Venezuelanos vão para seis Estados
Outros 600 seguem para os municípios gaúchos de Canoas e Esteio, que receberão ajuda do governo
Brasília -
A sexta etapa do programa de interiorização dos imigrantes venezuelanos abrigados no Estado de Roraima terá início nesta terça-feira (28). Dos 278 imigrantes que serão interiorizados esta semana, uma parte embarcará às 8h de amanhã com destino a João Pessoa (71 pessoas), Manaus (63 pessoas) e São Paulo (55 pessoas).
Os outros venezuelanos que aceitaram a transferência sairão de Boa Vista na próxima quinta-feira (30) para abrigos do Rio de Janeiro (25 pessoas), Distrito Federal (4 pessoas). Aqui no Paraná, Goioerê (Centro-Oeste) receberá 60 imigrantes.
Na primeira quinzena de setembro, cerca de 600 pessoas serão levadas para o Rio Grande do Sul, onde serão acolhidas em cidades da região metropolitana de Porto Alegre. Domingo (26), um grupo de 36 profissionais de saúde voluntários da Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares) saiu de Brasília com destino a Roraima, onde durante seis dias vão atender os imigrantes nos abrigos de Boa Vista e Pacaraima, com foco na prevenção de doenças.
Na semana passada, a Casa Civil informou que nos meses de agosto e setembro mil venezuelanos que ingressaram em Roraima serão enviados para outros Estados. Nos meses anteriores, 820 estrangeiros fizeram o processo de interiorização em aviões da FAB (Força Aérea Brasileira), e outros milhares, segundo o governo, migraram por conta própria.
A transferência dos venezuelanos para outros Estados é uma das ações da Operação Acolhida, iniciada pelo governo federal, em parceria com a Acnur (Agência da ONU para Refugiados), entidades da sociedade civil e prefeituras, para dar assistência aos imigrantes que chegaram ao Brasil nos últimos meses fugindo da crise político-econômica da Venezuela.
Segundo o governo, a interiorização ocorre apenas de modo voluntário e todos os venezuelanos são vacinados, fizeram exames de saúde e estão com a situação regularizada no Brasil. Além de CPF, eles possuem carteira de trabalho. “Por se tratar de um processo voluntário, o número de pessoas a serem transportadas pode sofrer alterações até o momento do embarque”, informou a Casa Civil.
Em Boa Vista, ainda vivem nas ruas cerca de dois mil venezuelanos e outros seis mil estão abrigos no Estado. A Polícia Federal estima que entraram no país quase 130 mil venezuelanos, desde 2017 até junho deste ano. Desses, cerca de 60% já deixaram o território brasileiro. Os dados atualizados de ingresso de venezuelanos no país devem sair nos próximos dias.
Segundo Viviane Esse, subchefe substituta de Articulação e Monitoramento da Casa Civil, das cerca de 600 venezuelanos que cruzam a fronteira todos os dias, aproximadamente 300 pessoas procuram as autoridades brasileiras para se regularizarem. No entanto, segundo ela, a maioria deixa Roraima por conta própria em direção a outros países ou estados brasileiros.
RIO GRANDE DO SUL
Os 646 venezuelanos que serão levados para os municípios de Canoas e Esteio, ambos na região metropolitana de Porto Alegre, vão em aeronaves da FAB. Não foi divulgado o número exato de imigrantes que cada cidade vai receber na transferência, planejada para ser feita entre 6 e 18 de setembro, mas as prefeituras vão receber verbas adicionais do governo federal. Esteio ganhará R$ 530 mil e Canoas ficará com R$ 1 milhão. Além disso, a Acnur também vai ajudar pagando o aluguel dos venezuelanos.
A interiorização dos imigrantes é uma das principais apostas do governo do presidente Michel Temer para lidar com o grande fluxo de venezuelanos, que têm cruzado a fronteira para fugir da crise econômica e política que atinge o seu país.
Segundo o próprio governo, mais de 127 mil venezuelanos entraram no Brasil desde o início da crise, sendo que 60% deixaram o país, de acordo com a Polícia Federal.
Mas o plano de levar os imigrantes para outros Estados, que começou a ser implementado em abril, tem avançado com dificuldade. Nos primeiros seis meses, foram transferidos 820 venezuelanos para seis estados e para o Distrito Federal e o governo disse que pretende acelerar o processo.
Após os confrontos violentos no último dia 18 entre brasileiros e imigrantes na cidade de Pacaraima, principal porta de entrada no território brasileiro, o governo federal anunciou que até o início de setembro pretendia transferir mil venezuelanos para outros estados - o grupo que vai para o Rio Grande do Sul faz parte deste bloco.
(Com Folhapress)
Interiorização ocorre apenas de modo voluntário; situação deve estar regularizada