Folha de Londrina

Acervo poupado do fogo pode manter a relevância do Museu Nacional

Coleções de vertebrado­s, de insetos e de botânica, bem como a biblioteca principal, já tinham sido transferid­as para prédio anexo

- geral@folhadelon­drina.com.br Reinaldo José Lopes Phillippe Watanabe Folhapress

São Carlos e São Paulo - Enquanto políticos falam em investimen­tos para “reconstrui­r” do zero o Museu Nacional, pesquisado­res lembram que a parcela do acervo poupada pelas chamas de domingo (2) ainda seria suficiente para manter a instituiçã­o entre as mais importante­s do Brasil - embora não seja possível substituir a riqueza incalculáv­el que foi destruída.

“É preciso ter em mente que as coleções que estavam fora do prédio principal ainda seriam equivalent­es a um museu dos grandes”, destacou José Perez Pombal Junior, curador das coleções de anfíbios da instituiçã­o e professor titular da UFRJ (Universida­de Federal do Rio de Janeiro), à qual o museu é vinculado.

De fato, diversas partes importante­s do acervo - as coleções de vertebrado­s, de insetos do grupo dos dípteros (que inclui moscas e pernilongo­s) e de botânica, bem como a biblioteca principalj­á tinham sido transferid­as havia vários anos a um prédio anexo, distante da área atingida. “Isso significa que a gente não vai sair do zero”, afirma Pombal Junior.

Os números são respeitáve­is. Ainda sobraram 100 mil espécies de mamíferos e 110 mil de anfíbios, por exemplo, muitos dos quais coletados em áreas que já não possuem ambientes naturais hoje. “O herbário é o primeiro ou o segundo maior do Brasil. E as obras raras da biblioteca, algumas das quais trazidas na vinda da família real portuguesa para cá , também foram preservada­s.”

A assessoria de imprensa do Museu Nacional estima que o prédio anexo tenha 460 mil exemplares de vertebrado­s e que hajam outros 550 mil no herbário. Também teriam sobrevivid­o 180 mil invertebra­dos em um anexo subterrâne­o do prédio que pegou fogo.

AUTORIZAÇíO

O prédio do Museu Nacional destruído por um incêndio no último domingo não tinha autorizaçã­o dos Bombeiros para funcionar. Segundo divulgou a corporação, o prédio bicentenár­io não atendia aos requisitos básicos de segurança, como a presença de extintores, caixas de incêndio, iluminação, saídas de emergência e portas corta-fogo.

A informação da falta de estrutura necessária para prevenção e combate a incêndios já havia sido confirmada pela direção do museu, que informou não haver no local, por exemplo, detectores de fumaça, sprinkles (equipament­o que lança água automatica­mente em caso de fogo) e portas corta-fogo.

Ainda sobraram 100 mil espécies de mamíferos e 110 mil de anfíbios

 ?? Marcelo Camargo/Agência Brasil ?? Peritos fizeram o escaneamen­to em três dimensões do Museu Nacional para criar uma espécie de maquete tridimensi­onal do prédio e determinar como ocorreu o incêndio
Marcelo Camargo/Agência Brasil Peritos fizeram o escaneamen­to em três dimensões do Museu Nacional para criar uma espécie de maquete tridimensi­onal do prédio e determinar como ocorreu o incêndio

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