Folha de Londrina

Com crise, rotativida­de nas empresas cai ao menor nível em oito anos

Pesquisa de recursos humanos aponta que 26,6% dos trabalhado­res paranaense­s saíram do emprego em 2017 e que situaÁão econômica tem forte influência no resultado

- Fábio Galiotto Reportagem Local

Oíndice de rotativida­de em médias e grandes empresas do Paraná atingiu o menor nível em 2017 na comparação com os últimos oito anos, muito por fruto da crise econômica nacional. A demissão de funcionári­os represento­u 26,6% no ano passado, abaixo dos 29,5% de 2016, segundo o 10º Benchmarki­ng Paranaense de Recursos Humanos 2018, divulgado na última terça-feira (21) e produzido pela Bachmann & Associados e pela ABRH (Associação Brasileira de Recursos Humanos).

Apesar de ser produzido para orientar empresas sobre a própria gestão de RH em relação às concorrent­es da mesma atividade, o estudo anual acabou prejudicad­o pela situação do mercado de trabalho. De acordo com números do Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvi­mento Econômico e Social), depois de abrir 41 mil vagas em 2014, o Estado fechou 75,5 mil em 2015 e 59,8 mil em 2016. O indicador voltou a ficar positivo no ano passado, com 12,1 mil novos contratado­s.

O coordenado­r da pesquisa, Dórian Bachmann, afirma que até mesmo a coleta de dados foi dificultad­a. “O número de empresas ativas diminuiu, porque algumas fecharam, e outras fecharam o departamen­to de RH e passaram a ter apenas um contador, um corte que é prejudicia­l para a gestão.”

Ele reconhece que a questão econômica é a maior causa da permanênci­a do funcionári­o no emprego. “Tivemos uma redução grande na geração de vagas em 2014 e os números de fechamento dos anos seguintes foram catastrófi­cos. Se as pessoas não têm para onde ir, não trocam de empresa e tomam mais cuidado com o absenteísm­o”, diz o coordenado­r da pesquisa, ao citar o menor percentual de faltas em 2016 e 2017.

Professora de economia da UEL (Universida­de Estadual de Londrina) e especialis­ta em trabalho e inovação, Katy Maia afirma que uma das causas da rotativida­de é que os funcionári­os buscam melhores empregos, salários e condições, mas que isso depende de um mercado aquecido. “Se a rotativida­de baixou, isso também tem um quê de preocupant­e. Hoje, ninguém arrisca largar o emprego para buscar algo melhor e a criativida­de do funcionári­o é prejudicad­a, porque pode estar insatisfei­to por medo do desemprego.”

Ela considera que o momento é de desemprego involuntár­io, que ocorre porque a empresa precisa demitir para continuar a existir ou porque fechou as portas. “Em 2017 ainda tínhamos, e temos hoje ainda, uma alta taxa de desemprego e isso implica em baixa rotativida­de”, cita Maia.

A expectativ­a é que o mercado melhore em 2018. “Com a retomada na geração de empregos, como tivemos no primeiro semestre no Paraná, o ambiente muda e a empresa precisa buscar formas de manter as equipes para que os números de rotativida­de não se degradem como antigament­e”, afirma o coordenado­r da pesquisa.

GESTÃO

Por outro lado, Bachmann afirma que há dados que mostram a evolução do trabalho de RH das empresas, como o aumento da permanênci­a do empregado no trabalho após os 90 dias de experiênci­a. “Um a cada cinco ia embora da empresa antes de 90 dias, antes de gerar receita para a empresa pelo treinament­o ofertado, mas a qualidade do recrutamen­to aumentou e chegou a um a cada dez em 2017”, diz.

Outro indicador destacado por ele é a redução da taxa de frequência de acidentes com afastament­os de 6,88 trabalhado­res por milhão de horas trabalhada­s, o menor da série. “Era um número que vinha caindo aos poucos, mas que teve queda expressiva em 2017, o que não tem influência de fatores externos e, sim, da gestão na área. A preocupaçã­o com as dificuldad­es econômicas poderiam até tirar a atenção do trabalho e causar acidentes”, sugere Bachmann.

A pesquisa analisou a situação de 156 organizaçõ­es, com um total de 142,4 mil empregados formais, ou 4,7% dos 3,013 milhões de trabalhado­res formais no Estado no ano passado.

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