Cida promete ‘olhar feminino’
Detentora da maior coligação, governadora e candidata à reeleição abre série de sabatinas que a FOLHA fez com os dez candidatos ao Palácio Iguaçu
A FOLHA inicia nesta terça-feira (11) uma série com sabatinas feitas com os dez candidatos ao governo do Paraná. Pela ordem alfabética - referente ao nome na urna eletrônica - , a primeira entrevistada é a atual governadora Cida Borghetti (PP), que afirma que seu governo “não tem compromisso com cargos”
Candidata à reeleição, Cida Borghetti (PP) afirma que as alianças formadas para a campanha não estão relacionadas com compromissos de cargos em um futuro governo. A governadora montou a maior coligação para o pleito, reunindo oito partidos - PP, PTB, DEM, PMN, PMD, PSB, PSDB e PROS - e abre a série de entrevistas da FOLHA com os candidatos ao Palácio Iguaçu nas eleições 2018, que será publicada em ordem alfabética a partir desta terça-feira (11), conforme combinado com assessoria dos partidos (veja box).
Cida assumiu o cargo em abril com a saída de Beto Richa (PSDB). Antes de ser eleita vice-governadora em 2014, já foi deputada estadual e federal. Ao assumir a chefia do Executivo, enfrentou embate com servidores, mas alega que o diálogo foi retomado com a categoria. Para 2019, caso eleita, a candidata prega responsabilidade e prudência com os gastos públicos antes de propor reajustes no futuro. A governadora promete reduzir o pedágio pela metade no próximo contrato, que vence em 2021, e destaca o “olhar feminino” que terá na gestão.
Pela pesquisa Radar Inteligência encomendada pela ADI (Associação dos Jornais Diários do Interior do Paraná) e divulgada na última semana, Cida Borghetti aparece em segundo lugar, com 15,5% das intenções de voto. A seguir, os principais trechos da sabatina.
REAJUSTE DOS SERVIDORES
A governadora diz que manterá o diálogo com os servidores. Quando assumiu o cargo, encaminhou proposta de 1% de reajuste e após sofrer resistência política tirou o projeto de pauta na AL (Assembleia Legislativa). “Eu recebi o orçamento de 2018 com previsão de 0%. Não satisfeita, reabri o diálogo com os sindicatos e os técnicos da Fazenda. Quando chegamos ao 1% e enviamos os projetos à AL, os outros poderes enviariam projeto de 2,76%. Eu tentei que eles nos acompanhassem, porque o caixa é um só. Temos que ter respeito ao contribuinte e não podemos colocar em risco as despesas primárias. Outros estados estão em situação precária. O Paraná está com suas contas em dia. Tenho que ter responsabilidade. Quando vi que era uma atitude irresponsável e eleitoreira tirei de pauta para voltar a discussão após as eleições.” Segundo ela, para 2019, a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentarias) tirou a trava que impedia o aumento. “O próximo governador ou governadora terá essa liberdade de negociar o reajuste.”, completa.
SISTEMA PRISIONAL
A candidata afirma que tem a meta de zerar o número de presos em delegacias em dois anos. “Assim que assumi o governo, há quatro meses, eu recebi uma demanda que é a criação da Secretaria Especial de Administração Penitenciária, sem necessidade de mais orçamento. Já garantimos os recursos necessários para a construção de 14 penitenciárias. Estavam perdendo os recursos e nós recuperamos junto à Caixa Econômica. Vamos entregar até o final do ano três penitenciárias (uma em Campo Mourão e duas em Piraquara) com 2.500 novas vagas até o final do ano. Já fizemos algumas transferências de presos de delegacias para penitenciárias como ação emergencial. Queremos tirar essa imagem do Paraná de manter presos em cadeias. Queremos mudar também o lado humano, com visita de familiares, para ressocializar. Hoje, somente 30% das mulheres recebem visitas.”
PEDÁGIO
“Eu comuniquei as concessionárias dando recado que não haverá renovação do contrato. Já estamos tratando deste tema, já foram oito audiências públicas em várias regiões. Estamos escrevendo com o setor produtivo, associações comerciais, um novo modelo que deve custar pelo menos 50% a menos do valor pago hoje. Todos sabem que é importante, que precisa do pedágio. O valor é realmente caro, estamos discutindo uma ‘justiça tarifária’ e mais obras para trazer emprego.”
PR-445
Cida ressalta que a obra de R$ 93 milhões de duplicação até o distrito de Irerê com 15 quilômetros será concluída dentro do prazo previsto de dois anos. “Inclusive, oportunidade de emprego e renda com a instalação de indústrias.” Segundo ela, também há um estudo de duplicação até Mauá da Serra de 50 quilômetros. Questionada se há a possibilidade de instalar uma praça de pedágio para viabilizar o novo trecho, não descarta essa opção.
SAÚDE
A candidata também foi questionada sobre as demandas dos hospitais universitários, como HU (Hospital Universitário) de Londrina, que sofre com a superlotação e falta de leitos, e investimentos na saúde. “A gente investiu R$ 14 milhões só aqui em Londrina e tem sido assim em todas as regiões. Saúde é uma questão delicada. Estamos descentralizando e copiamos de São Paulo, no nosso plano, o programa Corujão, um convênio em parcerias com as clínicas para exames e cirurgias eletivas, estes espaços ociosos para o governo oferecer maior espaço para esses pacientes. Vamos também trabalhar na prevenção.”
MAIOR COLIGAÇÃO
A governadora tem o maior tempo no rádio e na televisão, com 3 minutos e 32 segundos por bloco e 330 inserções até o dia 3 de outubro. Questionada pela FOLHA, Cida refuta que a costura política foi feita em troca de cargos. “Nosso compromisso é no período eleitoral, não tenho compromisso de governabilidade. Existe compromisso com os partidos que formaram aliança por conta da afinidade e pensamento ideológico. O modelo político montado no país é este. Não há durante a campanha nenhum compromisso de cargos. Não faço esses compromissos, quem me conhece sabe. Como deputada federal e estadual eu nunca indiquei ninguém para compor os quadros nem no governo federal e estadual. Sempre fui base do governo estadual e também federal.”
INFLUÊNCIA DE BARROS
A candidata sai em defesa do marido Ricardo Barros - que foi ministro da saúde do Governo Temer - e é o principal articulador político da campanha. “Ele foi o ministro que mais trouxe recursos para o Paraná. Ele foi líder nos governos Fernando Henrique, nos governo Lula e Dilma, pela sua capacidade de trabalho, de articulação e pelo seu conhecimento. É uma das pessoas mais preparadas em relação ao orçamento do Brasil. É uma liderança que tem ajudado o Brasil e o Paraná também.”
CORRUPÇÃO
Cida também foi questionada sobre os escândalos de corrupção na Receita Estadual deflagrados pela Operação Publicano e dos desvios de recursos da educação pela Quadro Negro, que foram alvos de ação do Ministério Público no período em que esteve como vice de Beto Richa. “Eu defendo um governo comprometido com a população. Eu me defendo dos meus atos, dos atos dos outros eu não posso me defender.”
OLHAR FEMININO
A candidata do PP diz que seu diferencial será o “olhar feminino” que terá na gestão. “Eu gosto de cuidar das pessoas. Quero mostrar que é possível fazer muito com pouco. O Paraná está entre os três estados da nação brasileira considerados eficientes, mas nós precisamos avançar mais. Avançar na oportunidade de emprego ao jovem. O programa adolescente aprendiz é uma grande proposta. Trabalhar na tecnologia da inovação, as ‘startups’ estão no mundo todo e em Londrina há centros importantes nesta área. Eu quero ser a grande parceira de todos os paranaenses.”
Eu gosto de cuidar das pessoas. Quero mostrar que é possível fazer muito com pouco”
CARACTERÍSTICAS
Cida elenca algumas características que possui para o cargo de governadora. “Muito trabalho e agilidade. Firme para tomar decisões, forte para continuar adiante. Tenho esse perfil, não tenho medo. Assumo as responsabilidades e não tenho medo.”
As entrevistas também podem ser ouvidas na íntegra no formato podcast utilizando aplicativo capaz de ler QR Code e posicionando no código abaixo: