Deputados comentam prisão
Curitiba - O presidente da AL (Assembleia Legislativa) do Paraná e vice-presidente do PSDB no Estado, Ademar Traiano (PSDB), afirmou nessa quinta-feira (13) que, a princípio, a candidatura ao Senado do ex-governador Beto Richa (PSDB), preso durante a Operação Radiopatrulha, está mantida. Rumores sobre uma possível desistência do tucano na disputa começaram a pipocar após a governadora Cida Borghetti (PP), que concorre à reeleição, admitir não se sentir mais “confortável” em continuar apoiando seu antecessor.
Em entrevista ao telejornal Meio-Dia Paraná, da RPC, afiliada da Rede Globo, na última quarta-feira (12), a pepista falou que até mesmo já pediu providências ao Partido Progressista sobre como proceder para retirar Richa da aliança encabeça por ela. “Eu acredito que o partido e a nossa coligação vão tomar uma atitude. Não houve manifestação, mas eu estou pedindo. Particularmente, eu entendo que não é possível manter o apoio; não é confortável para nenhum dos lados”, comentou.
“Não tenho como dar nenhuma informação, porque não tenho contato com ninguém numa situação dessas. Tenho que aguardar a posição do próprio . A princípio está mantida sim “, disse Traiano. Questionado pela FOLHA sobre como recebeu a notícia das prisões de Richa e alguns de seus principais aliados, ele respondeu que prefere acreditar na inocência de todos. “Agora, a responsabilidade é de cada um. Não posso fazer juízo de valor nesse momento”, completou.
Além de PP e PSDB, fazem parte da coligação “Paraná Decide” as siglas PTB, DEM, PMN, PMB, PSB e PROS. A assessoria de imprensa de Cida informou à reportagem que o assunto está sendo tratado internamente pelo conjunto de partidos. Em mensagem encaminhada pela sua equipe jurídica, Richa afirmou que enfrenta com serenidade e confiança as acusações. “Sou um homem público há mais de duas décadas, com a mesma honradez. Tenho a consciência em paz e sei que, no devido tempo, a verdade sempre se impõe”.
REPERCUSSÃO
Membros das bancadas governista, independente e de oposição na Assembleia repercutiram os desdobramentos da investigação do Gaeco. Tercílio Turini (PPS) afirmou que considera a prisão de Richa um episódio “lamentável”. Ele ratificou que não fazia mais parte da base do governo, por não concordar com a forma pela qual algumas questões pontuais estavam sendo conduzidas. Por conta de inúmeras denúncias, houve tentativas de abrir uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito). Mesmo assim, Turini disse que a prisão foi uma surpresa. “É lamentável que uma liderança igual ao Beto seja presa por questões de denúncia de corrupção”.
Cobra Repórter (PSD), que é da situação, considerou o ocorrido “profundamente lamentável” para o Paraná e afirmou que todos os fatos devem ser apurados. “Se ficar comprovado , essas pessoas têm que pagar. O momento é de reciclagem, para ver realmente quem são os bons e quem são os ruins”. Cobra também comentou que ficou sabendo de uma investigação em curso sobre o Patrulha Rural,”mas não de forma profunda”, e que, independentemente da proximidade das eleições, todos os fatos devem ser esclarecidos.
Vice-líder da oposição, Requião Filho (MDB) definiu a prisão como a “crônica de uma morte anunciada”. “Ele teve seu nome citado em inúmeras delações. Era apenas uma questão de tempo até que a casa caísse. Bastou um juiz sério, sem ligações políticas, botar a mão no caso para o mandado de prisão ser expedido”. O emedebista afirmou ainda que a oposição vinha denunciando a Patrulha do Campo há tempos. “Eram tantas que não estava no radar da imprensa, mas era algo em que nós já estávamos batendo faz tempo”.
A reportagem também tentou contato com o deputado Tiago Amaral (PSB), que não atendeu às ligações. Na semana passada, Amaral foi citado na delação premiada do ex-executivo da Odebrecht Benedicto Junior como um dos supostos beneficiários de doações ilegais de campanha.