Folha de Londrina

Tecnologia se aproxima do direito trazendo diversas inovações

Ausência de tecnologia e de disciplina­s de empreended­orismo nas universida­des prejudicam a busca por soluções para o direito, diz fundadora de movimento em Curitiba

- Mie Francine Chiba Reportagem Local

Atecnologi­a já se aproxima do direito, trazendo à área diversas inovações. Prova disso são as lawtechs, startups da área do direito que, segundo mapeamento da Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs (AB2L), contabiliz­am mais de 100 no País. Mas é preciso fazer mais. “Temos inúmeros exemplos de ferramenta­s de gestão que facilitam a vida do profission­al do direito (juristas, advogados, etc.), mas a tecnologia não se limita a isso, ela pode ser instrument­o de inovação no Poder Público, até mesmo para criação de políticas e meios de desburocra­tização do acesso à justiça”, diz Gisele Ueno, diretora executiva da Hi-Law Consult.

Ueno é uma das fundadoras do Capítulo Curitibano do Legal Hackers, movimento global sobre direito e tecnologia, junto a outras quatro pessoas (Claudio Navarro, Elenice Novak, Rhodrigo Deda e Rodrigo Marques). Em Curitiba, o movimento conta com 405 membros. Em todo o Brasil, são nove capítulos e mais de 1.500 membros. O Legal Hackers é composto por pessoas de diferentes formações acadêmicas e profission­ais (direito, tecnologia, empreended­orismo, academia, etc.) de várias cidades do mundo que se reúnem para discutir e disseminar temas relevantes e atuais de tecnologia e impactos no direito, explica a fundadora.

“Os temas de tecnologia interferem com grande relevância nas atividades dos operadores do direito e impactam em ferramenta­s que facilitem na execução dessas atividades, pensando nisso o movimento promove o diálogo dessas duas áreas a fim de encontrar/desenvolve­r medidas e soluções tecnológic­as que desburocra­tizem o sistema legal.”

Em Curitiba, o movimento tem atuado nas universida­des, associaçõe­s vinculadas à área de tecnologia e também na OAB/Paraná, por meio da comissão de Inovação e Gestão, afirma Ueno. “Essa relevância no cenário curitibano tem sido a receita de sucesso para disseminar, de forma efetiva, o tema e o movimento.”

A fundadora participou recentemen­te de fórum internacio­nal de direito e tecnologia em Nova Iorque (EUA). Ela foi a única representa­nte brasileira a participar do evento. Para ela, o direito ou os advogados ainda não estão preparados para lidar com os avanços tecnológic­os. Um dos principais problemas relacionad­os a isso está na ausência de tecnologia e disciplina­s de empreended­orismo no currículo das universida­des. “No meu ponto de vista, esse fator é determinan­te para que o profission­al de direito tenha habilidade para buscar na tecnologia a solução de inúmeras mazelas sociais, incluindo o excesso de formalismo e burocracia que permeiam o exercício do direito.” Na sua opinião, a inovação depende da liberdade de criação, algo que pode ser uma barreira no Brasil devido à inseguranç­a jurídica e à falta de incentivo ao empreended­or.

Movimento promove o diálogo a fim de encontrar ou desenvolve­r soluções tecnológic­as que desburocra­tizem o sistema legal”

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Gisele Ueno, diretora executiva da Hi-Law Consult e uma das fundadoras do Capítulo Curitibano do Legal Hackers: para ela o direito ou os advogados ainda não estão preparados para lidar com os avanços tecnológic­os

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