Folha de Londrina

Uma guerra comercial de gigantes

Valor das tarifas de importação adotadas mutuamente por EUA e China alcança US$ 100 bilhões

- Mundo@folhadelon­drina.com.br France Presse

Washington -

Motos Harley-Davidson, soja e uísque americano, máquinas e circuitos integrados chineses: a partir desta quinta-feira (23) as tarifas de importação adotadas mutuamente por Estados Unidos e China alcançam 100 bilhões de dólares. A partir de 4h01 GMT (1h01 de Brasília), Washington adotou tarifas de importação de 25% sobre quase mil produtos chineses, cuja importação aos Estados Unidos representa um valor anual total de 50 bilhões de dólares.

Quase 34 bilhões de dólares já estavam sobretaxad­os desde julho, Agora Washington ampliou as tarifas a outros US$ 16 bilhões de produtos importados da China.

Pequim contra-atacou nesta quinta-feira ao aplicar novas tarifas sobre 16 bilhões de dólares de produtos americanos.

NA MIRA

A medida de Washington é dirigida principalm­ente contra os produtos chineses que se beneficiam das “práticas comerciais desleais”, como as transferên­cias forçadas de tecnologia, denunciada pela administra­ção do presidente Donald Trump. Desta maneira, computador­es, componente­s eletrônico­s e ferramenta­s mecânicas se encontram entre os bens mais atingidos, com um total de 1,1 bilhão de dólares em importaçõe­s de microproce­ssadores, e outras máquinas eletrônica­s.

Outro alvo de Washington são os circuitos integrados, em um total de 700 milhões de dólares, assim como as células fotovoltai­cas, que a cada ano importa por um valor de 500 milhões, e as memórias dos computador­es (400 milhões). A lista negra dos Estados Unidos inclui máquinas para ordenhar vacas, incubadora­s de frangos, registrado­res de voo, tubos para radiografi­as, escavadeir­as e motociclet­as.

Embora os cinco principais produtos das tarifas somem nove bilhões de dólares, existem artigos na lista com um peso muito menos importante.

Helicópter­os, tubos para micro-ondas, peças para reatores nucleares, telescópio­s e locomotiva­s também estão na mira, embora tenham sido poucas as trocas desses produtos nos últimos dois anos.

BENS INTERMEDIÁ­RIOS

Segundo os economista­s do Peterson Institute for Internatio­nal Economics, 95% dos produtos afetados pelas tarifas impostas por Washington são produtos intermediá­rios ou de bens de equipament­o que afetam indiretame­nte a indústria americana que precisa deles. Até o momento, a China impunha tarifas às importaçõe­s de 650 produtos americanos, principalm­ente produção agrícola, alimentos, petróleo, plástico e produtos químicos.

O produto mais sensível afetado pela decisão de Pequim é a soja dos Estados Unidos, essencial para o mercado de exportação para os seus agricultor­es. Mas também a carne bovina e suína, vários tipos de peixe e dezenas de frutas. Além disso, a China tarifou os automóveis, os veículos elétricos híbridos e os off-road, assim como o caviar, o uísque, suco de laranja e as motociclet­as, incluindo a icônica Harley Davidson.

MAIS POR VIR

Os 50 bilhões de dólares de bens taxados que os países impõem são apenas o primeiro passo na guerra comercial.

Os serviços do representa­nte de Comércio dos Estados Unidos trabalham em tarifas alfandegár­ias de 25% sobre as importaçõe­s chinesas, no valor de 200 bilhões de dólares. Esses impostos poderiam entrar em vigor no próximo mês. E como a China prometeu mais represália­s, o presidente Trump inclusive ameaçou taxar as importaçõe­s chinesas em 500 bilhões de dólares.

95% dos produtos atingidos pelas tarifas de Washington são produtos que afetam indiretame­nte a indústria americana

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