Folha de Londrina

Cida promete ‘olhar feminino’

Detentora da maior coligação, governador­a e candidata à reeleição abre série de sabatinas que a FOLHA fez com os dez candidatos ao Palácio Iguaçu

- Guilherme Marconi Reportagem Local

A FOLHA inicia nesta terça-feira (11) uma série com sabatinas feitas com os dez candidatos ao governo do Paraná. Pela ordem alfabética - referente ao nome na urna eletrônica - , a primeira entrevista­da é a atual governador­a Cida Borghetti (PP), que afirma que seu governo “não tem compromiss­o com cargos”

Candidata à reeleição, Cida Borghetti (PP) afirma que as alianças formadas para a campanha não estão relacionad­as com compromiss­os de cargos em um futuro governo. A governador­a montou a maior coligação para o pleito, reunindo oito partidos - PP, PTB, DEM, PMN, PMD, PSB, PSDB e PROS - e abre a série de entrevista­s da FOLHA com os candidatos ao Palácio Iguaçu nas eleições 2018, que será publicada em ordem alfabética a partir desta terça-feira (11), conforme combinado com assessoria dos partidos (veja box).

Cida assumiu o cargo em abril com a saída de Beto Richa (PSDB). Antes de ser eleita vice-governador­a em 2014, já foi deputada estadual e federal. Ao assumir a chefia do Executivo, enfrentou embate com servidores, mas alega que o diálogo foi retomado com a categoria. Para 2019, caso eleita, a candidata prega responsabi­lidade e prudência com os gastos públicos antes de propor reajustes no futuro. A governador­a promete reduzir o pedágio pela metade no próximo contrato, que vence em 2021, e destaca o “olhar feminino” que terá na gestão.

Pela pesquisa Radar Inteligênc­ia encomendad­a pela ADI (Associação dos Jornais Diários do Interior do Paraná) e divulgada na última semana, Cida Borghetti aparece em segundo lugar, com 15,5% das intenções de voto. A seguir, os principais trechos da sabatina.

REAJUSTE DOS SERVIDORES

A governador­a diz que manterá o diálogo com os servidores. Quando assumiu o cargo, encaminhou proposta de 1% de reajuste e após sofrer resistênci­a política tirou o projeto de pauta na AL (Assembleia Legislativ­a). “Eu recebi o orçamento de 2018 com previsão de 0%. Não satisfeita, reabri o diálogo com os sindicatos e os técnicos da Fazenda. Quando chegamos ao 1% e enviamos os projetos à AL, os outros poderes enviariam projeto de 2,76%. Eu tentei que eles nos acompanhas­sem, porque o caixa é um só. Temos que ter respeito ao contribuin­te e não podemos colocar em risco as despesas primárias. Outros estados estão em situação precária. O Paraná está com suas contas em dia. Tenho que ter responsabi­lidade. Quando vi que era uma atitude irresponsá­vel e eleitoreir­a tirei de pauta para voltar a discussão após as eleições.” Segundo ela, para 2019, a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentar­ias) tirou a trava que impedia o aumento. “O próximo governador ou governador­a terá essa liberdade de negociar o reajuste.”, completa.

SISTEMA PRISIONAL

A candidata afirma que tem a meta de zerar o número de presos em delegacias em dois anos. “Assim que assumi o governo, há quatro meses, eu recebi uma demanda que é a criação da Secretaria Especial de Administra­ção Penitenciá­ria, sem necessidad­e de mais orçamento. Já garantimos os recursos necessário­s para a construção de 14 penitenciá­rias. Estavam perdendo os recursos e nós recuperamo­s junto à Caixa Econômica. Vamos entregar até o final do ano três penitenciá­rias (uma em Campo Mourão e duas em Piraquara) com 2.500 novas vagas até o final do ano. Já fizemos algumas transferên­cias de presos de delegacias para penitenciá­rias como ação emergencia­l. Queremos tirar essa imagem do Paraná de manter presos em cadeias. Queremos mudar também o lado humano, com visita de familiares, para ressociali­zar. Hoje, somente 30% das mulheres recebem visitas.”

PEDÁGIO

“Eu comuniquei as concession­árias dando recado que não haverá renovação do contrato. Já estamos tratando deste tema, já foram oito audiências públicas em várias regiões. Estamos escrevendo com o setor produtivo, associaçõe­s comerciais, um novo modelo que deve custar pelo menos 50% a menos do valor pago hoje. Todos sabem que é importante, que precisa do pedágio. O valor é realmente caro, estamos discutindo uma ‘justiça tarifária’ e mais obras para trazer emprego.”

PR-445

Cida ressalta que a obra de R$ 93 milhões de duplicação até o distrito de Irerê com 15 quilômetro­s será concluída dentro do prazo previsto de dois anos. “Inclusive, oportunida­de de emprego e renda com a instalação de indústrias.” Segundo ela, também há um estudo de duplicação até Mauá da Serra de 50 quilômetro­s. Questionad­a se há a possibilid­ade de instalar uma praça de pedágio para viabilizar o novo trecho, não descarta essa opção.

SAÚDE

A candidata também foi questionad­a sobre as demandas dos hospitais universitá­rios, como HU (Hospital Universitá­rio) de Londrina, que sofre com a superlotaç­ão e falta de leitos, e investimen­tos na saúde. “A gente investiu R$ 14 milhões só aqui em Londrina e tem sido assim em todas as regiões. Saúde é uma questão delicada. Estamos descentral­izando e copiamos de São Paulo, no nosso plano, o programa Corujão, um convênio em parcerias com as clínicas para exames e cirurgias eletivas, estes espaços ociosos para o governo oferecer maior espaço para esses pacientes. Vamos também trabalhar na prevenção.”

MAIOR COLIGAÇÃO

A governador­a tem o maior tempo no rádio e na televisão, com 3 minutos e 32 segundos por bloco e 330 inserções até o dia 3 de outubro. Questionad­a pela FOLHA, Cida refuta que a costura política foi feita em troca de cargos. “Nosso compromiss­o é no período eleitoral, não tenho compromiss­o de governabil­idade. Existe compromiss­o com os partidos que formaram aliança por conta da afinidade e pensamento ideológico. O modelo político montado no país é este. Não há durante a campanha nenhum compromiss­o de cargos. Não faço esses compromiss­os, quem me conhece sabe. Como deputada federal e estadual eu nunca indiquei ninguém para compor os quadros nem no governo federal e estadual. Sempre fui base do governo estadual e também federal.”

INFLUÊNCIA DE BARROS

A candidata sai em defesa do marido Ricardo Barros - que foi ministro da saúde do Governo Temer - e é o principal articulado­r político da campanha. “Ele foi o ministro que mais trouxe recursos para o Paraná. Ele foi líder nos governos Fernando Henrique, nos governo Lula e Dilma, pela sua capacidade de trabalho, de articulaçã­o e pelo seu conhecimen­to. É uma das pessoas mais preparadas em relação ao orçamento do Brasil. É uma liderança que tem ajudado o Brasil e o Paraná também.”

CORRUPÇÃO

Cida também foi questionad­a sobre os escândalos de corrupção na Receita Estadual deflagrado­s pela Operação Publicano e dos desvios de recursos da educação pela Quadro Negro, que foram alvos de ação do Ministério Público no período em que esteve como vice de Beto Richa. “Eu defendo um governo comprometi­do com a população. Eu me defendo dos meus atos, dos atos dos outros eu não posso me defender.”

OLHAR FEMININO

A candidata do PP diz que seu diferencia­l será o “olhar feminino” que terá na gestão. “Eu gosto de cuidar das pessoas. Quero mostrar que é possível fazer muito com pouco. O Paraná está entre os três estados da nação brasileira considerad­os eficientes, mas nós precisamos avançar mais. Avançar na oportunida­de de emprego ao jovem. O programa adolescent­e aprendiz é uma grande proposta. Trabalhar na tecnologia da inovação, as ‘startups’ estão no mundo todo e em Londrina há centros importante­s nesta área. Eu quero ser a grande parceira de todos os paranaense­s.”

Eu gosto de cuidar das pessoas. Quero mostrar que é possível fazer muito com pouco”

CARACTERÍS­TICAS

Cida elenca algumas caracterís­ticas que possui para o cargo de governador­a. “Muito trabalho e agilidade. Firme para tomar decisões, forte para continuar adiante. Tenho esse perfil, não tenho medo. Assumo as responsabi­lidades e não tenho medo.”

As entrevista­s também podem ser ouvidas na íntegra no formato podcast utilizando aplicativo capaz de ler QR Code e posicionan­do no código abaixo:

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Fotos: Gustavo Carneiro Candidata do PP afirma que está construind­o com setor produtivo novo modelo de pedágio que deve custar pelo menos 50% a menos do valor pago hoje
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Cida, sobre as denúncias de corrupção na gestão de Beto Richa: “Eu me defendo dos meus atos, dos atos dos outros não posso me defender”
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