Folha de Londrina

Com os olhos no céu

Atraídos pelas chegadas e partidas das aeronaves, curiosos “lotam” a avenida Salgado Filho nos fins de semana

- Micaela Orikasa Reportagem Local

Oolhar voltado para o céu tem uma explicação. “Estou esperando o avião chegar”, diz Ana Beatriz da Silva Pedin, 6. No domingo (26), ela acordou cedo e foi ver, pela primeira vez, uma aeronave de perto. Não foi desta vez que a pequena viajou em um avião, mas a sensação de acompanhar a descida e a subida das aeronaves na pista do Aeroporto Governador José Richa (zona leste), em Londrina, foi tão especial quanto. “Eu vejo o avião passar longe, no céu, mas pertinho é a primeira vez”, conta.

A ideia do pai Diego Pedin em levar a filha para este programa não é isolada. O vendedor de melancia e laranjas Josué Gonçalves comenta que nos fins de semana o canteiro na avenida Salgado Filho, que fica paralela à pista de pousos e decolagens, enche de carros e olhares curiosos. “De manhã ou de tarde é todo mundo filmando e tirando foto. É impression­ante como as pessoas gostam de avião”, diz ele. A avenida fica a cerca de 70 metros da pista.

O movimento anima a comerciant­e Pâmela Duarte Barbosa. Ela começou a vender pastéis aos domingos, há cerca de três meses, quando percebeu que o local tinha virado “atração” entre muitas famílias. “É um programa diferente. Antes, quando tinha o muro não tinha essa vista toda. Agora, com o alambrado, dá para ver tudo”, afirma. Em novembro de 2017, uma forte chuva causou a queda do muro do aeroporto, compromete­ndo a estrutura em mais de 100 metros. Como medida emergencia­l para evitar a entrada de pessoas na pista, a Infraero instalou telas de proteção e informou que a vigilância foi reforçada no local.

Com o alambrado, o mecânico Ezequiel dos Santos Barbosa, apaixonado por aviação, tem a oportunida­de de admirar as ‘”super máquinas”. Na manhã de domingo, ele estava acompanhad­o da mãe Nadir Pereira dos Santos e do genro Rodolfo Diego de Souza Silva.

Barbosa foi levar a filha para viajar a Goiânia (GO), mas ao invés de acompanhar a decolagem de dentro do aeroporto, resolveu ficar mais perto da pista. “Daqui, a vista é melhor. Fico admirando como uma aeronave tão grande tem sustentaçã­o, consegue voar. Gosto de pensar em toda a parte mecânica que possibilit­a isso. É bonito de se ver”, ressalta.

Mesmo não imaginando toda a logística que envolve o funcioname­nto de um avião, o pequeno Julio Cesar Seret Lion, 6, também é um apaixonado por aviação. O pai comenta que todo o fim de semana levava o filho para ver os aviões. “Nos mudamos recentemen­te de cidade, mas vim buscar o restante da mudança e não teve jeito. Tive que trazêlo um pouquinho”, diz Éder.

O casal Larissa Tiscoski e Eduardo Frank, de Cascavel (Oeste), estava em Londrina a passeio e levou a filha Lívia, de nove meses, para acompanhar o movimento da pista do aeroporto. “Todo mundo gosta um pouco de aviação. Minha irmã mora aqui perto e vimos que a visão daqui é boa. Resolvemos começar o domingo com este programa. A Lívia adora o barulho do avião”, conta o engenheiro.

A pedagoga Josiane Rossi se mudou para Londrina há poucos dias e fez questão de levar um casal de amigos, além do marido e a filha Lívia, 4, para observar os voos. “Acho muito interessan­te, mas não tenho coragem de viajar. Tenho medo de altura”, revela. Para Rossi, que nunca viajou de avião, admirar já é o suficiente. Sorte dela, que agora pode fazer isso sempre quando quiser e, o melhor, com uma vista privilegia­da.

“De manhã ou de tarde é todo mundo filmando e tirando foto”

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Canteiro da avenida ficou mais movimentad­o depois que muro, derrubado pelas fortes chuvas, foi substituíd­o temporaria­mente por um alambrado
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Pâmela Duarte Barbosa começou a vender pastéis há cerca de três meses: “É um programa diferente”

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