Vacinação contra sarampo e pólio é prorrogada até 14 de setembro
Balanço preliminar do Ministério da Saúde indica que 88% das crianças de um a menores de cinco anos já foram imunizadas
Sem atingir a meta, a campanha de vacinação contra sarampo e poliomielite foi prorrogada até 14 de setembro, informou nesta segunda-feira (3) o Ministério da Saúde. Balanço preliminar da pasta indica que 88% das crianças de um a menores de cinco anos já foram vacinadas, o equivalente a 9,8 milhões. A meta, porém, era vacinar até 95% do público-alvo, composto por 11,2 milhões, até o dia 31 de agosto, data final da campanha.
Até agora, apenas sete Estados atingiram esse percentual: Amapá, Santa Catarina, Pernambuco, Rondônia, Espírito Santo, Sergipe e Maranhão. Os demais ainda estão abaixo desse índice. A menor cobertura ocorre no Rio de Janeiro, onde apenas 68% das crianças já foram vacinadas. No Paraná, até agora foram vacinadas 534.583 crianças contra a pólio (91,9%), e 528.793 contra o sarampo (91%).
Embora o Paraná esteja acima da média nacional, o Secretário de Estado da Saúde, Antônio Carlos Nardi, afirmou que 60 mil crianças paranaenses ainda precisam ser vacinadas. “Apelamos ao bomsenso dos pais e responsáveis para que não deixem essas crianças desprotegidas. Sarampo e pólio são doenças graves, que podem matar, e que estão perto de nós”, disse.
O secretário lembrou que alguns municípios já conseguiram ultrapassar a meta estabelecida pelo Ministério da Saúde, chegando a vacinar 100% das crianças. “Isso mostra o empenho das equipes de saúde e serve de incentivo para os municípios que ainda têm crianças a serem vacinadas. Com a disposição e esforço de todos, Estado, municípios, equipes de saúde, podemos manter nossos filhos e filhas protegidos”, ressaltou Nardi.
Entre as RS (Regionais de Saúde), a que apresenta menor índice de cobertura vacinal é a de Paranaguá (1ª RS), que aplicou 11.805 doses de vacina contra poliomielite e 11.796 contra sarampo, o que corresponde a 72,4% e 72,3% do total previsto, respectivamente. Na sequência aparece a 2ª Regional de Saúde, que compreende a Região Metropolitana de Curitiba, que aplicou 81% das vacinas contra pólio e 78,4% das vacinas contra o sarampo. Ainda falta vacinar pelo menos 34 mil crianças nos municípios da região da capital paranaense, que concentra a maior população a ser vacinada, 182.618.
Segundo os dados atualizados da Secretaria de Saúde de Londrina, somente no sábado (1º), foram aplicadas 1.431 doses de vacinas, sendo 963 delas referentes à campanha foram vacinadas 467 crianças contra o sarampo e aplicadas 496 doses contra a paralisia infantil. As demais doses referiram-se à imunização contra outras doenças pertencentes ao calendário vacinal.
O secretário municipal de Saúde, Felippe Machado, destacou que desde o dia 6 de agosto foi possível imunizar 20.955 crianças contra o sarampo, o que representa 80,16% do público-alvo. Com relação à paralisia infantil, foram aplicadas 21.027 doses, atingindo 80% das crianças na faixa etária necessária para a vacinação.
“Os números estão abaixo do esperado. Nós trabalhamos durante toda a campanha para atingirmos 100% do público-alvo e, se não fosse possível, pelo menos 95% (o equivalente a 26 mil crianças)”, destacou. Segundo ele, todas as unidades de saúde foram abertas em dois sábados diferentes. “Visitamos todas as 136 escolas da rede municipal: CEIS (centros de educação infantil) e CMEIS (centros municipais de educação infantil). Disponibilizamos as doses em todas as UBS e mesmo assim conseguimos atingir 80% do público-alvo. A princípio não adianta fazer nenhuma ação diferente. Continuamos vacinando em todas as UBS. Não adianta o poder público disponibilizar as vacinas, se os pais e responsáveis não se conscientizarem da importância de imunizar as crianças”, explicou Machado. A dose aplicada durante a campanha nacional foi a tríplice viral, que engloba a prevenção do sarampo, caxumba e rubéola.
Diante da dificuldade, municípios de diferentes regiões do País realizaram um segundo “dia D” neste sábado. O primeiro ocorreu em 18 de agosto. A adesão, no entanto, ainda ficou abaixo do esperado. Agora, a recomendação é que Estados e municípios façam busca ativa para garantir que todo o público-alvo da campanha seja vacinado.
Neste ano, a campanha de vacinação é “indiscriminada”, o que significa que mesmo crianças que estão com a carteirinha de vacinação em dia devem receber novas doses de reforço contra as duas doenças. O objetivo é elevar a cobertura vacinal no País e reforçar a proteção de já vacinados. Desde fevereiro, o País já registra 1.553 casos de sarampo, com sete mortes. Outros 6.975 casos permanecem em investigação.
Já a poliomielite preocupa diante da queda nas coberturas vacinais, o que aumenta o risco de retorno da doença caso haja reintrodução do vírus no País e contato com não vacinados. Durante a mobilização, a aplicação das doses tem esquemas diferentes dependendo da situação vacinal de cada criança. Crianças que nunca tomaram nenhuma dose de vacina contra a pólio, por exemplo, devem receber uma dose da VIP (vacina injetável).
Já aquelas que já tiverem tomado uma ou mais doses recebem a VOP (vacina oral), conhecida como gotinha. A ideia é reforçar a imunização contra a doença. Contra o sarampo, a campanha prevê que todas as crianças recebam uma dose da vacina tríplice viral. A exceção são aquelas que já foram vacinadas nos últimos 30 dias.
Segundo as secretarias de saúde, a vacina é contraindicada apenas para crianças imunodeprimidas, como aquelas submetidas a tratamento de leucemia e pacientes de câncer. Já crianças alérgicas à proteína lactoalbumina, presente no leite de vaca, devem informar o quadro às equipes de saúde. Neste caso, elas recebem outra vacina contra sarampo.