Acervo poupado do fogo pode manter a relevância do Museu Nacional
Coleções de vertebrados, de insetos e de botânica, bem como a biblioteca principal, já tinham sido transferidas para prédio anexo
São Carlos e São Paulo - Enquanto políticos falam em investimentos para “reconstruir” do zero o Museu Nacional, pesquisadores lembram que a parcela do acervo poupada pelas chamas de domingo (2) ainda seria suficiente para manter a instituição entre as mais importantes do Brasil - embora não seja possível substituir a riqueza incalculável que foi destruída.
“É preciso ter em mente que as coleções que estavam fora do prédio principal ainda seriam equivalentes a um museu dos grandes”, destacou José Perez Pombal Junior, curador das coleções de anfíbios da instituição e professor titular da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), à qual o museu é vinculado.
De fato, diversas partes importantes do acervo - as coleções de vertebrados, de insetos do grupo dos dípteros (que inclui moscas e pernilongos) e de botânica, bem como a biblioteca principaljá tinham sido transferidas havia vários anos a um prédio anexo, distante da área atingida. “Isso significa que a gente não vai sair do zero”, afirma Pombal Junior.
Os números são respeitáveis. Ainda sobraram 100 mil espécies de mamíferos e 110 mil de anfíbios, por exemplo, muitos dos quais coletados em áreas que já não possuem ambientes naturais hoje. “O herbário é o primeiro ou o segundo maior do Brasil. E as obras raras da biblioteca, algumas das quais trazidas na vinda da família real portuguesa para cá , também foram preservadas.”
A assessoria de imprensa do Museu Nacional estima que o prédio anexo tenha 460 mil exemplares de vertebrados e que hajam outros 550 mil no herbário. Também teriam sobrevivido 180 mil invertebrados em um anexo subterrâneo do prédio que pegou fogo.
AUTORIZAÇÃO
O prédio do Museu Nacional destruído por um incêndio no último domingo não tinha autorização dos Bombeiros para funcionar. Segundo divulgou a corporação, o prédio bicentenário não atendia aos requisitos básicos de segurança, como a presença de extintores, caixas de incêndio, iluminação, saídas de emergência e portas corta-fogo.
A informação da falta de estrutura necessária para prevenção e combate a incêndios já havia sido confirmada pela direção do museu, que informou não haver no local, por exemplo, detectores de fumaça, sprinkles (equipamento que lança água automaticamente em caso de fogo) e portas corta-fogo.
Ainda sobraram 100 mil espécies de mamíferos e 110 mil de anfíbios