Folha de Londrina

Suposto suicídio em PE lança alerta em escolas sobre novo desafio na internet

"Boneca Momo" seria uma isca plantada por criminosos para roubar dados pessoais e propor desafios que podem levar à morte

- Geral@folhadelon­drina.com.br João Valadares Folhapress

Recife -

A Polícia Civil de Pernambuco investiga se a morte por enforcamen­to de um menino de 9 anos, no Recife, está ligada a um desafio que circula pelo WhatsApp.

A corrente cibernétic­a, que usa a imagem de uma mulher magra com olhos esbugalhad­os e inspirada numa escultura japonesa, é conhecida como “Boneca Momo”. O caso recifense, ainda sem data para conclusão das investigaç­ões, fez com que escolas de diferentes regiões do Brasil disparasse­m alertas.

Os comunicado­s encaminhad­os aos pais de crianças e adolescent­es, de maneira geral, apresentam a “Boneca Momo” como uma isca plantada por criminosos para roubar dados pessoais e propor desafios que podem levar à morte. “Orientamos os pais que fiquem atentos e conversem com seus filhos para evitarem maiores problemas”, diz comunicado dos Colégios Maristas.

Segundo especialis­tas, para evitar casos de suicídio, familiares, amigos e professore­s devem ficar atentos a sinais de alerta em crianças e adolescent­es, como falar sobre querer morrer, procurar formas de se matar, ampliar o uso de álcool e drogas e agir de modo ansioso, agitado ou irresponsá­vel.

Diante de situações como essas, o recomendáv­el é não deixar a pessoa sozinha, ligar para canais de ajuda e levar a pessoa para uma assistênci­a especializ­ada.

O caso sob investigaç­ão em Pernambuco ocorreu no último dia 16.

O menino de 9 anos, jantava com o pai na sala de casa. A mãe, professora da rede municipal do Recife, estava com a filha pequena no quarto.

O pai saiu da mesa e, alguns minutos depois, a família encontrou o garoto enforcado no quintal com um fio que havia muitos anos servia para segurar uma parreira.

A criança ainda foi levada com vida a uma unidade de saúde, mas não resistiu. A delegada Thais Galba, responsáve­l pela investigaç­ão, diz que o celular e o tablet utilizados pelo menino ainda estão sendo periciados pelo Instituto de Criminalís­tica.

Ela declarou que uma das linhas de investigaç­ão são desafios propostos por meio da internet. A policial ressaltou, no entanto, que pode ter ocorrido um acidente no quintal.

“Ainda não podemos afirmar com certeza o que realmente houve. No dia em que a mãe foi ouvida aqui na delegacia pela primeira vez, ela mencionou que o filho tinha mostrado essa boneca dizendo que ela era muito feia.”

A delegada salientou não ter nenhuma prova de que o menino morreu porque estaria participan­do de um desafio. “Quando a mãe ventilou essa possibilid­ade, nós passamos a analisar essa situação. As perícias nos aparelhos eletrônico­s podem trazer informaçõe­s importante­s”, disse.

Galba explicou que o menino era uma criança extremamen­te saudável. “Nunca teve histórico de depressão, nunca tomou medicament­os controlado­s. Um aluno bom, com notas boas. A possibilid­ade de suicídio é descartada cada vez com mais força”, alega.

A advogada da família, Yeda Barbosa, presidente da Comissão Contra Crimes Cibernétic­os em Pernambuco, acredita que a morte pode ter ligação com desafios na internet.

Ela, que falou em nome da mãe do menino, conta que, na semana em que apareceu enforcado, o menino estava bastante ansioso. “Era um menino que usava muito o celular, bem mais do que o comum.”

Barbosa relata que a mãe chegou a retirar o aparelho do filho após desconfiar que o garoto passava a noite no celular.

O diretor da escola onde o menino afirmou que é prudente esperar o resultado da investigaç­ão. “Existe a necessidad­e de uma criança ter um celular? Esse é o questiona- mento que deve ser feito.”

O chefe de comunicaçã­o da Polícia Federal em Pernambuco, Giovani Santoro, tem dado palestras nas últimas semanas em escolas públicas e privadas sobre a “Boneca Momo”.

Ele informou que não existe um padrão de desafios. As crianças e adolescent­es atrelam o número do WhatsApp à conta do Facebook. “Os criminosos, utilizando a imagem do perfil do personagem virtual, colhem informaçõe­s pessoais e passam a fazer os desafios. Os meninos são iludidos e aceitam”, afirma.

Santoro diz que o mecanismo é semelhante ao jogo da Baleia Azul, que provocou pânico no mundo inteiro. “O Baleia Azul tinha cinquenta desafios. A estratégia é a mesma. Só muda a forma. Pode ser qualquer desafio. Não existe um padrão definido.”

Um deles é justamente a resistênci­a ao sufocament­o para saber quanto tempo a criança suporta sem respirar. “Os professore­s estão bastante aflitos. Por isso, temos ido às escolas para falar com pais e alunos e tentar amenizar a situação”, afirma.

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