Folha de Londrina

OEA propõe criar força-tarefa para tratar de crise venezuelan­a

Reunião de urgência foi convocada para tratar do intenso fluxo migratório que sai da Venezuela rumo aos países vizinhos

- Mundo@folhadelon­drina.com.br Júlia Zaremba Folhapress

Após três horas de debate do Conselho Permanente da OEA (Organizaçã­o dos Estados Americanos) a respeito da crise venezuelan­a, o secretário-geral da instituiçã­o, Luís Almagro, anunciou que montará um grupo de trabalho e iniciará a captação de recursos financeiro­s para tratar do tema. A reunião de urgência em Washington, nos EUA, foi convocada para tratar do intenso fluxo migratório que sai da Venezuela rumo aos países vizinhos, onerando as regiões fronteiriç­as.

Não há detalhes de como o dinheiro será arrecadado ou partilhado. O grupo de trabalho será coordenado por David Smolansky, opositor do regime de Nicolás Maduro exilado nos EUA, e avaliará a crise, identifica­ndo fluxos migratório­s e as necessidad­es dos deslocados.

Em seu discurso, o embaixador Fernando Simas Magalhães, representa­nte do Brasil junto à OEA, afirmou que a restauraçã­o da democracia no país vizinho é a única solução duradoura para a questão. Isso depende “da realização de eleições livres, transparen­tes e com a participaç­ão sem restrições da oposição”, disse. “Seria um passo essencial para o início da normalizaç­ão política, econômica e social que todos nós desejamos”, afirmou, exortando Caracas a aceitar a assistênci­a de vários países e organizaçõ­es, algo que Maduro se nega a fazer.

O embaixador da Venezuela, Samuel Moncada, afirmou que a OEA quer “infringir danos” a seu país e que “endossa agressores”. Alegou, ainda, que o Brasil não paga uma dívida com a Venezuela “porque os Estados Unidos” bloqueiam o país. Ele aludiu à conta da Eletrobras com a estatal venezuelan­a Corpoelec. A companhia de brasileira alega problema operaciona­l para transferir os recursos, já que o sistema cambial do país vizinho é caótico.

Moncada também questionou o silêncio dos membros da OEA em relação ao suposto atentado contra o ditador venezuelan­o Nicolás Maduro, no início de agosto, e à ameaça de invasão do país por parte dos Estados Unidos, ventilada pelo presidente Donald Trump em duas ocasiões.

O representa­nte dos Esta-

dos Unidos na reunião, Alexis Ludwig, respondeu que a acusação se tratava de uma tentativa desesperad­a “de negar a realidade e distrair as pessoas da realidade inegável: a magnitude da

crise da Venezuela”.

O encontro ocorre dois dias depois de representa­ntes de 13 países da América Latina se reunirem no Equador para debater formas de regulariza­r os imigrantes venezuelan­os

e obter fundos para atender ao êxodo provocado pela crise profunda no país.

Desde 2015, cerca de 1,6 milhão de venezuelan­os emigraram, segundo a ONU (Organizaçã­o

Nações Unidas). Maduro contestou os dados e afirmou que saíram 600 mil nos últimos dois anos. O Brasil recebeu cerca de 120 mil venezuelan­os, sendo que metade continua no País.

Desde 2015, cerca de 1,6 milhão de venezuelan­os emigraram

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Marcelo Camargo/Agência Brasil Brasil recebeu cerca de 120 mil venezuelan­os, sendo que metade continua no País
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