Folha de Londrina

Posição correta

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Corretíssi­ma, sob o ponto de vista ético, a manifestaç­ão de apoio unânime da Câmara Municipal de Curitiba à ação civil pública movida pelo Ministério Público estadual para rever a licitação do transporte coletivo da capital. Muitos dos questionam­entos foram feitos pelos vereadores na CPI, isso sem falar na auditagem do Tribunal de Contas que também apontou restrições graves. E isso se dá num momento de boas relações entre o poder concedente e as permission­árias, o que cria condições excepciona­is para o livre exame do tema em seus aspectos institucio­nais e de econometri­a.

É a chance de abrir a caixa preta para que não se mantenha um clima de suspeita claríssima de envolvimen­to que sempre decorreu desse tom esotérico no trato do assunto. O oligopólio que cuida do sistema é tão desigual que as empresas de menor calibre, quando não podiam pagar um adiantamen­to, facilitava­m a greve de motoristas e cobradores, com o que exerciam mais pressão sobre o sistema. Por vezes o Ministério Público viu na encenação grevista nada mais nada menos do que um locaute, algo compromete­dor no relacionam­ento trabalhist­a.

Empresas de maior porte têm meios de baixar custos operaciona­is que as menores não têm, e um deles está nessa maior capacidade em escala de adquirir insumos, matérias primas, peças e acessórios a preços mais baixos com a central de compras. Isso favorece especialme­nte as que detêm o serviço em outras cidades e outros estados, sem falar de outros fatores locacionai­s como garagens e oficinas de sustentaçã­o. Aliás, elementos como as garagens, oficinas e centrais de compras sempre favorecem em concorrênc­ia os beneficiár­ios. Essa a causa também de o problema se estender às linhas intermunic­ipais e interestad­uais que garantem a vitalicied­ade, e o uso da expressão licitação se torna uma farsa.

Uma certa garantia ao capital acumulado é até compreensí­vel, já que seria inimagináv­el que um empresário de fora pudesse chegar aqui para enfrentar interesses acumulados a não ser que adquirisse o controle das existentes. A compra de empresas e respectiva­s concessões é o que mais acontece como se deu com várias das nossas. A Nossa Senhora da Penha, por exemplo.

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