamente. “Nós estamos tendo bastante dificuldad­e em localizar tanto os advogados quanto as partes, então estamos colocando no papel, efetivamen­te com esta suspensão, os dias que o advogado informou que não há a possibilid­ade de estar aqui em Londrina e também casando estas datas com as datas viáveis para a Comissão para que possamos reabrir os trabalhos já com essa segurança de notificaçã­o”, afirmou Aranega.

CUSTO PARA A CÂMARA

Na movimentaç­ão anterior relatada no mandado de segurança, o advogado Maurício Carneiro lembrou que a Câmara apresentou cópia do e-mail enviado às 15 horas e 29 minutos da tarde do dia 20 de agosto para comparecim­ento no dia seguinte, às 15 horas e 30 minutos, ou seja, com mais de 24 horas de antecedênc­ia.

Já o procurador afirmou que o e-mail foi informado por Carneiro justamente para fins de notificaçõ­es. “Nós recebemos até um documento da parte dizendo que recebia notificaçõ­es por este (endereço) e-mail, o problema foi com a resposta do recebiment­o deste e-mail”, disse Aranega, acrescenta­ndo que desde que a CP foi aberta já foram 21 mandados de segurança apresentad­os pelas defesas dos dois vereadores.

“Toda a notificaçã­o tem um custo para a Câmara Municipal de Londrina e não é baixo, até porque a servidora tem que sair do seu local de trabalho, se deslocar com o carro da Câmara até as residência­s dos vereadores e escritório­s dos advogados e muitas vezes isto resultou infrutífer­o, e sabendo que eles são vereadores da Casa, ainda compõem esta casa, só há um impediment­o judicial que os impede de exercer o cargo”, explicou Aranega.

Nesta semana, Mário Takahashi negou que sua defesa esteja realizando “manobras” para protelar o julgamento, mas sim buscando segurança jurídica já que acredita na própria inocência. “Para no final da votação ninguém questionar a nulidade de uma Comissão Processant­e”, afirmou Takahashi.

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Marcos Zanutto Julgamento de Rony Alves e Mário Takahashi na Câmara será remarcado após ambos serem ouvidos novamente pela CP

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