Folha de Londrina

QUANDO A BRINCADEIR­A VIRA NEGÓCIO

Criador do dinossauro que fala na língua do “F” demonstra que a profission­alização do meme pode ser um caminho para novo mercado

- LAIS TAINE REPORTAGEM LOCAL

A imagem de um dinossauro de borracha sem a mandíbula inferior se tornou motivo de piada para os americanos, mas não só lá. No Brasil, o dinossauro já chegou falando com dificuldad­e, na língua do F, e atingiu seu auge nas mãos de André Crevilaro, 35, o autor do Dinofauro, personagem criado em 2015 na cidade de Foz do Iguaçu (oeste do Paraná).

O designer gráfico já trabalhava com conteúdo na internet para empresas, páginas de humor e causas sociais. Quando viu que o dinossauro poderia ter potencial, criou uma página específica e incluiu algumas imagens com legendas apresentan­do o personagem. “Foi em 15 minutos, eu fiz umas quatro ou cinco postagens e fui para o cinema. Quando eu voltei, a página já tinha umas três mil curtidas”, conta. Atualmente, a página tem quase 700 mil seguidores.

Um dinossauro que tinha dificuldad­es na fala por conta de uma deficiênci­a na mandíbula e só fala trocando algumas consoantes pela letra F. “Antes de ocasionar qualquer problema, nós publicamos a orientação de uma fonoaudiól­oga e falamos que não era legal zoar com as pessoas, pois estávamos sendo acusados de capacitist­as, que é quando faz chacota de pessoas que têm alguma deficiênci­a”, afirma. O criador afirma evitar colocar o personagem em assuntos polêmicos.

O meme estava crescendo, muitas empresas começaram a usar a imagem do Dino para alavancar as vendas e Crevilaro sentiu a necessidad­e de registrar a marca. “Decidi registrar o nome e mudar o formato dele. Hoje não é o mesmo que está na internet, a gente contratou empresa para remodelar o personagem e colocamos o nome de Dinofauro. Hoje, pode usar o meme, mas se quiser o meme com o Dinofauro, aí precisa nos contactar”, explica, informando que o personagem tornou-se propriedad­e da marca.

Com isso, Dinofauro fez campanhas para a Vivo, Google, Gympass, entre outras. Hoje, a marca possui produtos próprios como canecas e camisetas. “Fomos tentando tirar da questão de meme para transformá-lo em um personagem, porque ia chegar uma hora que o próprio meme iria acabar e eu queria que a hora que a saturação acontecess­e, a gente continuass­e”, expõe.

Crevilaro é apaixonado por personagen­s (Turma da Mônica, Snoopy, Scooby-Doo) e viu a oportunida­de de fazer o mesmo, mas com uma nova linguagem. “Isso é um mercado novo, as pessoas não sabem como fazer isso ainda, está sendo um aprendizad­o. É uma indústria criativa”, afirma.

O processo todo ainda é um aprendizad­o, o designer está explorando o meme de uma forma mais sistematiz­ada. “Existe um profission­alismo, criei um site, saí da criação do meme para entrar na questão do negócio e isso tudo exige que você se profission­alize. Isso não existia ainda, estamos aprendendo com os erros.” Atualmente, Crevilaro não vive apenas do personagem, mas acredita que ele dá a visibilida­de oportuna. “Por conta dele, vou a eventos, converso com as pessoas e tenho uma renda extra, mas não consigo viver só disso”, informa.

Para tornar o conteúdo algo relevante para o público, o autor da página afirma que a primeira coisa a buscar é uma utilidade para o produto. “Antes de querer passar conteúdo, você tem que ter esse conteúdo e a gente só tem através da leitura, do estudo, de ouvir outras pessoas que passaram por aquela situação. Assim, você consegue com mais calma fazer um projeto dar certo e ajudar outros também”. O dele ainda está ativo e pretende eternizá-lo, mas ainda está descobrind­o como.

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Divulgação “Foi em 15 minutos, eu fiz umas quatro ou cinco postagens e fui para o cinema. Quando eu voltei, a página já tinha umas três mil curtidas”, conta André Crevilaro, criador do Dinofauro
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Imagens: Divulgação
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