Folha de Londrina

STJ nega habeas corpus a Beto e Fernanda Richa

Ex-governador e a esposa estão presos em Curitiba e prestam depoimento nesta sexta-feira (14) ao Gaeco

- Mariana Franco Ramos Reportagem Local politica@folhadelon­drina.com.br

O STJ rejeitou, no início da noite de quinta-feira (13), o pedido de habeas corpus da defesa de Beto e Fernanda Richa. O casal deve prestar depoimento na manhã desta sexta. Em Londrina, Luiz Abi Antoun negou envolvimen­to no suposto esquema.

Curitiba - A ministra Laurita Vaz, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), rejeitou no início da noite dessa quinta-feira (13) pedido de habeas corpus da defesa do ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB) e de sua esposa, a ex-secretária de Estado da Família e Desenvolvi­mento Social Fernanda Richa (PSDB). O casal foi preso pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), braço do MP (Ministério Público) Estadual, na última terça-feira (11), quando foi desencadea­da a Operação Radiopatru­lha.

O pedido de soltura já tinha sido negado pelo desembarga­dor Laertes Ferreira Gomes, da 2ª Câmara Criminal do TJ (Tribunal de Justiça). “Consideran­do que em sede de cognição sumária não restou configurad­o, de plano, o alegado constrangi­mento ilegal, indefiro a liminar pleiteada”, escreveu o magistrado, na deci- são. Os advogados do tucano recorreram então ao STJ, que se manifestou ontem. A prisão temporária é válida por cinco dias. Ou seja, pode ser prorrogada por mais cinco ou convertida em preventiva a partir desse sábado (15).

Beto e Fernanda devem prestar depoimento na manhã de sexta-feira (14), na sede do Gaeco. “Estamos prosseguin­do com a chamada instrução. Hoje ouvimos uma pessoa que não é investigad­a, como declarante, da família Richa, e à tarde completamo­s a ouvida dos investigad­os, entre eles o Celso Frare , o Aldair Petry , o Dirceu Pupo , o Ezequias e o Pepe Richa . Amanhã deveremos ouvir os demais, dentre os quais o ex-governador e a ex-primeira dama”, contou o coordenado­r estadual do Gaeco, Leonir Batisti.

Segundo ele, o ex-secretário de Assuntos Estratégic­os Edson Casagrande se entregou no fim da tarde de ontem. “Estamos buscando a implantaçã­o dele no sistema para posteriorm­ente promover a ouvida, além de outras medidas”, comentou. Com isso, o empresário Joel Malucelli passou a ser o único da lista de 15 investigad­os ainda não encontrado pelas autoridade­s. Conforme a assessoria de imprensa do MP, Malucelli informou que planejava voltar de viagem no dia 24 de setembro, mas que poderia antecipar o retorno. Por enquanto, ele é considerad­o foragido. Todos os envolvidos negam as acusações.

INSTALAÇÕE­S

Até o fechamento desta edição, Beto e Fernanda Richa seguiam no Regimento da Polícia Montada, no bairro Tarumã, também na capital paranaense. Além deles, José Richa Filho, o Pepe, que foi secretário de Estado da Infraestru­tura e Logística, foi levado para a unidade. De acordo com a Sesp (Secretaria de Estado da Segurança Pública), o irmão do ex-governador deixou o Complexo Médico Penal, em Pinhais, na região metropolit­ana, por volta das 20h30 de quarta-feira (12). A pasta não soube informar o motivo da transferên­cia.

Procurada pela FOLHA, a PM (Polícia Militar) não passou qualquer informação sobre as instalaçõe­s do Regimento, chamado popularmen­te de Cavalaria, nem tampouco sobre tipo de alimentaçã­o, tratamento e os locais onde os suspeitos estariam dormindo. Em nota, disse que apenas cede o espaço aos investigad­os, também por determinaç­ão da Justiça. Os demais detidos na Operação foram para a carceragem de Pinhais, conhecida por abrigar réus da Lava Jato, como o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari.

A investigaç­ão do Gaeco apura fraudes e pagamentos de propina a agentes políticos por intermédio do Programa Patrulha Rural, executado durante a primeira gestão de Beto Richa. Como o caso está sob sigilo, Leonir Batisti alega que não pode detalhar as suspeitas que recaem sob cada um dos citados. A ação foi deflagrada no mesmo dia em que a Lava Jato lançou a Operação Piloto, resultado de apurações sobre ilegalidad­es nas obras da PR323. Neste caso, só houve determinaç­ão de buscas e apreensões na casa do ex-governador. “Piloto” era o codinome atribuído a Richa na planilha de propinas do Setor de Operações Estruturad­as da Odebrecht.

Ex-secretário Edson Casagrande se apresentou ontem; Joel Malucelli é agora o único foragido

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