Manifestantes do Eli Vive desocupam pátio da prefeitura
Acordos firmados em reunião com prefeito, secretários e representantes do Estado motivaram grupo a deixar o espaço
Os moradores do assentamento Eli Vive desocuparam o prédio da prefeitura no início da tarde de quinta-feira (13). A decisão de deixar o prédio foi deliberada em assembleia realizada pelos manifestantes por volta das 12h30, depois de reunião realizada com o prefeito Marcelo Belinati (PP), os secretários municipais de Agricultura, Educação, Obras, Saúde, e representantes do Governo do Paraná. Eles ocuparam o pátio da Prefeitura de Londrina na quarta-feira (12), quando apresentaram uma pauta de reivindicações de melhorias na educação, na saúde e nas estradas.
O diretor estadual do MST, Jauri Dias, ressaltou que a reunião na manhã desta quinta-feira (13) com o prefeito e secretários foi satisfatória. “Nossa pauta foi atendida no que era possível realizar imediatamente. A gente teve o entendimento de que as coisas mais complexas não dependiam só da prefeitura. Conseguimos adiantar a negociação sobre as questões relacionadas ao Estado. Vamos para Curitiba na terçafeira (18) nos reunir com o Incra. O prefeito se dispôs a ajudar no que estivesse ao alcance dele e será preciso buscar recursos com alguns órgãos responsáveis. Na Educação a planta da escola já está pronta e foi protocolada no Ministério da Educação para conseguir os recursos e acho que até meados de 2019 deve começar a construção”, destacou.
O chefe de gabinete do prefeito, Marcos Urbaneja, ressaltou que a mais grave entre todas as pautas apresentadas pelo movimento é a falta de estradas rurais transitáveis. “O Incra disponibilizou para Londrina uma verba de R$ 3 milhões para o moledamento das estradas rurais, de um convênio assinado em 2014, mas seria necessária a construção de 107 km de estradas para atender o assentamento Eli Vive 1 e 2 e isso exigiria um valor estimado em R$ 11 milhões para ser executado”, destacou Urbaneja. Ele ressaltou que o prefeito se comprometeu a fazer gestão junto ao Incra, com apoio do Estado, para conseguir o restante dos recursos para a realização dessas intervenções importantes para melhorar trafegabilidade dentro do assentamento.
“Com os R$ 3 milhões a prefeitura conseguiria fazer no máximo 30 km de estradas, considerando que as estradas rurais possuem cálculo diferente de pavimentação. Isso seria feito só com moledo e precisaríamos abrir em alguns acessos para chegar às vias principais. Os moradores do Eli Vive possuem uma produção significativa de leite e de produtos da agricultura familiar e o escoamento fica prejudicado diante de eventos climáticos como a chuva”, destacou.
Sobre o pedido de construção de uma UBS (Unidade Básica de Saúde Saúde) no assentamento, Urbaneja destacou que não é possível no momento. “Não temos recursos para construir. Chegamos em um consenso de que a prefeitura reformaria a UBS de Lerroville e realizaria mutirões de saúde uma vez por mês. A Secretaria de Saúde levaria clínico geral, pediatra, ginecologia e técnicos de enfermagem ao assentamento para fazer atendimento dos moradores. Os moradores que estavam na reunião concordaram com a proposta”, destacou.
Em relação à pauta educacional, o chefe de gabinete apontou que foi o tema em que mais houve avanço. “A secretaria tem o terreno que o Incra repassou para construir uma escola de ensino fundamental. O prefeito Marcelo Belinati está agendando visita ao ministro da Educação para solicitar recursos para a essa escola, cujo projeto já está pronto e está avaliado em cerca de R$ 1,9 milhão. Sobre a escola de ensino médio, Urbaneja ressaltou que o coordenador do Núcleo Regional de Governo em Londrina, Adenauer Seressuela, participou da reunião e pode viabilizar a obra. “Um técnico visitará o assentamento em 10 dias para fazer o estudo para a construção da escola. O valor da obra deve ficar orçado em pouco mais de R$ 2 milhões”, destacou.
O Secretário Municipal de Obras, João Verçosa, destacou o serviço de moledamento das estradas já está contratado a um custo de R$ 300 mil, e deve ser finalizado em breve. Para Verçosa, a reunião em Curitiba servirá para se chegar a um denominador comum para o traçado das estradas, de forma que ele se enquadre às exigências técnicas para a finalização do projeto. “Sem esse projeto definido não temos como fazer o orçamento para quantificar o custo da obra”, destacou. “Por ser projeto do Incra acreditamos que o governo federal tenha que dar suporte técnico e financeiro para o assentamento.” Ele ressaltou que não há como definir prazo para concluir a obra.