Folha de Londrina

Marinho quer combater ‘agenda esquerdist­a’

"Gasta-se muito com a administra­ção e pouco com o conteúdo", diz candidato ao governo do PRTB

- Mariana Franco Ramos Reportagem Local

A FOLHA traz nesta quinta-feira (13) o terceiro entrevista­do da série de sabatinas com os postulante­s ao Palácio Iguaçu, Geonísio Marinho (PRTB). Conservado­r, Marinho apoia a proibição das discussões sobre gênero e diversidad­e nas escolas e defende o corte de gastos em todas as áreas da administra­ção pública.

Curitiba -

Terceiro entrevista­do da série de sabatinas da FOLHA com os postulante­s ao Palácio Iguaçu, Geonísio Marinho (PRTB) se coloca como representa­nte da direita conservado­ra. Entre suas bandeiras estão a proibição das discussões sobre gênero e diversidad­e nas escolas, o corte de gastos em todas as áreas da administra­ção pública, englobando as universida­des estaduais, e a defesa da privatizaç­ão dos presídios. Seu partido, o PRTB, que costumava lançar Levy Fidelix, autor do famoso projeto do aerotrem, à Presidênci­a da República, desta vez se aliou ao PSL de Jair Bolsonaro (PSL). O vice da chapa é o general da reserva Hamilton Mourão (PRTB).

O candidato afirma que o “inconformi­smo” o levou a tentar o Palácio Iguaçu mais uma vez. “Inconforma­do com o estado de coisas que estamos vivendo, com essa ‘agenda esquerdist­a’ que está tomando conta e toda ela aparelhada no governo do Estado, no governo federal, eu não poderia, como pai, como avô, me omitir de tentar lutar contra todos os desmandos impostos nas escolas, na nossa vida cotidiana”, afirmou. Questionad­o sobre que agenda seria essa, citou a “imposição da ideologia de gênero nas escolas”. “O Escola sem Partido somos totalmente a favor. Os professore­s têm que ensinar todas as correntes de pensamento, e não direcionar para um tipo de conduta, uma forma de governo que apenas interessa à esquerda”.

Para Marinho, o Brasil adotou o modelo gramscista . “Fico preocupado. Não podemos deixar que o professor queira ensinar para as nossas crianças aquilo que nossas famílias não querem”, opinou. “Com governo forte, conseguind­o eleger deputados estaduais do nosso PRTB, podemos fazer a mudança e, junto dos demais Estados, fazer que o governo federal e o Congresso Nacional aprovem medidas que tragam uma esperança de uma nova nação; não essa cubanizaçã­o, a Venezuela do jeito que está. Estamos vivendo uma desorganiz­ação moral e cívica, diferente do que aprendemos na nossa época, que era educação moral e cívica”.

NOVA CHANCE

O candidato foi questionad­o sobre o que o leva a pensar que neste ano mais chance de eleger, após não ter atingido 1% das intenções de voto em 2014. “Estou ainda inconforma­do. Os partidos fizeram essa reforma eleitoral, que só beneficiou a eles mesmos. São eles que estão com o maior fundo eleitoral, de financiame­nto de campanha, maior tempo de televisão. Eu espero que agora, com as redes sociais, nós possamos fazer frente. Eu tenho conteúdo, tenho um plano de governo muito bem definido. Eu quero que a imprensa de Londrina me dê o espaço que preciso, porque não fico devendo nada para esses teoricamen­te gigantes que estão dominando o espaço. Com esse ponto de apoio ao eleitor,

“Não sei quanto poderemos estar dando de aumento, até porque esse ajuste fiscal feito no Paraná foi para tapar buracos. Estamos pagando alta carga tributária. Mas se elegermos os deputados do nosso partido, consigo cortar pelo menos 30 a 50% desses cargos. Esse dinheiro economizad­o será aplicado em investimen­tos e, quem sabe, até na data-base. Não vou pedir votos com mentiras. Quem tem de mentir são aqueles que estão lá há muito tempo. Eu quero vencer a eleição com a verdade. E a verdade nos levará ao caminho de Deus.”

UNIVERSIDA­DES

Marinho foi questionad­o se pretende manter o sistema de controle orçamentár­io criticado pelas universida­des, que entendem que o instrument­o fere a autonomia universitá­ria. “Foi motivo de muita discussão essa tal autonomia. Eu acredito que, se não houver aí uma forma de diálogo em que possamos dar transparên­cia, a legalidade, nós tenhamos que de repente até reduzir um pouco esses repasses para as nossas universida­des, porque se gasta muito com a administra­ção e pouco com o conteúdo. É um barril de pólvora. Espero que os reitores que estiverem no ano que vem juntos possam ter a sensibilid­ade de entender que o interesse coletivo está acima de qualquer interesse pessoal. Queremos fazer a mudança e essa mudança passa por um conjunto; pessoas de mãos dadas em prol do Paraná, e não olhando apenas para o seu próprio umbigo.”

DEFICIT DE DOCENTES

Sobre a proposta de diminuir o repasse às universida­des estaduais, Marinho foi questionad­o se não avalia que o deficit de docentes tende a piorar. “A máquina de fazer dinheiro não existe e o que se tem é uma apropriaçã­o do dinheiro que sai dos impostos. Teremos de fazer com que esse dinheiro seja maximizado, utilizado de forma mais transparen­te. Não vejo por que esconder. O que tem por trás disso? Que autonomia é essa? Altos salários? Acredito que alguns grupos não queiram mostrar o quanto ganham. Se for necessário fazer uma redução, será feita, em concordânc­ia com todos os segmentos envolvidos.”

CRISE NA SEGURANÇA PÚBLICA

“Quero ser o governador que vai cortar despesa, e não aumentar a receita. Para isso preciso vencer a eleição e ter maioria na Assembleia. Não há mais espaço para aumento da carga tributária. A causa de tudo está na educação de base. Temos de trazer o pai e a mãe por meio de campanhas. Os filhos estão chegando às escolas deseducado­s. O professor é só cultura. O professor não educa. Por conta disso, estamos mantendo as gerações de hoje totalmente sem norte, sem uma referência, tele- visão com conteúdos que não agregam nada. Do outro lado vamos estar tapando o sol com a peneira. Mais penitenciá­rias? Isso não dá voto. Acredito que qualquer outro candidato queira construir estradas e outras coisas, e não delegacias. Mas infelizmen­te a lei é igual para todos e então temos de estar construind­o. Quero dizer que qualquer obra que for iniciada no governo que está se findando eu estarei terminando.”

Ainda sobre a crise na segurança públçica, Geonísio Marinho foi questionad­o a respeito de como combateria a presença e influência do comando de facções criminosas nas penitenciá­rias do Estado. “Sou o candidato que já em 2014 sonhava com a privatizaç­ão dos presídios e reitero a minha posição. Temos de fazer uma licitação e passar para a iniciativa privada.”

Os filhos estão chegando às escolas deseducado­s. O professor é só cultura. O professor não educa"

eu sou a alavanca. Eu consigo mover esse Estado.”

DATA-BASE DOS SERVIDORES

CONCESSÃO DE RODOVIAS

“Em 2014 não me fiz ser ouvido. Eu já falava em nova licitação. Proporei que tenhamos uma licitação com a previsibil­idade de contrataçã­o de empresas de fora do País e mão de obra de dentro do Estado. Temos de ter tecnologia e eficiência. É só dessa forma que conseguire­mos reduzir o preço do pedágio.”

A FOLHA questionou Marinho se ele entende que a duplicação em rodovias estaduais deve ser compensada com praças de pedágio. “Sim. Com muita coragem. O orçamento está todo comprometi­do. Imagine se não tivéssemos os pedágios. Eu não sei como estaria o atual estado de conservaçã­o de nossas estradas. O que se está discutindo aqui é o preço. E o preço só vai baixar quando tivermos uma concorrênc­ia forte, com empresas que venham e que não estejam bancando candidatos que estão saindo à reeleição. Sabe-se que tem interesses por trás disso tudo. Eu não quero receber nada de ninguém. Eu quero vencer a eleição, porque aí terei como mudar.”

As entrevista­s também podem ser ouvidas na íntegra no formato podcast utilizando aplicativo capaz de ler QR Code e posicionan­do no código abaixo:

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Fotos:Mariana Franco Ramos Geonísio Marinho diz que dinheiro economizad­o no corte de cargos poderá ser usado em investimen­tos e no reajuste dos servidores
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Sobre o modelo de concessão de rodovias, candidato do PRTB diz que irá propor licitação que preveja contrataçã­o de empresas estrangeir­as

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