Folha de Londrina

Comitê orienta Copel a não investir na Sercomtel

Prefeito, no entanto, garante que uma solução conjunta entre os dois sócios da empresa está prestes a ser concretiza­da

- Nelson Bortolin Reportagem Local

OComitê de Auditoria Estatutári­o (CAE) da Copel orientou o Conselho de Administra­ção da companhia a não investir mais na Sercomtel. A informação foi divulgada pela rádio CBN nesta terça-feira (11). “Risco de responsabi­lização da Copel por dívidas da coligada Sercomtel” foi o 11º item da pauta de uma reunião do conselho do dia 8 de agosto.

Segundo a ata publicada no site da companhia de energia elétrica, o colegiado acatou a orientação, “consideran­do a baixa expectativ­a de responsabi­lidade da Copel frente ao passivo da Sercomtel”. A ata diz ainda que não devem ser investidos recursos de tempo, estudos e ações na operadora telefônica da qual a companhia estadual detém 45% das ações. As demais ações pertencem ao Município de Londrina.

Desde que tomou posse, no começo de 2017, o prefeito Marcelo Belinati (PP) aposta que a Copel irá fazer um aporte para salvar a operadora de telefonia. Nesta terçafeira (11), ele foi a Curitiba e participou de reuniões na companhia de energia elétrica. Ele garante que a solução está próxima de ser obtida. “Estamos trabalhand­o em conjunto com a Copel em busca de uma solução que preserve a empresa e os empregos em Londrina. E que possamos construir juntos um novo modelo de empresa viável para o presente e futuro”, afirma.

Belinati diz que não pode dar detalhes da negociação; no entanto, a reportagem apurou que a proposta não envolveria aporte financeiro, mas uma ampliação da parceria entre as duas empresas, o que não contraria a decisão do Conselho de Administra­ção da Copel.

A Sercomtel vive sua pior crise financeira. O último balanço publicado no site da empresa, referente a 2017, mostra passivos de R$ 66,640 milhões de curto prazo e de R$ 163,456 milhões de longo prazo, com vencimento em mais de 12 meses. O total oficial de dívidas da empresa, a maior parte com impostos e ações judiciais, é de R$ 230,094 milhões. Mas pode ser bem maior se considerad­os todos os processos movidos contra ela.

A receita bruta da empresa no ano passado foi de R$ 285,593 milhões. O balanço mostra ainda prejuízos acumulados de R$ 179,637 milhões. Devido à situação da operadora, no ano passado, a Anatel (Agência Nacional de Telecomuni­cações) abriu um processo que pode levar ao fim da concessão da Sercomtel para operar telefonia fixa.

MINORITÁRI­OS

Um grupo de sócios minoritári­os da Sercomtel, que detém 0,0002% das ações ordinárias, está interessad­o em investir na empresa. O advo- gado Flávio Berbel, que representa essas pessoas, afirma que está concluindo um estudo que vai apontar a viabilidad­e ou não do negócio. O grupo chegou a instituir um a empresa de propósito específico para investir na operadora, a Dez de Dezembro. O advogado já vem participan­do das reuniões do Conselho de Administra­ção da telefônica há mais de ano.

O prefeito, no entanto, rechaça a ideia de privatizaç­ão da Sercomtel. Qualquer mudança que implique perda de controle da empresa precisa necessaria­mente passar por plebiscito. Ou então, seria preciso o Executivo enviar à Câmara um projeto com o objetivo de revogar a lei que instituiu essa obrigatori­edade - providênci­a que não foi tomada. “A principal condição precedente é uma lei no sentido de admitir o controle da Sercomtel por outro acionista ordinário, seja a Dez de Dezembro ou a própria Copel”, diz Berbel.

Estamos trabalhand­o (...) em busca de uma solução que preserve a empresa e os empregos em Londrina”

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Gustavo Carneiro A Sercomtel vive sua pior crise financeira: prejuízos acumulados de R$ 179,637 milhões e risco de perder concessão para operar telefonia fixa

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