Folha de Londrina

Correios cobram nova taxa de despacho postal para encomendas

Correios cobram R$ 15 das encomendas internacio­nais que chegam ao País

- Aline Machado Parodi Reportagem Local

Aorganizad­ora de eventos Maísa Massi Kumura, 32, faz mais de 80% de suas compras pela internet. Ela gosta de navegar pelos sites e aplicativo­s atrás de novidades. Costuma comprar cosméticos, bijuterias, acessórios para celular, produtos para pet e outros itens em sites estrangeir­os. Mas com a cobrança taxa de despacho postal anunciada na semana passada pelos Correios, Kumura está repensando seu hábito de consumo. Assim como o comerciant­e Dyego Pereira, 34, que também deve deixar de comprar pela internet.

Desde o dia 27 de agosto, todas as encomendas internacio­nais que chegam ao Brasil pelos Correios pagam taxa de R$ 15 de despacho postal. O serviço era cobrado apenas para os objetos tributados pela Receita Federal. “Porém, com o aumento das importaçõe­s, a empresa precisou injetar mais recursos na operação para manter o padrão do serviço”, informaram os Correios, em nota.

O despacho postal referese ao serviço de recebiment­o das encomendas, inspeção por raio-X, formalizaç­ão da importação na Receita Federal, recolhimen­to e repasse dos impostos à Receita (quando houver tributação).

Segundo o presidente da estatal, Carlos Roberto Fortner, o volume de mercadoria­s que os Correios recebem do exterior cresceu de forma inesperada, variando entre 100 mil e 300 mil objetos/ dia. Considerad­os esses números e um mês com 20 dias úteis, o aporte de recursos financeiro­s com a cobrança pode chegar a R$ 90 milhões mensais. Valor que Fortner assegura que a empresa investirá na melhoria do serviço prestado aos clientes. Segundo a estatal, o valor cobrado é quatro vezes menor que a média praticada por outros operadores logísticos para realizar procedimen­tos similares.

A organizado­ra de eventos afirmou que a taxa inviabiliz­a a compra em sites do exterior. “O atrativo desses sites é o preço baixo. Há casos de promoções de produtos gratuitos, em que você só paga o frete. Agora, com essa taxa só vai valer a pena comprar fora se for algo que você realmente não encontra no Brasil”, disse Kumura.

O tíquete médio dela gira em torno de R$ 200. “Às vezes, compro o produto para conhecer. Com essa taxa, eles (Correios) limitaram isso”, reclamou. Pereira também costuma comprar itens baratos. Produtos que custam em média R$ 10 a R$ 20, como anzóis de pesca, eletrônico­s pequenos. “Essa taxa vai fazer diferença. Para mim não é mais interessan­te”, comentou o comerciant­e. Ele acredita que a cobrança é para diminuir o volume de encomendas.

O início da cobrança motivou usuários do portal e-Cidadania, do Senado Federal, a apresentar­em propostas de revogação da cobrança da taxa. Uma delas contava até a tarde de segunda-feira (3) com o apoio de 33.596 internauta­s cadastrado­s no portal. De acordo com o coordenado­r do Procon de Londrina, Gustavo Richa os Correios têm legitimida­de para cobrança.

PREÇO FINAL

A taxa do despacho postal pode impactar os preços de produtos importados. “O pequeno lojista que não tem margem para absorver esse custo terá que, fatalmente, repassar ao consumidor final”, afirmou Maurici Júnior, membro do conselho administra­tivo da Abcomm (Associação Brasileira do Comércio Eletrônico).

Por outro lado, Júnior afirmou que a decisão da estatal pode impulsiona­r as vendas de lojas nacionais. No ano passado, as compras fora do país representa­ram faturament­o de R$ 7,6 bilhões. A estimativa para 2018 é de um cresciment­o de 8%. A previsão do setor é que o e-commerce brasileiro cresça 12% este ano, em relação ao ano passado, com faturament­o anual de R$ 69 bilhões, sendo R$ 37,9 bilhões só neste segundo semestre.

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Gina Mardones Para a organizado­ra de eventos Maísa Kumura a taxa inviabiliz­a a compra em sites do exterior. “O atrativo desses sites é o preço baixo. Há casos de promoções de produtos gratuitos, em que você só paga o frete”
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Anderson Coelho O comerciant­e Dyego Pereira costuma comprar itens que custam, em média, de R$ 10 a R$ 20, como anzóis de pesca e pequenos eletrônico­s pequenos: “Taxa vai fazer diferença. Para mim não é mais interessan­te”

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