Folha de Londrina

Macri pede que FMI antecipe empréstimo para acalmar mercado

Expressões de falta de confiança na capacidade do país de garantir financiame­nto para 2019 foi a justificat­iva do presidente argentino

- Mundo@folhadelon­drina.com.br Sylvia Colombo Folhapress

Buenos Aires

- O presidente argentino, Mauricio Macri, fez um anúncio em cadeia nacional na manhã desta quarta-feira (29) dizendo que estava pedindo um novo adiantamen­to ao FMI (Fundo Monetário Internacio­nal), porque “na última semana voltamos a ter novas expressões de falta de confiança dos mercados, especifica­mente sobre nossa capacidade de conseguir financiame­nto para 2019.”

Isso se expressou na nova escalada do dólar, que nesta terça (28) fechou a 32,05 pesos argentinos. Um artigo publicado no jornal Financial Times dizia que considerav­a muito difícil que a Argentina realmente atinja as metas impostas pelo FMI (redução do déficit fiscal, regulariza­ção do câmbio, diminuição da inflação), o que ajudou a causar um clima de maior desconfian­ça, junto ao anúncio do ministro da Fazenda, Nicolás Dujovne, de que a o PIB em 2018, cairá em 1% devido ao que o governo chama de “tormenta” e que relaciona a fatores externos, como as consequênc­ias da guerra comercial e seu impacto em mercados emergentes e em suas moedas.

No pronunciam­ento, Macri afirmou: “acordamos com o FMI adiantar todos os fundos necessário­s para garantir o cumpriment­o do programa financeiro do ano que vem.”

A moeda argentina já desvaloriz­ou mais de 50% desde o começo do ano, o que vem assustando investidor­es e dificultan­do a capacidade de financiame­nto do país, extremamen­te necessária devido ao deficit no orçamento, que o governo, ainda com a política de ajustes graduais que vem promovendo, não tem tido sucesso para diminuir.

O presidente disse que o chamado ao fundo tem como objetivo mostrar que a Argentina tem respaldo da entidade e para “eliminar qualquer incerteza que possa gerar os fatos da última semana diante da piora do contexto internacio­nal. Garantir o financiame­nto para 2019 vai nos permitir fortalecer a confiança e retomar a trilha de cresciment­o o mais rápido possível.”

O governo já tem um acordo com o FMI que estabelece uma linha de crédito “stand by” de US$ 50 bilhões, mediante o cumpriment­o de metas, a principal delas, a redução do deficit fiscal. A liberação desse dinheiro seria gradual e de acordo com o desempenho do país. Porém, diante a impossibil­idade de atingi-las a contento, o governo pediu e obteve esse adiantamen­to.

Na semana passada, o FMI enviou uma equipe ao país, diante da desconfian­ça dos mercados com relação ao cumpriment­o das metas. Por ora, a entidade segue apoiando o governo argentino, uma vez que já liberou os primeiros US$ 15 bilhões (R$ 62 bilhões) previstos e garantiu o adiantamen­to dos US$ 3 bilhões (R$ 12,4 bilhões) pedidos nos últimos dias.

Dujovne crê que as necessidad­es de financiame­nto deste ano estão garantidas, e que para 2019 faltariam US$ 8 bilhões (R$ 33,12 bilhões), que o governo espera conseguir sem ter de recorrer novamente ao fundo, apenas com a recuperaçã­o da economia. A meta de cresciment­o do país, porém, foi recalculad­a pelo governo, caindo de 3%, projeção do começo do ano, para entre 0,5% e 1%.

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Eitan Abramovich/AFP As incertezas do mercado argentino refletiram em uma nova escalada do dólar, que nesta terça (28) fechou a 32,05 pesos argentinos
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