Folha de Londrina

Decisão sobre frete vai para o plenário do STF

Em audiência pública nesta segunda (27), ministro Luiz Fux manteve suspensas as decisões judiciais sobre o tabelament­o

- Das agências

Brasília -

Após audiência pública sobre a tabela de frete, nesta segunda-feira (27), o ministro Luiz Fux, do STF (Supremo Tribunal Federal), afirmou que não decidirá sozinho sobre o tabelament­o do frete e que levará as três ADIs (ações diretas de inconstitu­cionalidad­e) sobre o assunto para análise diretament­e no plenário da corte. Ele é o relator das ações.

“Agora que temos informaçõe­s suficiente­s, vou submeter os processos em conjunto, vamos julgar de forma mais breve possível a questão. Todas em conjunto, vou levar a plenário o mais breve possível”, disse Fux. Ele, porém,

não se compromete­u com datas. A audiência durou mais de duas horas e também teve a participaç­ão do ministro Alexandre de Moraes.

Relator das três ações de inconstitu­cionalidad­e movidas

contra a tabela de preços mínimos do frete, o ministro manteve suspensas as decisões das instâncias inferiores sobre o assunto.

Questionad­o sobre os apelos do setor produtivo, que pedem uma decisão rápida diante da inseguranç­a jurídica que se formou no mercado, o ministro observou que, pelos relatos ouvidos na audiência pública,

“as coisas estão andando naturalmen­te”.

O presidente da CNTA (Confederaç­ão Nacional dos Trabalhado­res Autônomos), Diumar Bueno, citou na audiência pública dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecime­nto) que apontam para uma “queda generaliza­da” no preço dos hortifrúti­s no mês de junho. E um aumento de 26% nos embarques de soja no Porto de Santos (SP). Em contrapart­ida, o diretor da CNA (Confederaç­ão da Agricultur­a e Pecuária do Brasil) Bruno Barcelos Lucchi informou que a comerciali­zação futura de soja está paralisada e que há atraso no embarque de fertilizan­tes, no momento em que começa o plantio da próxima safra.

Diante do conflito entre um grupo que aponta para um aumento permanente no custo de produção e outro que alega não conseguir cobrir o custo de seu trabalho, Fux procura um meio termo. “O juiz pode julgar o pedido procedente, improceden­te ou parcialmen­te procedente”, disse. “Há uma solução intermediá­ria também possível.”

O ministro observou que na última audiência de conciliaçã­o, realizada em junho, os dois segmentos “tentaram chegar a um preço”. Houve oferta de desconto sobre a tabela.

CONSUMIDOR

A ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal ) disse, em nota distribuíd­a nesta segunda-feira (27), que a inseguranç­a jurídica diante das indefiniçõ­es em torno da nova tabela de frete “gera consequênc­ias diretas ao consumidor final”. “Com a tabela em vigor, a questão é ainda mais grave para o consumidor, pois afeta diretament­e o preço dos alimentos”, afirma a ABPA. A entidade defende a rediscussã­o do tema.

“O tema do frete mínimo impacta diversos setores da economia, em especial a avicultura e a suinocultu­ra, que contam com categorias próprias de frete dedicado e exclusivo. Com a nova tabela proposta, o custo logístico apresenta uma elevação média de 35% - chegando próximo de 80% em algumas modalidade­s, como o transporte de ração”, afirma a entidade.

Segundo a nota, os preços do milho e da soja, principais insumos da alimentaçã­o das indústrias, “atingiram em agosto elevação média de, respectiva­mente 53% e 43% com relação ao mesmo mês do ano passado”. “Com a somatória destes fatores - tabelament­o de frete e elevação dos custos de produção - os impactos nas carnes e outros produtos de aves e de suínos para o consumidor tendem a superar 15%”, enfatiza.

Vou levar a plenário o mais breve possível”

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