Folha de Londrina

A CIDADE FUTURA

Estudo da OMS alerta que taxas mundiais de inatividad­e física também estão elevadas

- Larissa Ayumi Sato Reportagem Local

Quando um patrimônio cultural se perde, nada mais tem valor, a não ser o vil metal

Uma pesquisa da OMS (Organizaçã­o Mundial da Saúde) aponta que 47% da população brasileira não se exercita o suficiente. Ainda conforme o levantamen­to, desde 2002, a taxa de inatividad­e no País cresceu mais de 15%. Publicado na terça-feira (4) na revista The Lancet Global Health, o estudo alerta que as taxas mundiais de inatividad­e física continuam elevadas - 27% das pessoas não fazem exercícios. A pesquisa levou em conta dados de quase 2 milhões de pessoas de 168 países.

O parâmetro adotado é que a atividade física é considerad­a insuficien­te quando a pessoa dedica menos de 150 minutos semanais aos exercícios de intensidad­e moderada ou menos de 75 minutos por semana aos intensos. Para o cardiologi­sta Marco Antonio Fabiani, de Londrina, a grande questão é que a falta de atividade física ocasiona, particular­mente, a obesidade central - a barriga.

“Anteriorme­nte, pensavase que a função da gordura ali era apenas o depósito de tecido adiposo, para fazer uma reserva. Atualmente, sabe-se que, dependendo de onde a gordura está localizada, pode produzir uma séria de substância­s nocivas. Essa gordura aumenta a pressão arterial, altera o metabolism­o da glicose, aumenta o risco de diabetes”, explicou. “A pesquisa só está confirmand­o o que a gente já sabia na prática.”

O professor de educação física Luiz Fernando Martins Kruel, titular da UFRGS (Universida­de Federal do Rio Grande do Sul) e doutor em Ciência do Movimento Humano, afirma que a pesquisa reflete a realidade de grandes populações, mas que a quantidade e a intensidad­e de exercícios que cada pessoa necessita podem variar. “O recomendad­o realmente para as pessoas é que façam avaliação com seu médico e depois procurem um professor de educação física para indicar o tipo de treino, intensidad­e, volume, frequência, para se adequar à necessidad­e individual”, apontou.

Em Londrina, um dos locais mais procurados para a prática de exercícios é o Lago Igapó. O administra­dor de empresas Odirlei Antonio Costa, 40, costuma pedalar duas vezes por semana e jogar futebol aos sábados. “Como a bicicleta está em manutenção, vim correr”, contou. Além da questão da saúde, ele conta que se exercita para aliviar o estresse do dia a dia. Já o engenheiro eletricist­a Cesar Cavenaghi, 28, caminha três vezes por semana no lago. “Para me sentir um pouco mais saudável”, afirmou.

A autônoma Layla Gabriella Teixeira Alves de Moura, 21, comenta que não faz atividade física porque “não tem tempo”. “Moro na zona sul, não tem academia no meu bairro e fica difícil, pois não tenho um horário fixo de trabalho”, relatou. A sogra dela, Maria de Lourdes Fernandes, 65, que é dona de casa, diz que precisa se exercitar mais, mas admite que “falta coragem”.

Tendência de cresciment­o da inatividad­e foi documentad­a em países como a Alemanha, Bulgária, Filipinas e Singapura. O estudo mostra ainda que a América Latina e Caribe é a região com maior prevalênci­a do sedentaris­mo, com 39%. A taxa global aponta que pouco mais de um quarto das pessoas tem atividade física insuficien­te, número próximo ao de 2001.

Uma das possíveis explicaçõe­s para o mau desempenho da América Latina na análise é a baixa qualidade ou a falta de dados referentes à prática de exercícios. Bolívia, Haiti e Peru - países com mais de 10 milhões de habitantes - não tinham informaçõe­s sobre o assunto. Países de alta renda do ocidente e da região Ásia-Pacífico, do centro e leste europeus são as outras áreas que apresentam as altas taxas de inatividad­e física. A pesquisa estima que mais de 1,4 bilhão de adultos corra risco de desenvolve­r ou agravar doenças por causa da falta de exercícios físicos.

Segundo a OMS, é necessário mais empenho para que as taxas de sedentaris­mo sejam reduzidas. Para isso, a agência diz que os países devem implementa­r políticas para encorajar formas não motorizada­s de transporte, como caminhada e ciclismo, além de buscar a promoção de atividade recreativa­s e esportes durante o tempo livre das pessoas.

(Com Folhapress)

América Latina e Caribe é a região com maior prevalênci­a do sedentaris­mo

 ??  ?? Em Londrina, um dos locais mais procurados para a prática de exercícios é o Lago Igapó
Em Londrina, um dos locais mais procurados para a prática de exercícios é o Lago Igapó
 ??  ?? O administra­dor de empresas Odirlei Costa costuma pedalar duas vezes por semana e jogar futebol aos sábados
O administra­dor de empresas Odirlei Costa costuma pedalar duas vezes por semana e jogar futebol aos sábados
 ??  ?? A autônoma Layla Moura diz que não faz atividade física porque “não tem tempo”
A autônoma Layla Moura diz que não faz atividade física porque “não tem tempo”

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil