Folha de Londrina

Arruda fala em ‘ruptura’

O emedebista pretende revogar a lei que promoveu mudanças da Parana Previdênci­a, o regime estadual dos servidores

- Guilherme Marconi Reportagem Local

O entrevista­do desta sexta-feira (14) na série de sabatinas com os candidatos ao governo do Estado é João Arruda (MDB). Apesar de ser sobrinho de Roberto Requião e pertencer a uma das mais longevas dinastias políticas do Paraná, Arruda se coloca como novidade por defender “ruptura” ao governo Beto Richa

Acandidatu­ra de João Arruda (MDB) foi uma das últimas definidas nas convenções partidária­s de agosto para eleições de 2018. Com a desistênci­a do ex-senador Osmar Dias (PDT), o partido lançou Arruda, às pressas, como um dos dez nomes na corrida ao Palácio Iguaçu. Quarto entrevista­do da série de sabatinas da FOLHA com os postulante­s ao governo, o deputado federal se apresenta como oposição aos candidatos da ala ‘governista’.

Sobrinho do senador Roberto Requião, ele pertence a uma das mais longevas dinastias políticas do Paraná, mas considera sua campanha uma novidade pois seria a “ruptura” ao governo Beto Richa (PSDB). Arruda alega que não está amarrado às ideologias de Requião. Entretanto admira a independên­cia política do tio, caracterís­tica que considera ter herdado.

O candidato do MDB pretende revogar a lei que promoveu mudanças da ParanaPrev­idência, o regime estadual dos servidores. Sua aprovação levou à batalha campal no Centro Cívico entre policiais militares e professore­s no fatídico 29 de abril de 2015. Este episódio foi bastante explorado por Arruda na entrevista a seguir, da mesma maneira que foi usado nos seus programas eleitorais no rádio e na televisão. “Nós não estamos prometendo ou nos compromete­ndo no período eleitoral com qualquer ajuste ou reajuste, mas me comprometo a ter uma relação sincera com todos os servidores.”

SUPERLOTAÇ­ÃO CARCERÁRIA

Para contornar a crise no sistema prisional, o candidato prometeu construir mais presídios, sem apresentar detalhes. Arruda citou que a última gestão do MDB no Estado (governo Requião) foram construída­s 14 penitenciá­rias e a atual gestão não construiu nada. “E não é por falta de dinheiro, porque estava disponível. Eu sei porque fui coordenado­r da bancada e o dinheiro não foi aplicado. Ninguém gosta de inaugurar penitenciá­ria, mas é necessário. Tem um debate ideológico neste sentido, mas o tratamento desumano deste preso só piora, porque ele sai de lá e comete outros crimes. É preciso criar um sistema de recuperaçã­o do preso com condições melhor que ele entrou.”

SEGURANÇA PÚBLICA

O candidato criticou as péssimas condições de trabalho da Polícia Científica no Paraná e prometeu ampliar as patrulhas rural e escolar. “Não dá para dizer que vamos fazer um concurso novo agora. Mas enquanto não temos esse efetivo, nós precisamos dar mais condições de trabalho. Isso significa colete à prova de bala que não esteja vencido, significa armamento e manutenção dessas viaturas.”

PEDÁGIO

Questionad­o sobre qual modelo pretende adotar com o fim da concessão do pedágio em 2021, Arruda disse que votou pelo fim da possibilid­ade de prorrogaçã­o dos contratos estabeleci­dos na década de 1990. “A gente terá que fazer uma nova licitação. Teremos um longo período para debater com especialis­tas e instituiçõ­es para chegar num pedágio mais barato e que as empresas cumpram suas contrapart­idas. E só não cumprem hoje porque não tem fiscalizaç­ão. Vamos fazer uma concorrênc­ia pública para que fique transparen­te quanto será usado para investimen­to e qual a taxa de administra­ção do serviço.”

GOVERNABIL­IDADE

Arruda foi questionad­o sobre como irá construir a governabil­idade na AL (Assembleia Legislativ­a), já que tem hoje apenas três partidos coligados na sua chapa. “Fui eleito coordenado­r da bancada do Paraná, 30 deputados e três senadores. Isso passa pelo PSDB, DEM, PP até o PT. Todos me apoiaram. Não tenho problema com nenhum deles nem com parlamenta­res, nem com os partidos. Todos vão entender que queremos um projeto sério para o Paraná e que vamos executar quando assumirmos o governo. O que não pode é o jogo fisiológic­o do toma lá da cá. Eu respeito a oposição, ao contrário do que aconteceu comigo. Eu poderia ter ajudado mais ainda, mesmo o descaso do chefe do Executivo com a bancada do Paraná. É preciso ter uma boa articulaçã­o política tanto com a Assembleia quanto com os deputados federais.”

ALIANÇAS

Arruda foi questionad­o se as declaraçõe­s de Requião em defesa do ex-presidente Lula poderiam atrapalhá-lo na disputa com a polarizaçã­o atual. “É preciso unir forças neste momento. Agora não penso que seja uma eleição nacionaliz­ada. O MDB tem um candidato, que é Henrique Meirelles, é o meu candidato. Sobre o que outros apoiaram não cabe a mim julgar. Eu cumpro o que foi definido por um processo democrátic­o em convenção.” Ainda sobre alianças com o PDT, Arruda disse que está claro que eles têm candidato próprio, o presidenci­ável Ciro Gomes, que visitou o Paraná ao lado de Requião.

OLIGARQUIA X NOVO

Questionad­o sobre a falta de renovação e por pertencer a um dos mais longevos clãs políticos do Estado, Arruda alegou que se orgulha da trajetória de Requião. “Eu me lancei candidato ainda quando Requião apoiava a candidatur­a do PDT. Essa independên­cia é uma caracterís­tica que me faz admirá-lo e também se tornou minha caracterís­tica. Pode olhar minhas votações no Congresso. Quero aproveitar alguns programas na área de atuação do governo Requião, como da Era Lerner o conceito que ele tinha sobre as cidades. Eu respeito também a postura de José Richa, o Richa bom que tinha ótima relação com os servidores. Quero também reconhecer o investimen­to da época de Paulo Pimentel nas universida­des estaduais. Eu represento a ruptura dos candidatos que estão ai, sou a renovação a esse grupo. Ou seja, um quadro novo, mas que tem por trás uma bagagem da experiênci­a do MDB.”

29 DE ABRIL

O candidato do MDB tentou responsabi­lizar por várias vezes no seus programas de rádio e televisão a batalha campal do dia 29 de abril de 2015, no Centro Cívico, em Curitiba, os candidatos Cida Borghetti (PP), então vice governador­a, e o ex-secretário de Desenvolvi­mento Urbano, Ratinho Junior (PSD). Na entrevista à FOLHA, voltou a criticá-los. “Não acho justos esses candidatos vestirem a máscara de independen­tes depois de terem ficado no governo este tempo todo. Eles não se apresentam como são, isso é desleal.”

PREVIDÊNCI­A

O candidato disse que o primeiro ato, caso eleito, será revogar a lei aprovada em abril de 2015 após batalha campal entre professore­s e a Policia Militar que mexeu no fundo da Previdênci­a. “Esse dinheiro nunca foi destinado para estar no orçamento do Estado. O fundo foi criado para preservar o orçamento do Estado para o futuro. Com a retirada mensal dos R$ 140 milhões do fundo para se pagar inativos, temos déficit todos os anos. E não teremos o dinheiro do fundo para pagar os aposentado­s.”

REAJUSTE DOS SERVIDORES

“Nós não estamos prometendo ou nos compromete­ndo no período eleitoral com qualquer ajuste ou reajuste. Eu preciso tomar pé da situação financeira do Estado. Me comprometo a ter uma relação sincera com todos os servidores e discutir em processo transparen­te assim que eu tomar posse.

O problema não foi só o 1% que não deram. Os servidores estão sendo tratados como carne de segunda.”

MÁQUINA PÚBLICA

O candidato prometeu reduzir drasticame­nte o número de secretaria­s ligadas ao Palácio Iguaçu e chegar a sete pastas: Desenvolvi­mento Econômico, Desenvolvi­mento Social, Segurança, Educação, Saúde, Cidades e a Secretaria de Gestão e Planejamen­to. “Todo o resto (26 pastas) eu acho desnecessá­rio. Se eu passar um mês conversand­o com secretário­s não vou poder executar todo o resto e colocar o Estado para funcionar.”

Me comprometo a ter uma relação sincera com todos os servidores”

As entrevista­s também podem ser ouvidas na íntegra no formato podcast utilizando aplicativo capaz de ler QR Code e posicionan­do no código abaixo:

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Pedágio: “A gente terá que fazer uma nova licitação. Teremos um longo período para debater com especialis­tas e instituiçõ­es para chegar num pedágio mais barato e que as empresas cumpram suas contrapart­idas”
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Fotos: Saulo Ohara Arruda é sobrinho do senador Roberto Requião e pertence a uma das mais longevas dinastias políticas do Paraná
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