Folha de Londrina

Caminhonei­ros chegam a ganhar 50% mais

- (N.B.)

Na estrada, os caminhonei­ros não imaginam voltar a trabalhar sem as tabelas com valores mínimos de frete. O autônomo londrinens­e Luiz Aranda, que transporta carga geral, diz que sua receita aumentou 30% após a lei 13.703. “Estava impossível trabalhar antes”, alega. Apesar dos boatos, ele diz que não haverá nova paralisaçã­o. “Os caminhonei­ros não querem outra greve, querem trabalhar.”

Valdir Bueno Ferreira, de Cambé, conta que não são todas as empresas que pagam os valores das tabelas. Ele também trabalha com carga geral e está satisfeito com sua renda hoje. Ferreira aponta uma outra conquista da greve que o beneficiou bastante: a isenção de cobrança de pedágio sobre os eixos suspensos quando o caminhão está vazio. Na PR323, em Sertaneja, ele paga R$ 71,80 pelos quatro eixos de seu veículo. Quando vazio, Ferreira pode elevar dois deles e o pedágio sai pela metade do preço, ou seja R$ 35,60.

O gaúcho de Estância Velha, Marcos Zimmer, diz que sua receita melhorou 50% com as tabelas. Transporta­ndo carga geral, ele não tem dúvida que virá uma nova greve caso o STF (Supremo Tribunal Federal) derrube a lei. “A situação estava precária. Eu estava prestes a abandonar a profissão”.

Autônomo de Porecatu, Ademir Balbino se nega a trabalhar com valores abaixo dos da tabela da carga geral. “Já me ofereceram, mas não pego”, afirma ele que nesta quarta-feira (5) estava há três dias esperando uma carga no Posto Portelão, em Cambé. “Se acabar a tabela, vamos sair do ramo. Meu filho passa em frente do caminhão e nem olha. Os jovens não querem saber da profissão. Sabem do nosso sofrimento. Só sobraram os cabeças-brancas”, alega.

Num outro ponto da PR445, em frente a uma empresa que recebe cargas de grãos, um grupo de caminhonei­ros não quis conversar com a reportagem. “Se a gente fala, eles não dão mais carga”, justificou um deles, sem se identifica­r. Os motoristas disseram que a tabela não está sendo respeitada no segmento graneleiro.

O superinten­dente da Ocepar (Organizaçã­o das Cooperativ­as do Paraná), Robson Mafioletti, confirma. “Não tem como pagar. Tentamos acertar os valores do frete graneleiro, mas não foi possível”, afirma. Questionad­o se os contratant­es correm risco de serem acionados na Justiça, ele diz que sim. Mas ressalva: “O motorista não processa porque se fizer isso não vai ser contratado de novo.”

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Fotos: Ricardo Chicarelli Luiz Aranda, autônomo, aumentou a receita em 30% após o tabelament­o do frete: “Os caminhonei­ros não querem outra greve, querem trabalhar”
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Para o caminhonei­ro Valdir Ferreira, outra conquista que beneficiou muito a categoria é a isenção de cobrança de pedágio sobre os eixos suspensos

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