Folha de Londrina

John McCain abandona tratamento de câncer

- France Presse

Washington

- O senador John McCain, importante figura da vida política americana, decidiu abandonar o tratamento contra um câncer no cérebro detectado há um ano.

A família do senador republican­o de 81 anos fez o anúncio desta decisão por meio de um comunicado, provocando uma avalanche de mensagens de simpatia aos Estados Unidos. Ele era tratado desde julho de 2017 de um glioblasto­ma, uma forma agressiva de câncer com baixa taxa de sobrevida.

“Há um ano, John superou as expectativ­as de sobrevida, mas o avanço da doença e o envelhecim­ento inexorávei­s deram seu veredicto. Com sua habitual determinaç­ão, ele decidiu por fim a seu tratamento médico”, escreveu a família McCain.

O texto não informa sobre o atual estado de saúde do congressis­ta, mas o abandono do tratamento significa que o paciente perdeu toda a esperança de cura.

McCain, um herói da guerra do Vietnã, é senador republican­o pelo Estado do Arizona e disputou as primárias para uma indicação à disputa presidenci­al em 2000, perdendo para George W. Bush.

“Se desistir do tratamento, provavelme­nte terá apenas algumas semanas de vida”, explicou John Boockvar, especialis­ta em tumores cerebrais do Hospital Lenox Hill, que não tratou John McCain pessoalmen­te.

O médico ressalta que o tempo de sobrevida habitual após o diagnóstic­o de glioblasto­ma é de 12 a 15 meses. Nesse ponto, os pacientes percebem que o tratamento não é mais eficaz e passam para os cuidados paliativos.

Há meses, amigos e colegas o visitam para se despedir, sabendo que o fim se aproxima.

John McCain não renunciou ao Senado, mas não comparecia às sessões desde dezembro de 2017. Apenas algumas fotos, em sua casa ou passeando, foram publicadas desde seu diagnóstic­o.

Apesar da doença, ele se manteve relativame­nte ativo politicame­nte. Em 2017, ele desafiou o presidente Donald Trump, por quem jamais escondeu seu desprezo, votando contra a sua reforma da saúde.

O senador criticou Trump várias vezes abertament­e, chamando de “desinforma­do” e “impulsivo”.

John McCain, filho e neto de almirantes, foi primeiro piloto de caça, engajado na Guerra do Vietnã, onde foi ferido e preso por mais de cinco anos. Ele foi torturado por seus captores e durante toda a sua carreira política se opôs ferozmente à tortura, denunciand­o a CIA por suas práticas de interrogat­ório sob a presidênci­a de George W. Bush.

Ao retornar aos Estados Unidos após o final da Guerra do Vietnã, foi eleito para a Câmara de Representa­ntes e depois como senador em 1986, um assento que ocupa desde sua última reeleição em novembro de 2016.

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